Dançando ao som do “kuduro” um ritmo tipicamente angolano, ontem nos divertimos até o desligar do gerador. Eu tentei, mas não consegui. A Jessica timidamente também tentou, mas fracassou mexer o quadril. André nem se fala. Nem no samba conseguimos. Ao som de muitas risadas e gargalhadas eu pude refletir sobre a realidade dos Angolanos: eles são felizes. Ponto final. Enquanto eu estava quase passando mal por abstinência a internet eles se sentem felizes ao colocar o som bem alto, louvar e dançar. Essa é a maneira que eles têm de se divertirem, de colocarem cor a vida.
Acabei de conversar com o Marcos e a primeira lição que aprendi aqui em Angola foi desmistificar a idéia de que em Angola só encontramos pobreza, tristeza e que os missionários que aqui estão passam fome e usam boa parte do seu dia para curtirem uma “depre” pela falta dos seus familiares no Brasil.
Está tudo errado!!
Não é nada disso. Aqui os missionários vivem muito bem. Tem todas as coisas que uma pessoa necessita. Se alimentam bem, se divertem e são felizes, muito felizes. Vivem a valorização das suas vidas e dos seus ministérios se doando para o próximo. Falando sobre esse assunto com o Marcos ele me disse que boa parte que passam pela cabeça de muitos brasileiros e até estrangeiros é porque muitos deles abusam das imagens de pobreza para conseguirem um índice maior de popularidade.
Agora entendo que ser missionário e doar a sua vida integralmente para o evangelho, mas também é ser feliz, não se privar das coisas que você gosta. Se você já é assim, acrescente o fato de alegrar o coração de Deus. Alegria dobrada.
Hoje mais uma vez sai ao centro. Fomos às compras já que hoje é aniversário de um dos jovens daqui e decidimos fazer um jantar especial. Aqui você tem duas opções: ou o mercado de rua que são ambulantes berrando e vendendo todos os tipos de variedade ou o supermercado que em nada se difere das grandes redes de mercado do Brasil. E claro que a diferença do preço é absurda fazendo eu e André optarmos pelo mercado popular. Mas eu e ele não podemos comprar sozinhos tivemos que levar o Nanci conosco porque os angolanos vendo que somos brancos nos vendem com um altos juros (alguns chegando a 300% a mais). Eles acham que o branco tem dinheiro (no nosso caso isso é mentira). Saímos de lá abarrotados de batatas, tomates, carvão e alho. E na volta para casa muitas crianças dizendo o meu nome, sorrindo para mim e se alegrando pela presença de um visitante em sua terra.
Agora estou aqui escrevendo. Tem um monte de gente a minha volta olhando para o que estou escrevendo. Enquanto eu e milhares de outros brasileiros estamos se preocupando em baixar a última versão do Msn ou comprar o último modelo de celular anunciado na televisão ou até mesmo ser o centro da atenção por aquilo que veste ou aquilo que esta. Não sendo humano, estando humano. Os angolanos são felizes sem ter isso justamente por viverem na simplicidade da vida, vivendo e sendo humanos.
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