sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Nos acostumando

Apesar da noite turbulenta por causa do nosso amigo rato. Eu desisti de caçá-lo e voltei a dormir. O medo de ele passar por cima de mim era grande, mas eu decidi dar vazão ao meu cansaço. Às vezes escutava um barulho acordava e ligava a lanterna para ver se achava-o. E sempre que fazia isso era obrigado a ouvir o resmungo do André já que toda a vez que eu ligava sempre acendia no rosto dele. Às 5 da manhã eu consegui achá-lo por em cima do teto caminhando como se nada tivesse acontecido. Acordamos às 8:30 e a mesa já estava pronta para o café da manhã ou mata-bicho como é conhecida a refeição matinal daqui. Não existe pão ou café é simplesmente o “funji” uma papa branca feita de feijão e milho (o gosto é muito parecido com o mingau). Eu enchi o meu de leite em pó só assim ficava mais gostoso. Até que achei bom. Eu fiz uma cara feia, mas com tempo acho que vou me acostumar a “matabichá”. Logo após o Marcos nos levou ao trabalho feito com as crianças na base. Ao todo 80 crianças são assistidas pelos missionários que aqui vivem. Quando chegamos todas eles estavam na “bicha” (fila) para beber água. Marcos nos disse que muitas delas não tem nem água para beber em casa e a única oportunidade que tem para matarem a sede. E quando ela nos viram os olhos pareciam brilhar. Estavam a nossa espera há dias e não viam o tempo de nos conhecer. Não foi necessário apresentação já que elas nos conheciam pelo nome. Como não tem professora para ambas as turmas a Viviane tinha que se revezar para dar conta das duas classes. Eu e Jessica ficamos em uma turma. Para entreter-las a Viviane escolhia uma delas para cantar uma música. Então o elegido escolhia uma canção, começava a cantar enquanto todas as outras se levantavam e começavam a dançar fevorosamente e dançar com um animação que eu nunca vi em nenhuma criança brasileira. E assim revesavam sem se cansar, sem parar de sorrir e cantar. Antes de irmos embora todas elas nos acompanharam e nos abraçavam freneticamente em um momento em senti algo nos meus pés e algumas delas estavam tocando neles. Depois de nos despedirmos eu perguntei porque ela tocavam nos meus pés, a Viviane me respondeu: “porque você e branco e porque eles se sentem amados já que não tem esse amor dentro de suas casas”. Para mim essa experiência foi suficiente para o dia.
Hoje eu pude entender um pouco que todos nós temos uma missão diante de Deus. Todos nós fazemos diferença nesse reino. Todos nós somos partes importante nesse corpo e nos complementamos. Nem todos que me lêem viram a Angola porque esse não seja o seu chamado, mas de uma coisa eu tenho certeza para todas as pessoas existem vidas que precisam pelo menos de um abraços, braços que transmitam calor e que transforme vidas principalmente se em nós estiver a luz que se chama Jesus.

Nenhum comentário: