-Marcos, como é o culto que participaremos no domingo?
- Não vou contar. É surpresa
- Por quê? Me conta!
-No domingo você vai ver
E o dia de ir para a igreja chegou.
Uma igreja muito pequena e que no momento em que chegamos tinha apenas algumas pessoas. O louvor já estava acontecendo. Mãos levantadas, olhos fechados e vozes parecendo um grande coral. Logo que me virei para trás o que era um pequeno grupo se tornou uma grande multidão que seguia o ritmo e cantavam ao som de uma doce melodia. Logo após algumas participações. Por falar nisso é engraçado porque no Brasil você geralmente espera para que a pessoa chegue até o altar e comece a fazer o que está proposto. Pelo menos na igreja de hoje a pessoa, se era para cantar, ela já o começava a fazer quando levantava do banco. Tivemos um jogral, depois o coral sempre recheados com muita música. Depois mais músicas. Aí foram os louvores agitados. O que antes eram canções como oração se tornou uma grande festa. Como esses angolanos dançam! O corpo todo se mexe. Balançam o quadril, mexem as mãos e cantam. E nem se importam quem está do lado. Eles fazem isso para Deus. É a maneira de eles louvarem a Deus. A todo hora o dirigente dizia: Amém! “Aleluiá” e toda a igreja dizia fervorosamente: Amém! Isso em todo o momento ou quando não diante de uma palavra de vitória a igreja toda levantava as mãos e balançava alegremente.
O momento da palavra chegou e a palavra do pastor foi baseada no sonho de José que se encontra nos últimos capítulos do livro de Gênesis. Uma palavra de ânimo para todos nós que estávamos presentes naquela grande celebração.
Na ceia foi servido o pão e o vinho (nesse caso é vinho de verdade acrescido de água). E todas as pessoas que estavam do lado de fora foram convidadas para entrarem. A igreja ficou lotada. O calor estava insuportável para mim, André e Jessica, mas para eles não. Aquele era um momento em que eles estavam esperando há seis dias. No momento da oração muitas pessoas se ajoelhavam, choravam muito e gritavam agradecidas pelo sacrifício de Cristo na cruz. Aquilo foi um grande confronto para mim no qual me perguntava: “será que eu estou dando valor a esse sacrifício?” O calor, o horário que já estava avançado, a igreja lotada, pessoas de pé e sem lugar onde se sentarem. Nada disso foi impedimento para que se derramassem diante daquele no qual tinham um grande amor: Jesus.
É claro que não passamos despercebidos já que éramos os únicos brancos no meio de toda aquela multidão. O pastor nos chamou pediu para que nos apresentássemos. Perguntou o que estávamos achando de Angola. E depois ele afirmou “Vocês estarão conosco no domingo!” Como ele estava me perguntando eu passei a bola para o Marcos que logo respondeu que tinha que ver a nossa agenda aqui. Ele não quis logo assumir um compromisso porque temos outras igrejas para visitar. E aqui em Angola quando vêem alguém novo eles querem exclusividade impedindo desenvolver um trabalho com outras igrejas. Como já falei, aqui a necessidade de pessoas é muito grande e quando aparece algum missionário de outro país é a oportunidade que eles tem para aprenderem.
No momento em que o Marcos falava, ele comentou: “eles ficarão aqui por dois meses, mas quem sabe um deles ficará aqui conosco por um bom tempo!” Um frio na espinha veio em mim e creio que o mesmo aconteceu com o André e a Jessica. Já que a cada dia a gente se identifica com Angola. Pegamos um amor muito grande por eles e o mesmo acontece com eles para conosco. Se ficaremos mais tempo ou não? Deixo essa resposta para Deus.
No fim do culto a esposa veio agradecer a nossa visita e ainda nos agraciou com uma garrafa de “sumo” (suco) e não nos deixou voltarmos de táxi conseguindo para nós uma “boleia” (carona) e ainda nos convidou para almoçarmos na semana que vem com eles (foi uma boa estratégia já que faz com que possamos ir ao culto no próximo domingo).
Hoje fiquei muito triste porque os adolescentes que aqui estão não podem ir a igreja. Eles amam ir a casa de Deus mas são impedidos porque a igreja mais próxima fica a quilômetros daqui e as outras é preciso pagar táxi. Para resolver essa situação só um carro que custa em média $ 7.000 (sete mil dólares).
À você leitor, muito obrigado por estar acompanha o blog. Hoje fui revisar o texto e vi alguns erros de português que cometi. Peço perdão porque escrevo e logo posto sem fazer revisão ortográfica. Assim que tiver tempo o farei.
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