Cheguei aqui.
Depois de dois dias de muita correria, stress, malas para fazer, enfim cheguei em Angola. Acordamos na segunda-feira às 5:20 da manhã, pegamos as malas e com mais ou menos 10 malas que pesavam aproximadamente 240 kg. Chegamos as 11:30 em São Paulo, fizemos o check in e fomos para sala de embarque. Aquilo para nós parecia um sonho. Nós sempre dizíamos que só acreditaríamos que estávamos indo para Angola quando estivéssemos dentro do avião. E agora isso era realidade. Três brasileiros e missionários a espera do vôo que nos levaria a tão sonhada terra. Para mim angola já começou dentro do avião. A política da empresa aérea angola é bem diferente das brasileiras. Para começar que após despacharmos as nossas malas ficamos com 2 violões, 4 sacos com fantoches, 3 mochilas e dois travesseiros. Não podíamos despachar isso embaixo senão pagaríamos 200 dólares a mais, valor que não tínhamos. Na verdade não tínhamos dinheiro mais para nada. Até o valor que tínhamos que levar foi um milagre quando a atendente da agencia me ligou dizendo que tinha sobrado um valor das nossas passagens. Esse valor dividido foi o suficiente para trazermos para cá. Ao entrarmos no avião, estávamos bem temerosos com medo de não entrarmos pelo volume que levávamos. Entramos. Ninguém falou nada.
No avião foi outra história. A maioria das comissárias de bordo tinha idade para ser minha avó. Algumas chegavam a ser ignorantes no tratamento dos passageiros. Enfrentaríamos oito horas de vôo. Vimos filme, conversamos, ficamos em pé no avião, comemos, tudo para fazer a hora passar. Eu decidi fazer um teste e tomar um dramim, um remédio para enjôo que dá sono. Eu tomei e nada aconteceu. Depois de 40 minutos eu não conseguia sequer abri os meus olhos eu parecia um paciente dopado. Até para sair do avião mesmo em pé, André e a Jessica tiveram que gritar comigo, já que todo mundo tinha descido do avião e eu ainda estava em pé olhando para o nada.
Ao descermos do avião, antes de pisar de fato no chão de Angola. Eu segurei na mão da Jessica e falei: “Senhor, que os nossos pés estejam a benção de Josué quando o Senhor fala para ele que aonde pisar a planta dos pés o senhor estaria nos dando como posse.”. Eu acredito que Deus me trouxe para cá para fazer a diferença nesse lugar e eu queria que o meu primeiro passe fosse declarando através da palavra que a minha vinda aqui será para fazer a diferença.
Após passar por todo o processo burocrático da alfândega chegamos ao aeroporto de Luanda. Eu pensava que era um grande complexo com diversos aviões e pessoas andando de um lado para o outro, porém para minha surpresa era um aeroporto bem pequeno. Ao chegarmos nos deparamos com muitas placas de empresas, mas nenhumas delas continha o nosso nome. Assim, entendemos que os missionários que estariam lá para nos buscar não haviam comparecido. Isso devia ser por volta das 4:30 de Angola (sabendo-se que a diferença de fuso horário é de 4 horas). Nós três colocamos as nossas malas em um canto e ficamos esperando. A espera já estava nos deixando nervoso. Um país desconhecido, onde éramos desconhecidos por todos. Para relaxar a Jessica decidiu fazer um show particular com os fantoches que levamos. Muitos Angolanos viam e começavam a ri. Só às 7:30 da manhã o missionário chegou. Colocamos todas as malas no carro. O trânsito era uma coisa de louco. Uma pista que era para dois carros, andavam três, quatro. Vimos um carro encontrar em uma moto, onde o piloto quase caiu. Para mim ali começaria uma confusão e para minha surpresa ele se levantou e começou a ri com o motorista de carro como se aquilo fosse uma piada muito engraçada.
