Como comentei ontem no blog, hoje estaríamos ministrando no culto das crianças. E para começar o dia tive que acordar cedo para passar a minha roupa. Um detalhe: a roupa não é passada no ferro elétrico e sim em um ferro com um compartimento para se colocar brasa quente ou então esquentando no fogão. Na noite anterior a minha tentativa foi frustrada, pois na hora em que passava o ferro abriu e derramou carvão na minha camisa. Então tive que pegar outra para passar logo pela manhã. No momento em que seguiria para “via cruci” do ferro o André me disse que tínhamos apenas quinze minutos para se arrumar, pois o carro que iria nos buscar em pouco tempo já estaria no ponto que foi determinado. Só uma explicação, só viemos saber que a programação estava confirmada poucos dias atrás e o horário que iriam nos buscar seria às 8 e só hoje descobrimos que nos buscariam às 7. O culto na igreja congregacional se iniciaria às 7:30, mas depois de tanta correria, abotoando a camisa amassada no caminho e sem tomar café, chegamos no horário, mas o culto só se iniciou às 8:15. E para completar tive que ir de roupa social, coisa que eu não gosto. O culto se iniciou com um grande coral cantando para a igreja de 1.500 membros aproximadamente, mas a congregação era diferente da última igreja que fomos. A dinâmica do culto já era mais formal com momentos para se sentar e outros para cantar comportadamente. Participamos da introdução do culto, que no dia de hoje era especial por se comemorar o dia da reforma protestante, e seguimos para culto infantil onde faríamos uma apresentação com fantoches. Iríamos usar todos os personagens (Melissa, Maneco, Leka e Fred), mas por fim eu fiquei como o animador da criançada e a Jessica interpretando a Melissa. Ao chegar ainda ficamos uns 30 minutos para os líderes organizarem a sala onde as crianças ficariam como também nos auxiliariam para conseguirmos organizar o cenário para o fantoche. Por fim fomos para uma sala que cabiam vinte crianças que por fim tinham cento e cinqüenta. Não tinha mais espaço para colocar mais crianças. Gritei tanto que a veia do meu pescoço estava quase estourando. Na conclusão final foi um trabalho muito produtivo e as crianças fixaram bem o tema que foi obediência. O que mais me chamou a atenção foi que o culto infantil de lá é um culto. Tem ofertório e tudo!
No término do culto eu e André fomos para a base de Benguela para ajudarmos no ensaio do louvor do AdoraCamp que se realizará no próximo fim de semana. Jessica resolveu tirar a tarde para descansar. Antes, fizemos uma parada no supermercado para um lanche-almoço. Depois de tantas possibilidades acabamos comprando sanduiches, batata-frita, frango assado e suco, ou seja, tudo saudável (rs). E como aqui em Angola não existe praça de alimentação sentamos no chão e comemos tranquilamente enquanto as pessoas passavam e olhavam para nós como se fôssemos um monumento artístico.
Fomos para a base bem mais cedo do que o combinado. E o calor estava forte. E como fomos direto da igreja colocamos nas nossas mochilas roupas leves. Quando chegamos à base fomos logo tomar uma chuveirada. O banheiro simplesmente era a céu aberto com apenas duas paredes entre o chuveiro. Deitamos nos chão para descansar um pouco (apesar do medo, já que essa base tem um número grande de escorpiões e dizem que de vez em quando aparece cobra venenosa).
Às 14:30, Julia, responsável pelo louvor e líder do acampamento que acontecerá no sábado ficou conversando conosco. Contou das suas experiência no Brasil e como sua visão sobre adoração foi mudada depois de descobrir que adoração não era um ritmo e sim um estilo de vida. Tecnicamente o ensaio começaria às 15:00, mas por fim as pessoas que tinham que vir chegaram às 16:00. Um problema no som adiou por mais trinta minutos nos levando a iniciar às 16:30. Nós tínhamos que sair às 17:00 já que estávamos sozinhos e no domingo o número de transportes diminui bastante.
No ensaio pude ver a necessidade que os angolanos têm para se profissionalizar em um instrumento. Não existem escolas de música aqui nem ministro de música qualificado nas igrejas. Então muitos tocam com o pouco que sabem. A Julia ainda colocou duas músicas novas para cantar no acampamento que começará na sexta. Ajudamos com o pouco que sabíamos e logo tivemos que ir embora. Veremos o resultado do que dará na sexta que se iniciará o acampamento. Eu, André e Jessica estaremos indo para lá só retornando no domingo e ainda estaremos ministrando temas específicos sobre o tema “Nunca pare de adorar”.
A cada domingo que passa me espanto com a necessidade desse país. O que para nós é algo normal para eles se torna uma necessidade muito grande. Sem contar grande parte do que é feito nas igrejas é elaborado em cima da hora, quando não atrasados.
Temos que mudar essa situação...
domingo, 31 de outubro de 2010
30/10/10 Dia repleto
O dia foi tão repleto que já são 22:50, o gerador já foi desligado e eu aqui com o meu computador ligado aproveitando o pouco de bateria que ainda tem para poder registrar os acontecimentos do dia. Com muito agradecimento a Deus acordei às 8:30 depois de uma noite tranqüila de sono. No café da manhã (com pão e manteiga!) o Marcos nos relatou como a sua noite de sono foi difícil com o rato tentando invadir o seu quarto. Se no dia anterior ele bateu na porta, nesta noite ele tentou invadir roendo a porta e fazendo um grande buraco. No fim quando já estávamos indo para arrumar os nossos quartos a Vivis perguntou se queríamos ir a praia com eles. Largamos tudo o que tínhamos para fazer e prontamente colocamos o filtro solar a postos, óculos escuros e água nas garrafinhas e seguimos a caminho da praia. Na saída da base vimos o Sôba (feiticeiro) da região. Ele está querendo nos conhecer e prometeu uma visita (amigos, orem!)
Antes de irmos para praia passamos no supermercado para comprarmos os ingredientes para fazermos sanduíches. O que era para durar quinze minutos acabou levando uma hora para comprarmos o que era necessidade pessoal para cada um como também esperar a Jessica que entrou na imensa fila do pão e ainda teve que assistir as discussões que iam surgindo na espera para chegar a sua vez. Juntamos tudo na mala da praia e seguimos rumo ao nosso destino. Depois que soubemos que “farofar” é algo legal aqui compramos tudo que tínhamos direito para um bom lanche.
É engraçado ver que em um dia de sol as praias aqui não enchem como é normal no Brasil. São poucos os angolanos que deixam a sua casa para curtir o sol e tomar banho no mar. Foi um tempo muito bom para nos distrair, conversar e ri. Uma situação engraçada que nos aconteceu foi no momento em que eu e André estávamos conversando com a Jessica e de repente chegou uma angolana que começou a se exibir para a gente fazendo poses e caras e inclusive mostrando os seios... Essas coisas você só encontra aqui em Angola.
Saindo de lá fomos para a casa de um pastor brasileiro e descendente de alemão que vive aqui há oito anos. Conversamos bastante sobre as experiências que ele e a esposa passaram por aqui. Algumas semelhantes pela qual estamos passando e eles com sua experiência nos desafiaram a prosseguir com o nosso chamado como com o trabalho que temos desenvolvido aqui.
Uma das experiências que ele relatou foi que algum tempo atrás todos da sua família caiam doente ou sempre estava acontecendo alguma coisa sempre em seqüência. Sua esposa fez a seguinte oração: que a vida deles fossem como um espelho. Que tudo que não fosse da parte de Deus fosse lançado sobre suas vidas, voltasse. Com o tempo tudo se normalizou e tempo depois vieram a descobrir que uma dirigente da igreja começou a acontecer diversas situações com ela, as mesmas que eles viviam. Mais tarde vieram a descobrir que ela era uma feiticeira que estava fazendo trabalho contra a vida deles.
Outra situação que eles nos passaram foi da carência de literatura que os angolanos tem, principalmente de bíblias. Ele tem uma distribuidora que manda livros e bíblias do Brasil que mesmo com o grande número que é importado não supre a carência das livrarias evangélicas de Angola. E muitos livros não se encaixam na realidade do país. Por exemplo: nenhum de livros com temas familiares fala sobre poligamia, situações que acontecem dentro da igreja daqui. Outra dificuldade são os temas relacionados à cultura e que estão contra a bíblia como exemplo em muitas famílias quando uma pessoa morre os demais familiares acreditam que ele ainda continua vivo em espírito. Logo, separa um lugar a mesa e sempre falam no individuo como se este ainda estivesse vivo.
Bom, amanhã estaremos ministrar para crianças na igreja congragacional e assim que terminar estarei aqui no Blog para contar as novidades.
Até mais!
sexta-feira, 29 de outubro de 2010
29/10/10 Agradecendo a D'us
Sexta! O meu corpo se sente muito cansado. Parece que a fadiga de toda a semana se juntou e caiu em cima de mim hoje. Em compensação o sentimento de dever cumprido se faz presente. Foi bem produtiva a semana com as crianças. Concluímos os ensaios e já avançamos mais quatro letras do alfabeto. A apresentação que teríamos amanhã foi cancelada, contudo apresentaremos a canção na nossa festa de fim de ano.
As crianças tem se comportado bem. Depois do dia que a Jess expulsou todos da sala de aula elas estão bem mais tranqüilas depois que o Marcos e a Vivis chamou a atenção deles. Agora estão super amorosas. Pela manhã tinha tanta criança me abraçando que eu quase fiquei sem calças. Sem contar que eles vem cheia de catarro no nariz. Se um dia eu quis ser um “mauricinho” isso já se foi.
Por outro lado as minhas noites foram bem tranqüilas. Cada noite uma oração, cada manhã um agradecimento. Jessica também conseguiu descansar em suas noites. O problema agora é que o rato tem tentado entrar durante a madrugada no quarto da Viviane e do Marcos. Só que dessa vez ele tem sido educado fazendo barulho na porta como se quisesse a permissão para entrar.
Outra boa notícia é que a água encanada está chegando ao bairro e existe uma grande possibilidade dela chegar ao lugar onde estamos. Basta orarmos para que esse milagre aconteça.
Benção também foi o caminhão pipa estar trazendo a água no prazo estipulado evitando as longas caminhadas que temos que fazer para ir ao poço e conseguir um balde de água para tomar banho.
Não posso deixar de agradecer a Deus pelo trabalho de comunicação que estamos desenvolvendo. Segunda-feira já estará na internet as fotos das crianças para a adoção de fim de ano. Ganhamos do pai do André o domínio e a hospedagem para construirmos o primeiro site da base ajudando na informação dos trabalhos desenvolvidos como na divulgação da ETED (escola de Treinamento de discipulado) que se iniciará no ano que vem.
Enfim só posso dizer “Ebenezer”- até aqui nos ajudou o Senhor. Agradecer a Deus por aquilo que ele tem feito por mim, pelas suas misericórdias que se renovam. Teria algumas preocupações para descrever, mas o número de benção que geram agradecimentos tem sido maior, muito maior.
As crianças tem se comportado bem. Depois do dia que a Jess expulsou todos da sala de aula elas estão bem mais tranqüilas depois que o Marcos e a Vivis chamou a atenção deles. Agora estão super amorosas. Pela manhã tinha tanta criança me abraçando que eu quase fiquei sem calças. Sem contar que eles vem cheia de catarro no nariz. Se um dia eu quis ser um “mauricinho” isso já se foi.
Por outro lado as minhas noites foram bem tranqüilas. Cada noite uma oração, cada manhã um agradecimento. Jessica também conseguiu descansar em suas noites. O problema agora é que o rato tem tentado entrar durante a madrugada no quarto da Viviane e do Marcos. Só que dessa vez ele tem sido educado fazendo barulho na porta como se quisesse a permissão para entrar.
Outra boa notícia é que a água encanada está chegando ao bairro e existe uma grande possibilidade dela chegar ao lugar onde estamos. Basta orarmos para que esse milagre aconteça.
Benção também foi o caminhão pipa estar trazendo a água no prazo estipulado evitando as longas caminhadas que temos que fazer para ir ao poço e conseguir um balde de água para tomar banho.
Não posso deixar de agradecer a Deus pelo trabalho de comunicação que estamos desenvolvendo. Segunda-feira já estará na internet as fotos das crianças para a adoção de fim de ano. Ganhamos do pai do André o domínio e a hospedagem para construirmos o primeiro site da base ajudando na informação dos trabalhos desenvolvidos como na divulgação da ETED (escola de Treinamento de discipulado) que se iniciará no ano que vem.
Enfim só posso dizer “Ebenezer”- até aqui nos ajudou o Senhor. Agradecer a Deus por aquilo que ele tem feito por mim, pelas suas misericórdias que se renovam. Teria algumas preocupações para descrever, mas o número de benção que geram agradecimentos tem sido maior, muito maior.
quinta-feira, 28 de outubro de 2010
28/10/10 O espelho da graça
Desculpe se com essa palavra irei te decepcionar, mas eu tenho que falar, escrever e deixar que isso se torne claro: eu não sou perfeito. Tenho erros e falhas. Me iro, sou egoísta de vez em quando, não tenho paciência em alguns momentos, me irrito com as pessoas que estão a minha volta. Sim, mesmo estando em Angola, convivendo em um lar cristão, freqüentando escola bíblica desde a minha infância ainda sim continuo falho. E mesmo que trabalhe nas áreas que estão deficientes na minha vida outras surgirão e terei que novamente passar pelo vale sombrio da aprendizagem. E não gosto quando me falam que sou santo porque em algum lugar do meu passado eu nunca me droguei, fiz sexo loucamente com diversas mulheres ou usurpei muito dinheiro de quem merecia. Eu não fiz nada disso, mas isso não me exime de estar no pódio dos pecadores. Sou pecador e em certos momentos sinto uma ponta de orgulho dessa situação. Justamente porque na hora em que me chego a Deus ele sempre vem com o espelho da graça e me mostra quem sou: de que sou digno de sua graça, que minha obras não me salvam, que a imagem de santinho não me levará ao céu. O espelho da graça me mostra que a cada manhã preciso de Deus, da sua misericórdia e cada passo do meu viver preciso da sua orientação na estrada da vida que está cheia de minas onde um passo em falso pode custar a minha alma.
No último mês ganhei do meu irmão um livro chamado “ortodoxia” do escritor inglês G.K Chesterton. Uma obra por vezes até difícil de se entender por ser complexa demais. Em uma das experiências desse autor um grande jornal da época decidiu mandar a seguinte pergunta a grandes intelectuais da sociedade: “Qual o problema do mundo?”. Enquanto muitos se espelhavam na cientificidade da sua mente e criaram muitas linhas para explicar os possíveis problemas do mundo, Chesterton apenas respondeu: “eu”. O problema de um mundo caótico sempre esteve no homem e por um outro lado a solução se encontra em um homem: Jesus. Se por um homem o pecado entrou por um homem essa graça nos alcançou.
Enquanto muitos de nós queremos culpar o próximo com as nossas mãos abarrotadas de tantas pedras, Jesus quer nos ensinar a olhar para nós mesmos e ver o quanto somos sujos e nada podemos. A adúltera não negou a sua condição, quando todos foram embora, nem muito menos se justificou. O seu silêncio denunciava a sua condição. Do outro lado da linha que separava a legalidade da graça os homens cheios de si saíram sem nada fazer e ainda envergonhados da sua situação. Quem assumiu o seu pecado encontrou a graça.
Eu lembro que quando a televisão de alta definição chegou ao Brasil as grandes redes televisivas tiveram que mudar a sua maneira de gravação já que a alta qualidade denunciaria o que era falso de objetos como as imperfeições dos rostos dos atores. Sempre ouvimos na benção apostólica “Que o Senhor faça resplandecer o seu rosto sobre ti”. Muitas das vezes o pecado usa uma maquiagem criando uma condição de quem não somos. E quando fazemos essa oração a alta definição de Deus nos mostra todas as nossa imperfeições nos levando a uma condição de ser igual a ele. E como se Deus comparasse a sua perfeição com a nossa e fizesse a seguinte pergunta: “O meu desejo é que você fique como eu. Será que você pode ser como eu quero?”
Sou pecador e não nego a minha condição porque sei que existe um Deus que me transforma.
Até amanhã.
No último mês ganhei do meu irmão um livro chamado “ortodoxia” do escritor inglês G.K Chesterton. Uma obra por vezes até difícil de se entender por ser complexa demais. Em uma das experiências desse autor um grande jornal da época decidiu mandar a seguinte pergunta a grandes intelectuais da sociedade: “Qual o problema do mundo?”. Enquanto muitos se espelhavam na cientificidade da sua mente e criaram muitas linhas para explicar os possíveis problemas do mundo, Chesterton apenas respondeu: “eu”. O problema de um mundo caótico sempre esteve no homem e por um outro lado a solução se encontra em um homem: Jesus. Se por um homem o pecado entrou por um homem essa graça nos alcançou.
Enquanto muitos de nós queremos culpar o próximo com as nossas mãos abarrotadas de tantas pedras, Jesus quer nos ensinar a olhar para nós mesmos e ver o quanto somos sujos e nada podemos. A adúltera não negou a sua condição, quando todos foram embora, nem muito menos se justificou. O seu silêncio denunciava a sua condição. Do outro lado da linha que separava a legalidade da graça os homens cheios de si saíram sem nada fazer e ainda envergonhados da sua situação. Quem assumiu o seu pecado encontrou a graça.
Eu lembro que quando a televisão de alta definição chegou ao Brasil as grandes redes televisivas tiveram que mudar a sua maneira de gravação já que a alta qualidade denunciaria o que era falso de objetos como as imperfeições dos rostos dos atores. Sempre ouvimos na benção apostólica “Que o Senhor faça resplandecer o seu rosto sobre ti”. Muitas das vezes o pecado usa uma maquiagem criando uma condição de quem não somos. E quando fazemos essa oração a alta definição de Deus nos mostra todas as nossa imperfeições nos levando a uma condição de ser igual a ele. E como se Deus comparasse a sua perfeição com a nossa e fizesse a seguinte pergunta: “O meu desejo é que você fique como eu. Será que você pode ser como eu quero?”
Sou pecador e não nego a minha condição porque sei que existe um Deus que me transforma.
Até amanhã.
quarta-feira, 27 de outubro de 2010
27/10/10 Como os nossos pais
Sabe aqueles dias em que você não sabe o que vai escrever, que o poço da sua inspiração está seco e sem nenhuma gota para oferecer. Estou assim hoje. Eu queria poder escrever sobre muitos assuntos, mas não estou motivado. Não que nesse dia não tenha acontecido nada de relevante. Todo dia aqui em Angola é relevante. Hoje, por exemplo, pela manhã não tivemos atividades já que o André teve que fotografar as duas turmas e depois todas as crianças. Foi trabalhoso ter que juntar todas em posição e ainda mantê-las quietas sob um sol forte. Em breve vocês poderão conhecê-las por foto. O trabalho das fotos está de ótima qualidade. Temos visto Deus agir muito nas nossas vidas e nos capacitando para cumprir essa obra.
Hoje à tarde, eu e Jessica fomos sozinhos para ensaiar as crianças. A música está ficando muito bonita e a Jessica tem se dado muito bem como regente (seguindo os passos da mãe). E sempre que alguém que não está se comportando bem ela logo manda para casa. Então todos os dias é normal ver dois ou três indo embora por bagunçarem. Hoje não foram dois ou três e sim todos! Eles estavam super agitados e estava quase impossível de controlá-los. Então a Jessica decidiu mandar todos para casa e encerrar as atividades mais cedo.Dava para ver o medo no rosto delas por pensarem que não iríamos voltar nunca mais. Foi engraçado ver a cena... mas elas hoje superaram em relação ao comportamento. Cremos que amanhã estarão mais calmas.
Essa semana tenho refletindo no seguinte... como os pais nos influenciam. Vendo o André pregando, Jessica dirigindo 80 vozes infantis, eu trabalhando com o ensino. De onde veio esses talentos a não ser de dentro da nossa própria casa? Pais que influenciaram os seus filhos e que inconscientemente ou conscientemente decidem por seguir os passos dos pais. Pai e mãe que pagaram um alto preço para que instruíssem os seus filhos no caminho do Senhor lutando para conciliar suas atividades seculares, igreja e família. Nossos chamados não começaram aqui, começou há muito tempo atrás quando ainda pequenos fomos evangelizados por esses grandões que ainda hoje arrancam de nós suspiros de admiração. Sim, porque o amor por missões nasce em nosso lar com pais que ensinam os seus filhos no caminho em que devem andar e filhos que honram os seus pais. Não adianta querer ganhar o mundo se o ninho de onde viemos está definhando. Eu dou graças a Deus pelos pais que tenho, pelos pais do André e da Jessica que diante de tantas dificuldades souberam priorizar o maior patrimônio que é a família. Diante de tempos de destruição de lares e troca de valores ainda é possível dizer: vale a pena investir na família. Vemos que a base de uma sociedade sadia e próspera está na família.
Então para você que me lê e que talvez seu chamado não seja ter uma experiência transcultural saiba que você tem, assim como todos os cristãos, um chamado para evangelizar, amar e cuidar do nosso lar. Esse é o nosso primeiro campo missionário. E que grande missão! Porque é na nossa casa que o irmão conhece o ponto fraco do outro, que o pai nem sempre será sorriso, que mãe erra ou que nem sempre vamos manter uma aparência perfeita, mas é em nossa casa que Deus nos capacita.
Hoje à tarde, eu e Jessica fomos sozinhos para ensaiar as crianças. A música está ficando muito bonita e a Jessica tem se dado muito bem como regente (seguindo os passos da mãe). E sempre que alguém que não está se comportando bem ela logo manda para casa. Então todos os dias é normal ver dois ou três indo embora por bagunçarem. Hoje não foram dois ou três e sim todos! Eles estavam super agitados e estava quase impossível de controlá-los. Então a Jessica decidiu mandar todos para casa e encerrar as atividades mais cedo.Dava para ver o medo no rosto delas por pensarem que não iríamos voltar nunca mais. Foi engraçado ver a cena... mas elas hoje superaram em relação ao comportamento. Cremos que amanhã estarão mais calmas.
Essa semana tenho refletindo no seguinte... como os pais nos influenciam. Vendo o André pregando, Jessica dirigindo 80 vozes infantis, eu trabalhando com o ensino. De onde veio esses talentos a não ser de dentro da nossa própria casa? Pais que influenciaram os seus filhos e que inconscientemente ou conscientemente decidem por seguir os passos dos pais. Pai e mãe que pagaram um alto preço para que instruíssem os seus filhos no caminho do Senhor lutando para conciliar suas atividades seculares, igreja e família. Nossos chamados não começaram aqui, começou há muito tempo atrás quando ainda pequenos fomos evangelizados por esses grandões que ainda hoje arrancam de nós suspiros de admiração. Sim, porque o amor por missões nasce em nosso lar com pais que ensinam os seus filhos no caminho em que devem andar e filhos que honram os seus pais. Não adianta querer ganhar o mundo se o ninho de onde viemos está definhando. Eu dou graças a Deus pelos pais que tenho, pelos pais do André e da Jessica que diante de tantas dificuldades souberam priorizar o maior patrimônio que é a família. Diante de tempos de destruição de lares e troca de valores ainda é possível dizer: vale a pena investir na família. Vemos que a base de uma sociedade sadia e próspera está na família.
Então para você que me lê e que talvez seu chamado não seja ter uma experiência transcultural saiba que você tem, assim como todos os cristãos, um chamado para evangelizar, amar e cuidar do nosso lar. Esse é o nosso primeiro campo missionário. E que grande missão! Porque é na nossa casa que o irmão conhece o ponto fraco do outro, que o pai nem sempre será sorriso, que mãe erra ou que nem sempre vamos manter uma aparência perfeita, mas é em nossa casa que Deus nos capacita.
terça-feira, 26 de outubro de 2010
26/10/10 Muita coisa!
Ontem foi o aniversário da Dionísia, uma adolescente que mora aqui conosco e que completou 16 anos. Dionísia mora aqui na base há oito anos junto com o seu irmão, conhecido por nós como Jojo. Veio para Benguela para poder estudar já que na aldeia em que morava não teria essa oportunidade, mas está sem estudar desde o ano passado por problemas de documentos- boa parte dos adolescentes e crianças estão impedidas de estudar por esse motivo- apesar de estar sem estudar se dedica muito na leitura(assim que cheguei emprestei um livro para ela que leu em apenas 5 dias) e é muito competente nos afazeres do lar. É ela quem cozinha para nós e fica responsável pela organização da casa. Como boa parte dos que moram aqui boa parte deles nunca tiveram uma comemoração de aniversário, então nos juntamos para fazermos um jantar especial e comprarmos gasosa. A responsável da cozinha no dia de ontem foi Jessica que fez um prato típico do Brasil, strogonoff. Tivemos um pouco de dificuldade para encontrar o creme de leite, mas depois de procurar, encontramos. No momento em que a Jessica estava na cozinha eu e André planejamos de jogar água na Dionísia e no Jorge, já que no seu aniversário há duas semana atrás, não fizemos. E conseguimos executar o nosso plano deixando os dois ensopados de tanta água. Aqui em Angola é tradição no dia do aniversário jogar água na pessoa, assim como no Brasil jogamos ovos. Montamos uma mesa, oramos e depois nos fartamos de muita comida. A alegria no rosto da Dionísia era nítida e nós ficamos muito gratos a Deus por ter proporcionado um dia especial para ela.
Hoje de manhã, depois de uma noite de sono tranqüila, soube pela Jessica que ela não dormiu nada essa noite. Ele, o destruidor de sonos, o pior dos bichos, desgraçado, o irritante rato não permitiu que ela dormisse fazendo um enorme barulho no seu quarto a impedindo de descansar. Temos percebido que isso tem sido algo espiritual já que temos enfrentado muitas batalhas nesse sentido.
Com as criança foi tudo muito tranquilo. Nos dividimos em três grupos. Eu e Viviane ficamos com a responsabilidade da alfabetização, Jessica com o ensaio da música e o André com a fotografia dos pequenos. No sábado teremos uma programação com todas elas em um estádio do bairro onde todas as crianças das escolas da região farão uma apresentação e as crianças do projeto estarão lá para apresentar uma música. Por um outro lado essa semana o André estará terminando de fotografar todas as crianças para podermos conseguir no Brasil padrinhos para a festa de fim de ano. Creio que até sexta-feira estaremos usando sites de relacionamentos, fotolog, blog (como o meu) e o email para conseguirmos voluntários que adotem financeiramente uma criança e tornar o fim de ano delas mais feliz. Apesar do nosso tempo aqui ser curto queremos aproveitar o máximo para pelo menos mudarmos um pouco a situação deles. Outra coisa que tenho orado é para que Deus dê uma estratégia de ensino, estruturando o horário e criando atividades complementares para auxiliarem no ensino deles. Já que o ano está acabando queremos pelo menos deixarmos um projeto pronto para que o ano que vem seja executado. Apesar do planejamento que fazemos dia-a-dia feito não conseguimos atender a todas as necessidades educativas das crianças, já que cada um está em uma fase diferente de aprendizagem e como só temos duas salas não conseguimos separá-las cada uma no seu nível.
Quando terminamos o primeiro turno e estávamos já em casa a Viviane me chamou e pediu para ajudar a carregar os sacos de cimento que haviam chegado para a construção das novas salas de aula. Apesar de estar um pouco indisposto (fuso horário, rs) fui lá. Quando cheguei, um caminhão estava estacionado com 150 sacos de cimento, totalizando 7,5 toneladas e apenas cinco homens para carregar tudo isso. Ou eu voltava ou entrava de cabeça. Elegi a última opção e cai dentro do trabalho carregando para uma das salas os sacos de cimento. Depois de uma hora estávamos todos exaustos e cinza parecendo uma estátua de tanto cimento que havia caído em cima de nós. Principio número 1 de um missionário: seja como Bombril, 1001 utilidades.
Hoje de manhã, depois de uma noite de sono tranqüila, soube pela Jessica que ela não dormiu nada essa noite. Ele, o destruidor de sonos, o pior dos bichos, desgraçado, o irritante rato não permitiu que ela dormisse fazendo um enorme barulho no seu quarto a impedindo de descansar. Temos percebido que isso tem sido algo espiritual já que temos enfrentado muitas batalhas nesse sentido.
Com as criança foi tudo muito tranquilo. Nos dividimos em três grupos. Eu e Viviane ficamos com a responsabilidade da alfabetização, Jessica com o ensaio da música e o André com a fotografia dos pequenos. No sábado teremos uma programação com todas elas em um estádio do bairro onde todas as crianças das escolas da região farão uma apresentação e as crianças do projeto estarão lá para apresentar uma música. Por um outro lado essa semana o André estará terminando de fotografar todas as crianças para podermos conseguir no Brasil padrinhos para a festa de fim de ano. Creio que até sexta-feira estaremos usando sites de relacionamentos, fotolog, blog (como o meu) e o email para conseguirmos voluntários que adotem financeiramente uma criança e tornar o fim de ano delas mais feliz. Apesar do nosso tempo aqui ser curto queremos aproveitar o máximo para pelo menos mudarmos um pouco a situação deles. Outra coisa que tenho orado é para que Deus dê uma estratégia de ensino, estruturando o horário e criando atividades complementares para auxiliarem no ensino deles. Já que o ano está acabando queremos pelo menos deixarmos um projeto pronto para que o ano que vem seja executado. Apesar do planejamento que fazemos dia-a-dia feito não conseguimos atender a todas as necessidades educativas das crianças, já que cada um está em uma fase diferente de aprendizagem e como só temos duas salas não conseguimos separá-las cada uma no seu nível.
Quando terminamos o primeiro turno e estávamos já em casa a Viviane me chamou e pediu para ajudar a carregar os sacos de cimento que haviam chegado para a construção das novas salas de aula. Apesar de estar um pouco indisposto (fuso horário, rs) fui lá. Quando cheguei, um caminhão estava estacionado com 150 sacos de cimento, totalizando 7,5 toneladas e apenas cinco homens para carregar tudo isso. Ou eu voltava ou entrava de cabeça. Elegi a última opção e cai dentro do trabalho carregando para uma das salas os sacos de cimento. Depois de uma hora estávamos todos exaustos e cinza parecendo uma estátua de tanto cimento que havia caído em cima de nós. Principio número 1 de um missionário: seja como Bombril, 1001 utilidades.
segunda-feira, 25 de outubro de 2010
25/10/10
Depois do email do meu pai de ontem fiquei impossibilitado de escrever já que eu queria curtir um pouco as palavras que ele me escreveu... e chorar também, pois é, estar fora do seu país faz você ficar um pouco carente. Conseqüência disso foi que acumulei muito assunto e tenho que resumir ao máximo como foi o dia de ontem e como está sendo hoje.
À CAMINHO
Como eu disse no sábado fomos convidados para ministrar na Assembléia de Deus. Acordamos cedo nos arrumamos e fomos para o nosso destino. Agora não necessitamos mais pegar táxi nem van para ir para a Igreja já que um dos líderes de outra base daqui de Angola foi para o Brasil e deixou o seu carro sob a responsabilidade do Marcos. Indo para lá, fiquei com o meu coração bem apertado pois mais uma vez tive que conviver com a imagem de nós indo para a igreja enquanto os adolescentes da casa ficam a olhar para nós irem para igreja. Eles não podem ir já que fica muito distante a igreja mais próxima e eles amam ir para a igreja. Ontem a noite eu perguntei ao Nelson há quanto tempo ele não vai para a igreja e ele me disse com um olhar triste “há um ano”. É triste ver quantas pessoas que lançam fora essa oportunidade enquanto outras valorizam, mas não tem oportunidade de realizar. Dentro do carro, sob a poeira da estrada me questionei a Deus o porquê dessa situação. Como eu escrevi na última semana eu não posso fechar os meus olhos para isso e me regozijar com o meu bem estar já que não preciso ter o trabalho de andar ou pegar um táxi. Justiça no original hebraico significa “tsédek” que traduzindo ao pé da letra é “tudo na posição correta”. Olhando para essa situação vejo que isto está na posição errada e nós como agentes de transformação precisamos mudar esse quadro. Deus conta comigo para mudar essa situação, conta com você.
UM DIA DE FAROFEIRO
O culto foi uma benção. Encenamos uma pantomima (peça apenas com gesto e com um fundo musical) e logo o André pregou. Para quem disse que não era o seu forte e dizia estar nervoso, ele foi muito bem. Como eu digo “André esconde o jogo”. Foi uma palavra pregada com ousadia e que se encaixava com que a igreja precisava.
Após o término do culto e uma longa espera do lado de fora, fomos direto para praia onde iríamos almoçar e logo depois teríamos um tempo de lazer com os membros da igreja. Foi engraçado me acostumar com a idéia de almoçar na praia já que para nós brasileiros é ser considerado “farofeiro”. Aqui em Angola se é farofeiro é porque tem boas condições financeiras para se fazer uma refeição. Toalhas estendidas, pratos a postos, e panelas a espera. Tinha muita comida. Pegamos de tudo um pouco como nos foi aconselhado no dia anterior. Já que aqui em um almoço diante de uma visita é bom repetir a refeição mais de uma vez e comer de tudo um pouco.
Logo após, eu, como um bom carioca, não pude deixar de aproveitar o mar. Conversamos com muitos angolanos e tomamos muita coca-cola. Para completar ainda levamos uns salgadinhos e bolo para o café (essa é uma atitude de um farofeiro nato).
Para terminar eu queria que você que tem nos acompanhado que orasse por nós e pelas crianças do projeto. Temos enfrentado muitas lutas espirituais e precisamos de oração para que Deus possa nos ajudar.
À CAMINHO
Como eu disse no sábado fomos convidados para ministrar na Assembléia de Deus. Acordamos cedo nos arrumamos e fomos para o nosso destino. Agora não necessitamos mais pegar táxi nem van para ir para a Igreja já que um dos líderes de outra base daqui de Angola foi para o Brasil e deixou o seu carro sob a responsabilidade do Marcos. Indo para lá, fiquei com o meu coração bem apertado pois mais uma vez tive que conviver com a imagem de nós indo para a igreja enquanto os adolescentes da casa ficam a olhar para nós irem para igreja. Eles não podem ir já que fica muito distante a igreja mais próxima e eles amam ir para a igreja. Ontem a noite eu perguntei ao Nelson há quanto tempo ele não vai para a igreja e ele me disse com um olhar triste “há um ano”. É triste ver quantas pessoas que lançam fora essa oportunidade enquanto outras valorizam, mas não tem oportunidade de realizar. Dentro do carro, sob a poeira da estrada me questionei a Deus o porquê dessa situação. Como eu escrevi na última semana eu não posso fechar os meus olhos para isso e me regozijar com o meu bem estar já que não preciso ter o trabalho de andar ou pegar um táxi. Justiça no original hebraico significa “tsédek” que traduzindo ao pé da letra é “tudo na posição correta”. Olhando para essa situação vejo que isto está na posição errada e nós como agentes de transformação precisamos mudar esse quadro. Deus conta comigo para mudar essa situação, conta com você.
UM DIA DE FAROFEIRO
O culto foi uma benção. Encenamos uma pantomima (peça apenas com gesto e com um fundo musical) e logo o André pregou. Para quem disse que não era o seu forte e dizia estar nervoso, ele foi muito bem. Como eu digo “André esconde o jogo”. Foi uma palavra pregada com ousadia e que se encaixava com que a igreja precisava.
Após o término do culto e uma longa espera do lado de fora, fomos direto para praia onde iríamos almoçar e logo depois teríamos um tempo de lazer com os membros da igreja. Foi engraçado me acostumar com a idéia de almoçar na praia já que para nós brasileiros é ser considerado “farofeiro”. Aqui em Angola se é farofeiro é porque tem boas condições financeiras para se fazer uma refeição. Toalhas estendidas, pratos a postos, e panelas a espera. Tinha muita comida. Pegamos de tudo um pouco como nos foi aconselhado no dia anterior. Já que aqui em um almoço diante de uma visita é bom repetir a refeição mais de uma vez e comer de tudo um pouco.
Logo após, eu, como um bom carioca, não pude deixar de aproveitar o mar. Conversamos com muitos angolanos e tomamos muita coca-cola. Para completar ainda levamos uns salgadinhos e bolo para o café (essa é uma atitude de um farofeiro nato).
Para terminar eu queria que você que tem nos acompanhado que orasse por nós e pelas crianças do projeto. Temos enfrentado muitas lutas espirituais e precisamos de oração para que Deus possa nos ajudar.
domingo, 24 de outubro de 2010
24/10/10- homenagem do meu pai
Hoje eu tinha muitas experiências para poder contar, mas abrindo a minha caixa de emails encontrei um email que o meu pai me enviou a ao ler o meu castelo de palavras se desfez em lágrimas de alegria por ter um pai tão especial.
Pai, deixo que os versos de Fernando Pessoa como resposta:
“quem, morrendo, deixa escrito um verso belo deixou mais ricos os céus e a terra e mais emotivamente misteriosa a razão de haver estrelas e gente.”
Fernando Pessoa
***
O que é ser rico?
“Alegria de minha vida’, ‘Alegria do meu coração’, ‘Alegria de minha alma’, tem me proporcionado momentos de felicidade (são meus filhos).
No momento quero falar de “Alegria de minha vida”, que está em Angola.
Certa vez falei que se eu fosse o rei Salomão, ao invés de pedir sabedoria, pediria a riqueza. Acho que naquele momento, passou um anjo e disse “amem”. (kanta labaxuri kantara nebias).
Parte de mim neste momento está em outro continente, me fazendo viver com coração transbordante de alegria, vivendo momentos e aventuras inesquecíveis (lutas com feiticeiros,duelos com temíveis feras (embora seja um rato), estando a frente de uma batalha com um exército de crianças.
Quantas riquezas Deus tem me proporcionado!
“Alegria do meu coração”, esta pensando em casar, isto significa que minhas riquezas irão aumentar e mais uma promessa de Deus se cumprirá (ver os filhos de meus filhos), os quais eu chamarei de “riquezas” (Riquezas de minha vida”, Riquezas do meu coração’, ‘riquezas da minha alma”)
“Alegria de minha alma”, está se saindo muito bem como professor e aprendendo a arte da mecânica, por isso minha alma se alegra.
A mais linda morena da tribo de Quedar ainda mexe com meu coração!.
Sou muito rico!
***
FORREST GAMP
No filme “o contador de histórias” ao ser perguntado por sua namorada como era estar servindo na guerra do Vietnã, ele fala da beleza do pôr-do-sol, das lindas paisagens daquele lugar (ele não fala de tristezas)
Sua namorada lamenta de não estar com ele, o que ele responde:
- Você sempre esteve comigo !
Sei que neste momento estou em Angola, sentindo o vento em meu rosto, o cheiro da poeira, crianças ao meu redor me agarrando e brincando a minha volta (neste lugar não há tristeza), digo isto, porque parte de mim faz parte de você “alegria de minha vida”. Sinto dentro de mim o privilégio de também ser um missionário.
Não esqueça de sempre contar as alegrias deste abençoado lugar.
Te amamos e sempre estaremos contigo,
Beijos do homem mais rico do mundo.
***
MAR PORTUGUÊS
“O mar salgado, quanto do teu sal
São lagrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!
Valeu à pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu.
Mas nele é que espelhou o céu.”
Parabéns!!! “Alegria da minha vida”, você passou além do Bojador !
Valeu a pena ?
Você mostrou que sua alma não é pequena, foi necessário passar pela dor.
É em solo africano que Deus tem espelhado o céu.
Beijos do homem mais rico do mundo.
Vocabulário:
“Alegria de minha vida’- Eu
‘Alegria do meu coração’- Minha irmã Mariana
‘Alegria de minha alma’- Meu irmão Jonathas
Pai, deixo que os versos de Fernando Pessoa como resposta:
“quem, morrendo, deixa escrito um verso belo deixou mais ricos os céus e a terra e mais emotivamente misteriosa a razão de haver estrelas e gente.”
Fernando Pessoa
***
O que é ser rico?
“Alegria de minha vida’, ‘Alegria do meu coração’, ‘Alegria de minha alma’, tem me proporcionado momentos de felicidade (são meus filhos).
No momento quero falar de “Alegria de minha vida”, que está em Angola.
Certa vez falei que se eu fosse o rei Salomão, ao invés de pedir sabedoria, pediria a riqueza. Acho que naquele momento, passou um anjo e disse “amem”. (kanta labaxuri kantara nebias).
Parte de mim neste momento está em outro continente, me fazendo viver com coração transbordante de alegria, vivendo momentos e aventuras inesquecíveis (lutas com feiticeiros,duelos com temíveis feras (embora seja um rato), estando a frente de uma batalha com um exército de crianças.
Quantas riquezas Deus tem me proporcionado!
“Alegria do meu coração”, esta pensando em casar, isto significa que minhas riquezas irão aumentar e mais uma promessa de Deus se cumprirá (ver os filhos de meus filhos), os quais eu chamarei de “riquezas” (Riquezas de minha vida”, Riquezas do meu coração’, ‘riquezas da minha alma”)
“Alegria de minha alma”, está se saindo muito bem como professor e aprendendo a arte da mecânica, por isso minha alma se alegra.
A mais linda morena da tribo de Quedar ainda mexe com meu coração!.
Sou muito rico!
***
FORREST GAMP
No filme “o contador de histórias” ao ser perguntado por sua namorada como era estar servindo na guerra do Vietnã, ele fala da beleza do pôr-do-sol, das lindas paisagens daquele lugar (ele não fala de tristezas)
Sua namorada lamenta de não estar com ele, o que ele responde:
- Você sempre esteve comigo !
Sei que neste momento estou em Angola, sentindo o vento em meu rosto, o cheiro da poeira, crianças ao meu redor me agarrando e brincando a minha volta (neste lugar não há tristeza), digo isto, porque parte de mim faz parte de você “alegria de minha vida”. Sinto dentro de mim o privilégio de também ser um missionário.
Não esqueça de sempre contar as alegrias deste abençoado lugar.
Te amamos e sempre estaremos contigo,
Beijos do homem mais rico do mundo.
***
MAR PORTUGUÊS
“O mar salgado, quanto do teu sal
São lagrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!
Valeu à pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu.
Mas nele é que espelhou o céu.”
Parabéns!!! “Alegria da minha vida”, você passou além do Bojador !
Valeu a pena ?
Você mostrou que sua alma não é pequena, foi necessário passar pela dor.
É em solo africano que Deus tem espelhado o céu.
Beijos do homem mais rico do mundo.
Vocabulário:
“Alegria de minha vida’- Eu
‘Alegria do meu coração’- Minha irmã Mariana
‘Alegria de minha alma’- Meu irmão Jonathas
sábado, 23 de outubro de 2010
23/10/10 Descanso
Sábado! Descanso. Acordar tarde (dormindo bem e sem rato) . Almoçar bem depois do horário. Ficar contemplando a paisagem... e dia de sair para tomar uma gasosa! Nada como uma coca-cola gelada. Foi bem tranqüilo o dia hoje nem tanto porque a água faltou então água só na segunda que dia do caminhão trazer. Para tomar banho e cozinhar temos que caminhar até o poço para conseguirmos. E hoje fez calor, muiiiiiiiiiito calor. Pela manhã fui com o André até a venda para comprarmos gasosa e fomos andando. Moramos em uma montanha então tivemos que descer e subir e caminhar mais um tanto a pé. A falta da cafeína no nosso sangue às vezes faz a gente fazer essas loucuras (rs). E o sol estava de rachar e para completar ainda esqueci de usar o protetor solar (mãe, por favor não brigue comigo!) e voltei como um pimentão.
Tivemos um tempo de ensaio já que amanhã estaremos na Assembléia de Deus para apresentarmos teatro. A palavra ficou sob a responsabilidade do André. O pastor pediu que o pregador enfatizasse no despertamento de missões já que a igreja está muito desanimada na evangelização urbana e dos povos. Encaixou-se perfeitamente com o perfil do André já que ele veio de uma família que “missionou” na Bolívia por oito anos depois seguindo para os Estados unidos para trabalhar com hispanos. Como eu disse no domingo passado o pastor nos convidou após o culto para almoçarmos na sua casa e para nossa surpresa eles nos ligou ontem dizendo que iremos almoçar na praia. Nada mal!
Toda a sexta temos um momento com a família para orarmos juntos e é uma hora muito preciosa porque eles sempre cantam músicas em outros dialetos e típicas daqui. E a alegria é grande. São sempre canções que traduzem a alegria desse povo. Músicas que representam a gratidão a Deus. Não existe bateria, microfones, teclado ou violões, mas existem vozes que cantam com o coração e na hora em que eles abrem a boca parece que o céu se abre e uma alegria invade os nossos corações que é impossível de ficar parado. São danças e sorrisos no rosto e muita sinceridade no que fazem. Depois dos louvores é momento de cada um orar e agradecer a Deus pela semana e pedindo a sua benção por algumas necessidades da base. Ontem nosso pedido foi por luz e água pública já que ambas são mantidas pela base e fica muito caro e a previsão para os serviços das companhias de luz e água é só para 2014.
É lindo ver que nós brasileiros temos um jeito de louvar e que os angolanos têm a sua identidade própria para cantar e que é diferente dos europeus e que se difere dos americanos. Tudo isso porque Deus ama a diversidade, a variedade de sons e cores porque Ele é um artista. E na sua vinda, no grande dia em que Cristo voltar para buscar a sua noiva veremos todos os povos e nações cada um com sua personalidade, sua dança e sua música devolvendo todo o talento àquele a quem sempre pertenceu.
Tivemos um tempo de ensaio já que amanhã estaremos na Assembléia de Deus para apresentarmos teatro. A palavra ficou sob a responsabilidade do André. O pastor pediu que o pregador enfatizasse no despertamento de missões já que a igreja está muito desanimada na evangelização urbana e dos povos. Encaixou-se perfeitamente com o perfil do André já que ele veio de uma família que “missionou” na Bolívia por oito anos depois seguindo para os Estados unidos para trabalhar com hispanos. Como eu disse no domingo passado o pastor nos convidou após o culto para almoçarmos na sua casa e para nossa surpresa eles nos ligou ontem dizendo que iremos almoçar na praia. Nada mal!
Toda a sexta temos um momento com a família para orarmos juntos e é uma hora muito preciosa porque eles sempre cantam músicas em outros dialetos e típicas daqui. E a alegria é grande. São sempre canções que traduzem a alegria desse povo. Músicas que representam a gratidão a Deus. Não existe bateria, microfones, teclado ou violões, mas existem vozes que cantam com o coração e na hora em que eles abrem a boca parece que o céu se abre e uma alegria invade os nossos corações que é impossível de ficar parado. São danças e sorrisos no rosto e muita sinceridade no que fazem. Depois dos louvores é momento de cada um orar e agradecer a Deus pela semana e pedindo a sua benção por algumas necessidades da base. Ontem nosso pedido foi por luz e água pública já que ambas são mantidas pela base e fica muito caro e a previsão para os serviços das companhias de luz e água é só para 2014.
É lindo ver que nós brasileiros temos um jeito de louvar e que os angolanos têm a sua identidade própria para cantar e que é diferente dos europeus e que se difere dos americanos. Tudo isso porque Deus ama a diversidade, a variedade de sons e cores porque Ele é um artista. E na sua vinda, no grande dia em que Cristo voltar para buscar a sua noiva veremos todos os povos e nações cada um com sua personalidade, sua dança e sua música devolvendo todo o talento àquele a quem sempre pertenceu.
22/10/10 Reconciliando
Hoje eu não estava muito a fim de escrever. Quem escreve de vez em quando também tem aquela sensação de trabalhador que não está com vontade de ir para o serviço. Achei relevante escrever até pelo compromisso com os leitores (que graças a Deus tem crescido) e com você que anonimamente tem me acompanhado. Fico feliz pelos comentários e espero que esse blog seja um instrumento de conscientização, crescimento e divulgação. Como diz a escritora Marina Colansanti “O diário serve para conservar você”. Faço desse blog um memorial de uma fase boa-diferente que tenho passado na minha vida. Não preciso nem descrever já que as palavras são as minhas testemunhas nesses últimos dias.
O trabalho com as crianças está ótimo. Ontem nos reunimos com o Marcos e Vivis para estabelecer algumas estratégias para que possamos abençoá-las. Um delas é que o fotógrafo da nossa equipe (meu Best friend,André,como diz Jessica) está tirando foto de todas os pequenos para que as pessoas possam adotá-los para conseguirmos realizar uma grande festa de fim de ano. Então para você que quer colaborar até a próxima semana estarei divulgando no blog e no email as fotos para os futuros padrinhos.
Pela manhã eu e André tivemos uma pequena discussão e que chamou a atenção de todos os que estavam a nossa volta. Marcos nos chamou em um canto eu, André e Jessica conversamos sobre o que tinha acontecido, nos perdoamos e prometemos conversar novamente no fim do expediente da manhã.
Há algum tempo algumas situações foram guardadas e não estávamos sendo claros uns com os outros. Conversávamos, ríamos, planejávamos porém cada um no seu canto. Depois de tanto tempo de espera e de amizade o nosso relacionamento como amigos estava muito desgastado. E não estávamos sendo muito claros uns para os outros. Até gostaríamos de poder sentar e resolver toda a situação, porém com a correria da viagem e o stress que esta o trás resolvemos ficar calados sofrendo alguns pequenos desentendimentos aqui ou ali. Sabíamos que uma hora ou outra o copo ficaria cheio. E hoje foi o dia de colocarmos tudo em “pratos limpos”. Expor o coração, olhar nos olhos e falar o que estávamos sentindo. Cada um teve o seu momento de conversar eu, depois Jessica e por último André. Marcos e Viviane foram os facilitadores.
Por fim tudo se resolveu. Eu sinto como um bolo no qual a massa ainda está crua e que precisa de mais um tempo no calor do forno para que este se torne consistente. Nós somos esse bolo, Deus é o calor. E o tempo de Deus nos tornará mais fortes do que nunca.
Relacionamentos são assim. Pessoas conversam, discutem, se amam. O passado pode muitas vezes tentar romper com uma aliança, mas o passado não se muda. O que podemos fazer é mudar o hoje para que o futuro seja de progresso. E foi isso que fizemos hoje. Lançamos o que ficou para trás no mar do esquecimento e prosseguimos olhando para o alvo já que temos muitas coisas para se conquistar.
Disse hoje que a nossa equipe pode ter errado em muitas áreas, mas uma coisa fizemos e muito bem: nós soubemos sonhar e compartilhar esse sonho uns com os outros. E estar aqui em Angola e o real do que um dia era imaginário. Não podemos deixar estragar o que está sendo um momento único na nossa vida.
Essa é uma história que também pode ser a sua. Somos humanos e nos relacionamos. E relacionamento pode passar por esses momentos o que não podemos permitir é que o que é pequeno se torne grande e destrua o que Deus nos deu como tesouro.
O trabalho com as crianças está ótimo. Ontem nos reunimos com o Marcos e Vivis para estabelecer algumas estratégias para que possamos abençoá-las. Um delas é que o fotógrafo da nossa equipe (meu Best friend,André,como diz Jessica) está tirando foto de todas os pequenos para que as pessoas possam adotá-los para conseguirmos realizar uma grande festa de fim de ano. Então para você que quer colaborar até a próxima semana estarei divulgando no blog e no email as fotos para os futuros padrinhos.
Pela manhã eu e André tivemos uma pequena discussão e que chamou a atenção de todos os que estavam a nossa volta. Marcos nos chamou em um canto eu, André e Jessica conversamos sobre o que tinha acontecido, nos perdoamos e prometemos conversar novamente no fim do expediente da manhã.
Há algum tempo algumas situações foram guardadas e não estávamos sendo claros uns com os outros. Conversávamos, ríamos, planejávamos porém cada um no seu canto. Depois de tanto tempo de espera e de amizade o nosso relacionamento como amigos estava muito desgastado. E não estávamos sendo muito claros uns para os outros. Até gostaríamos de poder sentar e resolver toda a situação, porém com a correria da viagem e o stress que esta o trás resolvemos ficar calados sofrendo alguns pequenos desentendimentos aqui ou ali. Sabíamos que uma hora ou outra o copo ficaria cheio. E hoje foi o dia de colocarmos tudo em “pratos limpos”. Expor o coração, olhar nos olhos e falar o que estávamos sentindo. Cada um teve o seu momento de conversar eu, depois Jessica e por último André. Marcos e Viviane foram os facilitadores.
Por fim tudo se resolveu. Eu sinto como um bolo no qual a massa ainda está crua e que precisa de mais um tempo no calor do forno para que este se torne consistente. Nós somos esse bolo, Deus é o calor. E o tempo de Deus nos tornará mais fortes do que nunca.
Relacionamentos são assim. Pessoas conversam, discutem, se amam. O passado pode muitas vezes tentar romper com uma aliança, mas o passado não se muda. O que podemos fazer é mudar o hoje para que o futuro seja de progresso. E foi isso que fizemos hoje. Lançamos o que ficou para trás no mar do esquecimento e prosseguimos olhando para o alvo já que temos muitas coisas para se conquistar.
Disse hoje que a nossa equipe pode ter errado em muitas áreas, mas uma coisa fizemos e muito bem: nós soubemos sonhar e compartilhar esse sonho uns com os outros. E estar aqui em Angola e o real do que um dia era imaginário. Não podemos deixar estragar o que está sendo um momento único na nossa vida.
Essa é uma história que também pode ser a sua. Somos humanos e nos relacionamos. E relacionamento pode passar por esses momentos o que não podemos permitir é que o que é pequeno se torne grande e destrua o que Deus nos deu como tesouro.
quinta-feira, 21 de outubro de 2010
21/10/10 Perguntas
Por que o céu é azul? Por que o meu nariz é maior que o do Zezé? Por que tenho que acordar cedo para ir para a escola? Por que a minha namorada me abandonou? Por que isso tinha que acontecer comigo? Ele tinha que ir tão cedo?
Perguntas... A vida é feita de perguntas.
Entre a resposta e os questionamentos se encontra o ser humano. Ninguém nasce com resposta. Todos nascemos em meio aos pontos de interrogação. Se o nascer é questionamento o viver é buscar a respostas. E se soubermos quais são as principais resposta do porquê estar aqui, do que faremos e o que seremos, conseguimos ir bem no formulário de perguntas que Deus tem para nós. Ele quer que encontremos por nós mesmo já que nos deu capacidade para isso. Se o Zezé não é tão bom em cantar quanto o João, o João é bom em administrar quanto o Zezé, porém tanto um quanto outro têm algo em comum: todos eles nasceram aptos para conseguirem respostas para sua vida.
E se algo está acontecendo comigo não posso ignorar ou tapar os meus olhos e ver apenas o que quero. Devo encontrar e lutar para encontrar o porquê disso. Se dissermos que foi vontade de Deus que possamos ir fundo, no mais profundo da nossa alma para encontrar o anseio/desejo de nosso ser já que Jesus é o sim de todas as promessas e Deus é a respostas, vamos a fundo descobrir e saber o que Ele tem para nós e a resposta do que Ele é para nós.
Ontem no momento em que orava, me questionava de algumas coisas na minha vida que aconteceram e que eu nunca entendi. Algumas que ignorei. Outras em que insistem em me perturbar, mas que deixo no baú da memória bem escondido sob a poeira do tempo como se não existisse para mim ou se fosse uma página virada na minha vida. Mas ela ainda está lá . Intacta. Esperando que eu me revista do meu talento de alquimista e descubra desvendá-la. Conversando com Deus esses dias senti isso muito forte no meu coração. Deus não esconde nada. E se não entendo os porquês da vida eu posso descobrir porque Ele é a minha resposta. Moisés não entendeu o motivo pelo qual o seu povo era escravizado em busca de perguntas encontrou a missão de libertá-los já que nenhum deles nasceu para isso. Foi um homem que buscou a resposta para sua vida e encontrou. E foi a solução para os que não sabiam e não conheciam. No grito de desespero do profeta Isaías ele encontrou nas muitas palavras e promessas de Deus a resposta de um povo que vivia distante. Logo vejo que quando encontro e respondo ao meu ser o que tanto me incomoda encontro a vida que o Pai tem para mim. Nem todos nascem para ser rico. Nem todos nascem para ser presidente. Nem todos nascem para ser famosos, mas todos nascem para encontrar respostas.
Por que morreu? Por que se separou? Por que se foi? Deus é a resposta. Ele responde seja nas palavras, na brisa que bate no rosto, na profecia, no sorriso de uma criança. A partir disso, a linha que liga a minha vida ao trono se estiver embolada, cheias de nó gerando uma péssima comunicação se torna uma linha reta onde nos comunicamos diretamente e claramente com o autor da vida.
Perguntas... A vida é feita de perguntas.
Entre a resposta e os questionamentos se encontra o ser humano. Ninguém nasce com resposta. Todos nascemos em meio aos pontos de interrogação. Se o nascer é questionamento o viver é buscar a respostas. E se soubermos quais são as principais resposta do porquê estar aqui, do que faremos e o que seremos, conseguimos ir bem no formulário de perguntas que Deus tem para nós. Ele quer que encontremos por nós mesmo já que nos deu capacidade para isso. Se o Zezé não é tão bom em cantar quanto o João, o João é bom em administrar quanto o Zezé, porém tanto um quanto outro têm algo em comum: todos eles nasceram aptos para conseguirem respostas para sua vida.
E se algo está acontecendo comigo não posso ignorar ou tapar os meus olhos e ver apenas o que quero. Devo encontrar e lutar para encontrar o porquê disso. Se dissermos que foi vontade de Deus que possamos ir fundo, no mais profundo da nossa alma para encontrar o anseio/desejo de nosso ser já que Jesus é o sim de todas as promessas e Deus é a respostas, vamos a fundo descobrir e saber o que Ele tem para nós e a resposta do que Ele é para nós.
Ontem no momento em que orava, me questionava de algumas coisas na minha vida que aconteceram e que eu nunca entendi. Algumas que ignorei. Outras em que insistem em me perturbar, mas que deixo no baú da memória bem escondido sob a poeira do tempo como se não existisse para mim ou se fosse uma página virada na minha vida. Mas ela ainda está lá . Intacta. Esperando que eu me revista do meu talento de alquimista e descubra desvendá-la. Conversando com Deus esses dias senti isso muito forte no meu coração. Deus não esconde nada. E se não entendo os porquês da vida eu posso descobrir porque Ele é a minha resposta. Moisés não entendeu o motivo pelo qual o seu povo era escravizado em busca de perguntas encontrou a missão de libertá-los já que nenhum deles nasceu para isso. Foi um homem que buscou a resposta para sua vida e encontrou. E foi a solução para os que não sabiam e não conheciam. No grito de desespero do profeta Isaías ele encontrou nas muitas palavras e promessas de Deus a resposta de um povo que vivia distante. Logo vejo que quando encontro e respondo ao meu ser o que tanto me incomoda encontro a vida que o Pai tem para mim. Nem todos nascem para ser rico. Nem todos nascem para ser presidente. Nem todos nascem para ser famosos, mas todos nascem para encontrar respostas.
Por que morreu? Por que se separou? Por que se foi? Deus é a resposta. Ele responde seja nas palavras, na brisa que bate no rosto, na profecia, no sorriso de uma criança. A partir disso, a linha que liga a minha vida ao trono se estiver embolada, cheias de nó gerando uma péssima comunicação se torna uma linha reta onde nos comunicamos diretamente e claramente com o autor da vida.
quarta-feira, 20 de outubro de 2010
20/10/10 Novamente
Adivinhe quem me fez ficar acordado até 3 horas da manhã? Ele mesmo, o rato. Em uma noite em que precisamos descansar para que no outro dia possamos ter vigor para trabalhar durante o dia esse animal enviando do inferno insiste em acabar com a minha paz. Engraçado que isso só está acontecendo no nosso quarto todos os demais conseguem dormir tranquilamente. Toda noite antes de dormir temos nos unidos para orar para que Deus possa nos dar uma noite de tranqüilidade e paz, pois temos percebido que tudo isso que está acontecendo tem sido algo espiritual. Estamos em um país dominado pela feitiçaria. Angola teve nos últimos cinco anos consecutivos os piores feiticeiros de toda a África. Aqui acontece coisas que contando ninguém acredita, por exemplo, algumas pessoas que passam pela porta fechada (no post de ontem escrevi uma história que descreve bem essa situação). Para combater tudo isso só com muita oração e dedicação à palavra de Deus. Ontem pela manhã a Vivis nos contou durante o “mata-bicho” que durante a noite ela puxava o lençol do Marcos e que às vezes tinha ficava coberta e depois se descobria. Ao chegar à sala ela perguntou às crianças como tinha sido a noite delas e se elas tinham sonhado. Uma menina levantou o dedo e simplesmente descreveu tudo o que tinha acontecido com a Viviane na última noite. Depois ela nos contou que essa mesma menina, um determinado dia, enquanto o Marcos estava colocando o reboco da parede ela chegou, olhou e depois começou a falar umas palavras que imperceptíveis. Logo que terminou de falar o reboco da parede caiu. E nada fazia o reboco colar na parede. Marcos percebendo o que aconteceu, logo começou a orar e em pouco tempo o trabalho foi normalizado, conseguindo concluir o trabalho que precisava. Por isso, vocês que nos lêem, orem por mim, orem por nós que estamos aqui.
O dia de hoje foi um tempo muito agradável. A cada momento temos nos apaixonado por essas crianças. É a gente chegar que elas vêm correndo nos abraçar e nos encher de carinho. Hoje estavam bem agitadas, porém concluímos o que tínhamos proposto. Ontem nos reunimos e fizemos um planejamento para que consigamos alfabetizá-los. E o nosso tempo é curto já que o ano letivo aqui se encerra no dia 15 de novembro isso porque somos uma das poucas escolas que terminará as atividades nessa data. A maioria dos educandários encerram as suas atividades no fim de outubro, sem contar que os estudantes tem quatro férias anuais. Jessica já está sofrendo por antecedência (e eu também) já que quando nos despedirmos será difícil para todos nós.
Pensando comigo mesmo e me alegrando por viver essa oportunidade. Perdi, esse ano, muitas oportunidades de emprego, boas propostas financeiras. Para muitos uma perda, para mim felicidade. Porque para eu viver o que vivo hoje não há dinheiro que pague, não paga ter a minha vida marcada por um povo tão alegre e poder fazer diferença nesse país. Eu penso no dia em que estiver com os meus filhos a minha volta e ter muita história para contar. Isso para mim é riqueza; é ser próspero. Em um mundo tão capitalista e humanista muitas pessoas tem se esquecido que a riqueza está no próximo. Até porque para Deus o melhor da sua criação somos nós, ou seja, encontramos muita riqueza nas pessoas. Dizem que quando alguém morre não poderá levar nada daqui. É verdade, concordo plenamente! E se olharmos para um velório pergunta-se aonde se encontram o dinheiro, as posses, os investimentos? Todos eles ficam para trás. Agora quem faz diferença para outros a sua riqueza está nas pessoas no qual se construiu relacionamentos, amizades, laços de amor. Essas são as riquezas de quem se vai. Porque no coração dos que ficam permanece as boas lições e os momentos de comunhão.
Invista você também nisso e veja o quanto vale a pena.
Até amanhã... com noite tranqüila e sem rato
O dia de hoje foi um tempo muito agradável. A cada momento temos nos apaixonado por essas crianças. É a gente chegar que elas vêm correndo nos abraçar e nos encher de carinho. Hoje estavam bem agitadas, porém concluímos o que tínhamos proposto. Ontem nos reunimos e fizemos um planejamento para que consigamos alfabetizá-los. E o nosso tempo é curto já que o ano letivo aqui se encerra no dia 15 de novembro isso porque somos uma das poucas escolas que terminará as atividades nessa data. A maioria dos educandários encerram as suas atividades no fim de outubro, sem contar que os estudantes tem quatro férias anuais. Jessica já está sofrendo por antecedência (e eu também) já que quando nos despedirmos será difícil para todos nós.
Pensando comigo mesmo e me alegrando por viver essa oportunidade. Perdi, esse ano, muitas oportunidades de emprego, boas propostas financeiras. Para muitos uma perda, para mim felicidade. Porque para eu viver o que vivo hoje não há dinheiro que pague, não paga ter a minha vida marcada por um povo tão alegre e poder fazer diferença nesse país. Eu penso no dia em que estiver com os meus filhos a minha volta e ter muita história para contar. Isso para mim é riqueza; é ser próspero. Em um mundo tão capitalista e humanista muitas pessoas tem se esquecido que a riqueza está no próximo. Até porque para Deus o melhor da sua criação somos nós, ou seja, encontramos muita riqueza nas pessoas. Dizem que quando alguém morre não poderá levar nada daqui. É verdade, concordo plenamente! E se olharmos para um velório pergunta-se aonde se encontram o dinheiro, as posses, os investimentos? Todos eles ficam para trás. Agora quem faz diferença para outros a sua riqueza está nas pessoas no qual se construiu relacionamentos, amizades, laços de amor. Essas são as riquezas de quem se vai. Porque no coração dos que ficam permanece as boas lições e os momentos de comunhão.
Invista você também nisso e veja o quanto vale a pena.
Até amanhã... com noite tranqüila e sem rato
17/10/10 Outra história... Sobre rato.
Essa história foi contada para nós e aconteceu há pouco tempo em uma província próxima de onde estamos.
Um pastor angolano iniciou um trabalho em uma região próxima daqui e não pediu autorização para o sôba. Sôba é o feiticeiro da região e que tem poderes legais para tomar decisões dos moradores da sua região. Cada bairro tem um sôba. Se a pessoa quer comprar um casa ou vender um terreno esta tem que pedir uma autorização por escrito para que o seu desejo seja concretizado. E este pastor não pediu a permissão para que esse trabalho fosse realizado. Quando este entrou na casa um rato entrou e se escondeu. Este quando o procurou não o encontrou, logo percebeu que aquilo era uma investida maligna contra o trabalho que ele estava querendo realizar. O bicho que estava a sua vista de repente desapareceu. A caça no primeiro dia foi frustrada, nos demais dias a mesma coisa. Até que o pastor não agüentou e decretou um jejum para todos os que estavam presentes na casa incluindo o bebê. No mesmo dia o rato apareceu e o pastor com muita agilidade deu uma paulada na cabeça dele o levando a morte.
De repente se ouve os gritos de desespero que vinha da rua era uma mulher logo depois se reconheceu que era esposa do sôba e esta que gritava freneticamente e foi em direção a casa desse pastor gritando: vocês mataram o meu marido.
Um pastor angolano iniciou um trabalho em uma região próxima daqui e não pediu autorização para o sôba. Sôba é o feiticeiro da região e que tem poderes legais para tomar decisões dos moradores da sua região. Cada bairro tem um sôba. Se a pessoa quer comprar um casa ou vender um terreno esta tem que pedir uma autorização por escrito para que o seu desejo seja concretizado. E este pastor não pediu a permissão para que esse trabalho fosse realizado. Quando este entrou na casa um rato entrou e se escondeu. Este quando o procurou não o encontrou, logo percebeu que aquilo era uma investida maligna contra o trabalho que ele estava querendo realizar. O bicho que estava a sua vista de repente desapareceu. A caça no primeiro dia foi frustrada, nos demais dias a mesma coisa. Até que o pastor não agüentou e decretou um jejum para todos os que estavam presentes na casa incluindo o bebê. No mesmo dia o rato apareceu e o pastor com muita agilidade deu uma paulada na cabeça dele o levando a morte.
De repente se ouve os gritos de desespero que vinha da rua era uma mulher logo depois se reconheceu que era esposa do sôba e esta que gritava freneticamente e foi em direção a casa desse pastor gritando: vocês mataram o meu marido.
terça-feira, 19 de outubro de 2010
18/10/10 Um dia feliz
A noite novamente não foi das melhores porque os ratos voltaram e tiraram um pouco a minha paz e a do André. Conseguimos uma estratégia descobrindo o esconderijo deles e ligando nossas lanternas para que não saíssem e quando saiam nós dávamos um grito para que eles voltassem. Tenho percebido que a questão dos ratos tem sido uma questão mais espiritual do que natural. Hoje foi um dia que precisávamos estar dispostos já que começamos integralmente o trabalho com as crianças e como um modo de impedir isso ocorreu tal fato e para mim ainda teve um acréscimo já que não acordei bem da barriga. Porém isso não foi impedimento para que tivéssemos um dia muito proveitoso e feliz.
Acordamos bem cedo e tivemos um período de intercessão e após uma breve reunião com o Marcos e a Viviane. Estabelecemos algumas estratégias para o trabalho, “matabichamos” e fomos para o trabalho com as crianças. Foi uma festa quando chegamos, aliás, antes mesmo de nós as vermos elas já vem correndo ao nosso encontro, sempre com muitos beijos e abraços. Percebi que a Viviane é uma guerreira ao dar conta das 80 crianças. Elas não são mal-educadas, mas como toda criança gostam de gritar, fazer bagunça e de vez em quando brigarem umas com as outras. Elas são divididas em duas classes de 40 cada. A estrutura da sala de aula é razoável, como a da escola, já que a base tem dado almoço para todas elas. O problema maior é que faltam pessoas para ajudar. Tivemos que elaborar uma atividade no susto já que não tínhamos nada planejado. Jessica e André em uma sala, eu e Vivis em outra. Contei a história da arca de Noé (que na minha versão ficou “barco de Noé” para facilitar o aprendizado)e ensinei uma música. Para finalizar eu perguntei para a Viviane se tinha folha de papel para que elas desenhassem. Ela me respondeu afirmativamente e me levou na sala onde estavam. No meu pensar existia uma sala para os materiais didáticos. Eu quase sai correndo quando vi o estado da sala: folhas espalhadas para todos os lados parecendo que o furacão katrina tinha chegado a Benguela. Outro detalhe que é importante ressaltar para que vocês saibam como é a situação aqui é que as crianças são obrigadas a fazerem as suas necessidades fisiológicas no mato por não ter banheiro. Quero que vocês entendam que os missionários do projeto têm dado tudo o que podem para que esse trabalho tenha o mínimo de estrutura, mas por diversos motivos financeiros e de necessidades de pessoas são obrigados a enfrentarem esse tipo de situação. Quem vê, a vontade que dá é tirar tudo que você tem para que as crianças tenham o mínimo de condição. É triste ver um quadro desse. São inúmeras as necessidades que os obreiros passam, mas, sobretudo os aplaudo pela garra e o amor com que levam esse trabalho.
À tarde retornamos e mais uma vez tivemos que “se virar nos 30” para elaborar uma atividade para eles. Mais uma vez o grupo se separou em dois. A outra sala ó se ouvia a alta voz da Jessica para que eles ficassem quietos enquanto o André colocou o seu talento de advogado familiar tentando reconciliar as crianças que brigavam. Uma dificuldade que estamos enfrentando é que uma criança tem dois nomes podendo chegar a quatro nomes dificultando o ensinamento do próprio nome. Exemplo: uma menina foi registrada como Aline, conhecida pelos colegas como Julia e em casa chamada por poliana. Isso é normal aqui. Não só para as crianças como dos mais velhos.
Até amanhã!
Acordamos bem cedo e tivemos um período de intercessão e após uma breve reunião com o Marcos e a Viviane. Estabelecemos algumas estratégias para o trabalho, “matabichamos” e fomos para o trabalho com as crianças. Foi uma festa quando chegamos, aliás, antes mesmo de nós as vermos elas já vem correndo ao nosso encontro, sempre com muitos beijos e abraços. Percebi que a Viviane é uma guerreira ao dar conta das 80 crianças. Elas não são mal-educadas, mas como toda criança gostam de gritar, fazer bagunça e de vez em quando brigarem umas com as outras. Elas são divididas em duas classes de 40 cada. A estrutura da sala de aula é razoável, como a da escola, já que a base tem dado almoço para todas elas. O problema maior é que faltam pessoas para ajudar. Tivemos que elaborar uma atividade no susto já que não tínhamos nada planejado. Jessica e André em uma sala, eu e Vivis em outra. Contei a história da arca de Noé (que na minha versão ficou “barco de Noé” para facilitar o aprendizado)e ensinei uma música. Para finalizar eu perguntei para a Viviane se tinha folha de papel para que elas desenhassem. Ela me respondeu afirmativamente e me levou na sala onde estavam. No meu pensar existia uma sala para os materiais didáticos. Eu quase sai correndo quando vi o estado da sala: folhas espalhadas para todos os lados parecendo que o furacão katrina tinha chegado a Benguela. Outro detalhe que é importante ressaltar para que vocês saibam como é a situação aqui é que as crianças são obrigadas a fazerem as suas necessidades fisiológicas no mato por não ter banheiro. Quero que vocês entendam que os missionários do projeto têm dado tudo o que podem para que esse trabalho tenha o mínimo de estrutura, mas por diversos motivos financeiros e de necessidades de pessoas são obrigados a enfrentarem esse tipo de situação. Quem vê, a vontade que dá é tirar tudo que você tem para que as crianças tenham o mínimo de condição. É triste ver um quadro desse. São inúmeras as necessidades que os obreiros passam, mas, sobretudo os aplaudo pela garra e o amor com que levam esse trabalho.
À tarde retornamos e mais uma vez tivemos que “se virar nos 30” para elaborar uma atividade para eles. Mais uma vez o grupo se separou em dois. A outra sala ó se ouvia a alta voz da Jessica para que eles ficassem quietos enquanto o André colocou o seu talento de advogado familiar tentando reconciliar as crianças que brigavam. Uma dificuldade que estamos enfrentando é que uma criança tem dois nomes podendo chegar a quatro nomes dificultando o ensinamento do próprio nome. Exemplo: uma menina foi registrada como Aline, conhecida pelos colegas como Julia e em casa chamada por poliana. Isso é normal aqui. Não só para as crianças como dos mais velhos.
Até amanhã!
segunda-feira, 18 de outubro de 2010
17/10/10
-Marcos, como é o culto que participaremos no domingo?
- Não vou contar. É surpresa
- Por quê? Me conta!
-No domingo você vai ver
E o dia de ir para a igreja chegou.
Uma igreja muito pequena e que no momento em que chegamos tinha apenas algumas pessoas. O louvor já estava acontecendo. Mãos levantadas, olhos fechados e vozes parecendo um grande coral. Logo que me virei para trás o que era um pequeno grupo se tornou uma grande multidão que seguia o ritmo e cantavam ao som de uma doce melodia. Logo após algumas participações. Por falar nisso é engraçado porque no Brasil você geralmente espera para que a pessoa chegue até o altar e comece a fazer o que está proposto. Pelo menos na igreja de hoje a pessoa, se era para cantar, ela já o começava a fazer quando levantava do banco. Tivemos um jogral, depois o coral sempre recheados com muita música. Depois mais músicas. Aí foram os louvores agitados. O que antes eram canções como oração se tornou uma grande festa. Como esses angolanos dançam! O corpo todo se mexe. Balançam o quadril, mexem as mãos e cantam. E nem se importam quem está do lado. Eles fazem isso para Deus. É a maneira de eles louvarem a Deus. A todo hora o dirigente dizia: Amém! “Aleluiá” e toda a igreja dizia fervorosamente: Amém! Isso em todo o momento ou quando não diante de uma palavra de vitória a igreja toda levantava as mãos e balançava alegremente.
O momento da palavra chegou e a palavra do pastor foi baseada no sonho de José que se encontra nos últimos capítulos do livro de Gênesis. Uma palavra de ânimo para todos nós que estávamos presentes naquela grande celebração.