Com fome e cansados fomos direto para um ponto aonde saiam todos os ônibus para as outras cidades. A poeira tomava conta daquele lugar, vendendores ambulantes gritando oferecendo as suas muambas. Compramos as passagens, despachamos todas as nossas malas, nos despedimos dos missionários que vieram nos trazer e logo subimos para o ônibus. A mim me pareceu que todo o país entrou naquele ônibus. Eram pessoas com roupas diferentes, mães que carregavam os seus filhos em um pedaço de pano nas costas. Essa cena fez com que eu acordasse e visse que eu estava em um outro país, do outro lado do oceano, numa cultura completamente diferente. Uma criança que estava na nossa frente tinha a sua cabeça coberta por feridas. No calor insuportável sentamos e logo vi a cara da Jessica. Acho que ela queria chorar, talvez estivesse perguntando para si mesma o que estava fazendo ali. Os seus olhos fugiam para a realidade que estava bem na nossa frente. O calor era insuportável, o banco não reclinava. Mas nesses momentos em que estávamos vivendo esse choque no momento veio a minha mente: “ O meu Jesus caminharia por aqui”. Aquilo se traduziu em alegria para mim. Fazer e cumprir uma missão que Deus colocou na minha vida. Nesse momento minha visão mudou. Eu comecei a ver cor no que estava preto-e-branco. Eu vi uma mãe que estava na minha frente com roupas típicas da sua terra, lenços na cabeça e amamentava seu filho e com a outra mão fazia comida para o seu outro menino. Fazia sem problemas e sem reclamar. Um menino ao meu lado que viu a mãe nesse estado pegou o menino no colo e começou a embalar para que ele dormisse como se fosse o seu irmão mais novo e como mais velho tinha que dar a proteção para ele, na verdade ele era um estranho, mas ele levou aquilo como um ato de amor.
Esse que foi o país que eu comecei a observar.
A paisagem que corria através da janela do ônibus era de tribos, angolanas lavando suas roupas no rio e por vezes uma região semi-árida com uma árvore sem folhas que modificava um pouco aquele quadro. Muitos lugares onde os nossos olhos foram testemunhas.
Depois de três horas consecutivas de estrada o ônibus fez uma parada. Não foi em um posto de gasolina com restaurantes e banheiro, mas foi no meio de uma estrada poeirenta aonde mulheres corriam em direção ao ônibus oferecendo mandioca, biscoitos e gasosas (refrigerante). Jessica precisava ir ao banheiro e como André já estava dormindo eu me ofereci para ir com ela. Chegamos a um grupo de homens e perguntei: “Aonde é o quarto de banho (banheiro)”. Ele virou para mim e me apontou com o dedo aonde era e voltou a jogar cartas. Caminhamos por um lugar apertado que parecia um beco. Chegamos a um cubículo aonde sequer tinha teto. Empurrei a porta que insistia ficar fechada. E quando esta se abriu nos deparamos com um buraco. Apenas um buraco. Eu não sei como a Jessica conseguiu, mas ela conseguiu urinar (não me pergunte como!).
Após 8 horas de viagem e algumas tentativas frustradas de dormir nos deparamos com o Marcos (obreiro e líder da nossa equipe em Angola) entrando em nosso ônibus onde seus grandes olhos verdes mostravam alegria de nos receber em seu novo país/lar nos convidando a descer. Mais uma vez retiramos todo o peso do ônibus e ficamos esperando uma hora a mais para chegar um carro que nos levaria para a base. Após a chegada de um brasileiro que falava como um angolano, começamos outra viagem. A nossa frente estava morros e mais morros com diversas casas de barro e crianças que gritavam “Brasileiro, brasileiro” e acenavam as suas mãos para nós, algumas ousavam a correr atrás do nosso carro como se fossemos alguma celebridade.’ O carro tinha que agüentar os subidas íngremes que tinha que passar para chegar na base. Fomos recepcionados pela Viviane, esposa do Marcos com um grande sorriso e de braços abertos. Fomos apresentados a nova casa. Muitos angolanos, principalmente crianças e que foram adotadas por um casal de angolanos. De cara, um choque para quem estava acostumado a viver no conforto, com boa comida. Essa será a nossa nova casa durante 60 dias. O meu quarto junto com André era só poeira e com dois colchões. Tomamos banho, jantamos e às 8 da noite fomos nos deitar já que estávamos a mais ou menos 22 horas viajando sem parar.
Por volta das 1 da manhã acordo com o André e em pé tentando pegar um convidado que estava escondido em nosso quarto: um rato.
Um comentário:
Amado DEUS ébom vc passou pelo que eu passei raos era comida em Lobito
Huanbo e Benguela.O SENHOR É BOM , E OS AFRICANOS!VC verá como eles são especial people s ivesse que ir de novo ao Continente Africano eu retornaria e faria tudo de novo.
DEUS me ensinou a numca dar gloria aHomens.Ele vai fazer a diferença na tua vida vc vai ver.APREENDER TUDO DE NOVO.E VIVER O VERDADEIRO EVAGELHO pregar ir faze disipulos e numca murmurar.EU amo esse povo e vejo deus na vida deles e vc vai ver como eles vão te amar.ORO POR TI OK SALMOS 31 ADRIANA COSTA
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