Na ceia foi servido o pão e o vinho (nesse caso é vinho de verdade acrescido de água). E todas as pessoas que estavam do lado de fora foram convidadas para entrarem. A igreja ficou lotada. O calor estava insuportável para mim, André e Jessica, mas para eles não. Aquele era um momento em que eles estavam esperando há seis dias. No momento da oração muitas pessoas se ajoelhavam, choravam muito e gritavam agradecidas pelo sacrifício de Cristo na cruz. Aquilo foi um grande confronto para mim no qual me perguntava: “será que eu estou dando valor a esse sacrifício?” O calor, o horário que já estava avançado, a igreja lotada, pessoas de pé e sem lugar onde se sentarem. Nada disso foi impedimento para que se derramassem diante daquele no qual tinham um grande amor: Jesus.
É claro que não passamos despercebidos já que éramos os únicos brancos no meio de toda aquela multidão. O pastor nos chamou pediu para que nos apresentássemos. Perguntou o que estávamos achando de Angola. E depois ele afirmou “Vocês estarão conosco no domingo!” Como ele estava me perguntando eu passei a bola para o Marcos que logo respondeu que tinha que ver a nossa agenda aqui. Ele não quis logo assumir um compromisso porque temos outras igrejas para visitar. E aqui em Angola quando vêem alguém novo eles querem exclusividade impedindo desenvolver um trabalho com outras igrejas. Como já falei, aqui a necessidade de pessoas é muito grande e quando aparece algum missionário de outro país é a oportunidade que eles tem para aprenderem.
No momento em que o Marcos falava, ele comentou: “eles ficarão aqui por dois meses, mas quem sabe um deles ficará aqui conosco por um bom tempo!” Um frio na espinha veio em mim e creio que o mesmo aconteceu com o André e a Jessica. Já que a cada dia a gente se identifica com Angola. Pegamos um amor muito grande por eles e o mesmo acontece com eles para conosco. Se ficaremos mais tempo ou não? Deixo essa resposta para Deus.
No fim do culto a esposa veio agradecer a nossa visita e ainda nos agraciou com uma garrafa de “sumo” (suco) e não nos deixou voltarmos de táxi conseguindo para nós uma “boleia” (carona) e ainda nos convidou para almoçarmos na semana que vem com eles (foi uma boa estratégia já que faz com que possamos ir ao culto no próximo domingo).
Hoje fiquei muito triste porque os adolescentes que aqui estão não podem ir a igreja. Eles amam ir a casa de Deus mas são impedidos porque a igreja mais próxima fica a quilômetros daqui e as outras é preciso pagar táxi. Para resolver essa situação só um carro que custa em média $ 7.000 (sete mil dólares).
À você leitor, muito obrigado por estar acompanha o blog. Hoje fui revisar o texto e vi alguns erros de português que cometi. Peço perdão porque escrevo e logo posto sem fazer revisão ortográfica. Assim que tiver tempo o farei.
- Não vou contar. É surpresa
- Por quê? Me conta!
-No domingo você vai ver
E o dia de ir para a igreja chegou.
Uma igreja muito pequena e que no momento em que chegamos tinha apenas algumas pessoas. O louvor já estava acontecendo. Mãos levantadas, olhos fechados e vozes parecendo um grande coral. Logo que me virei para trás o que era um pequeno grupo se tornou uma grande multidão que seguia o ritmo e cantavam ao som de uma doce melodia. Logo após algumas participações. Por falar nisso é engraçado porque no Brasil você geralmente espera para que a pessoa chegue até o altar e comece a fazer o que está proposto. Pelo menos na igreja de hoje a pessoa, se era para cantar, ela já o começava a fazer quando levantava do banco. Tivemos um jogral, depois o coral sempre recheados com muita música. Depois mais músicas. Aí foram os louvores agitados. O que antes eram canções como oração se tornou uma grande festa. Como esses angolanos dançam! O corpo todo se mexe. Balançam o quadril, mexem as mãos e cantam. E nem se importam quem está do lado. Eles fazem isso para Deus. É a maneira de eles louvarem a Deus. A todo hora o dirigente dizia: Amém! “Aleluiá” e toda a igreja dizia fervorosamente: Amém! Isso em todo o momento ou quando não diante de uma palavra de vitória a igreja toda levantava as mãos e balançava alegremente.
O momento da palavra chegou e a palavra do pastor foi baseada no sonho de José que se encontra nos últimos capítulos do livro de Gênesis. Uma palavra de ânimo para todos nós que estávamos presentes naquela grande celebração.
Na ceia foi servido o pão e o vinho (nesse caso é vinho de verdade acrescido de água). E todas as pessoas que estavam do lado de fora foram convidadas para entrarem. A igreja ficou lotada. O calor estava insuportável para mim, André e Jessica, mas para eles não. Aquele era um momento em que eles estavam esperando há seis dias. No momento da oração muitas pessoas se ajoelhavam, choravam muito e gritavam agradecidas pelo sacrifício de Cristo na cruz. Aquilo foi um grande confronto para mim no qual me perguntava: “será que eu estou dando valor a esse sacrifício?” O calor, o horário que já estava avançado, a igreja lotada, pessoas de pé e sem lugar onde se sentarem. Nada disso foi impedimento para que se derramassem diante daquele no qual tinham um grande amor: Jesus.
É claro que não passamos despercebidos já que éramos os únicos brancos no meio de toda aquela multidão. O pastor nos chamou pediu para que nos apresentássemos. Perguntou o que estávamos achando de Angola. E depois ele afirmou “Vocês estarão conosco no domingo!” Como ele estava me perguntando eu passei a bola para o Marcos que logo respondeu que tinha que ver a nossa agenda aqui. Ele não quis logo assumir um compromisso porque temos outras igrejas para visitar. E aqui em Angola quando vêem alguém novo eles querem exclusividade impedindo desenvolver um trabalho com outras igrejas. Como já falei, aqui a necessidade de pessoas é muito grande e quando aparece algum missionário de outro país é a oportunidade que eles tem para aprenderem.
No momento em que o Marcos falava, ele comentou: “eles ficarão aqui por dois meses, mas quem sabe um deles ficará aqui conosco por um bom tempo!” Um frio na espinha veio em mim e creio que o mesmo aconteceu com o André e a Jessica. Já que a cada dia a gente se identifica com Angola. Pegamos um amor muito grande por eles e o mesmo acontece com eles para conosco. Se ficaremos mais tempo ou não? Deixo essa resposta para Deus.
No fim do culto a esposa veio agradecer a nossa visita e ainda nos agraciou com uma garrafa de “sumo” (suco) e não nos deixou voltarmos de táxi conseguindo para nós uma “boleia” (carona) e ainda nos convidou para almoçarmos na semana que vem com eles (foi uma boa estratégia já que faz com que possamos ir ao culto no próximo domingo).
Hoje fiquei muito triste porque os adolescentes que aqui estão não podem ir a igreja. Eles amam ir a casa de Deus mas são impedidos porque a igreja mais próxima fica a quilômetros daqui e as outras é preciso pagar táxi. Para resolver essa situação só um carro que custa em média $ 7.000 (sete mil dólares).
À você leitor, muito obrigado por estar acompanha o blog. Hoje fui revisar o texto e vi alguns erros de português que cometi. Peço perdão porque escrevo e logo posto sem fazer revisão ortográfica. Assim que tiver tempo o farei.
Ao som do "kuduro"
Dançando ao som do “kuduro” um ritmo tipicamente angolano, ontem nos divertimos até o desligar do gerador. Eu tentei, mas não consegui. A Jessica timidamente também tentou, mas fracassou mexer o quadril. André nem se fala. Nem no samba conseguimos. Ao som de muitas risadas e gargalhadas eu pude refletir sobre a realidade dos Angolanos: eles são felizes. Ponto final. Enquanto eu estava quase passando mal por abstinência a internet eles se sentem felizes ao colocar o som bem alto, louvar e dançar. Essa é a maneira que eles têm de se divertirem, de colocarem cor a vida.
Acabei de conversar com o Marcos e a primeira lição que aprendi aqui em Angola foi desmistificar a idéia de que em Angola só encontramos pobreza, tristeza e que os missionários que aqui estão passam fome e usam boa parte do seu dia para curtirem uma “depre” pela falta dos seus familiares no Brasil.
Está tudo errado!!
Não é nada disso. Aqui os missionários vivem muito bem. Tem todas as coisas que uma pessoa necessita. Se alimentam bem, se divertem e são felizes, muito felizes. Vivem a valorização das suas vidas e dos seus ministérios se doando para o próximo. Falando sobre esse assunto com o Marcos ele me disse que boa parte que passam pela cabeça de muitos brasileiros e até estrangeiros é porque muitos deles abusam das imagens de pobreza para conseguirem um índice maior de popularidade.
Agora entendo que ser missionário e doar a sua vida integralmente para o evangelho, mas também é ser feliz, não se privar das coisas que você gosta. Se você já é assim, acrescente o fato de alegrar o coração de Deus. Alegria dobrada.
Hoje mais uma vez sai ao centro. Fomos às compras já que hoje é aniversário de um dos jovens daqui e decidimos fazer um jantar especial. Aqui você tem duas opções: ou o mercado de rua que são ambulantes berrando e vendendo todos os tipos de variedade ou o supermercado que em nada se difere das grandes redes de mercado do Brasil. E claro que a diferença do preço é absurda fazendo eu e André optarmos pelo mercado popular. Mas eu e ele não podemos comprar sozinhos tivemos que levar o Nanci conosco porque os angolanos vendo que somos brancos nos vendem com um altos juros (alguns chegando a 300% a mais). Eles acham que o branco tem dinheiro (no nosso caso isso é mentira). Saímos de lá abarrotados de batatas, tomates, carvão e alho. E na volta para casa muitas crianças dizendo o meu nome, sorrindo para mim e se alegrando pela presença de um visitante em sua terra.
Agora estou aqui escrevendo. Tem um monte de gente a minha volta olhando para o que estou escrevendo. Enquanto eu e milhares de outros brasileiros estamos se preocupando em baixar a última versão do Msn ou comprar o último modelo de celular anunciado na televisão ou até mesmo ser o centro da atenção por aquilo que veste ou aquilo que esta. Não sendo humano, estando humano. Os angolanos são felizes sem ter isso justamente por viverem na simplicidade da vida, vivendo e sendo humanos.
Acabei de conversar com o Marcos e a primeira lição que aprendi aqui em Angola foi desmistificar a idéia de que em Angola só encontramos pobreza, tristeza e que os missionários que aqui estão passam fome e usam boa parte do seu dia para curtirem uma “depre” pela falta dos seus familiares no Brasil.
Está tudo errado!!
Não é nada disso. Aqui os missionários vivem muito bem. Tem todas as coisas que uma pessoa necessita. Se alimentam bem, se divertem e são felizes, muito felizes. Vivem a valorização das suas vidas e dos seus ministérios se doando para o próximo. Falando sobre esse assunto com o Marcos ele me disse que boa parte que passam pela cabeça de muitos brasileiros e até estrangeiros é porque muitos deles abusam das imagens de pobreza para conseguirem um índice maior de popularidade.
Agora entendo que ser missionário e doar a sua vida integralmente para o evangelho, mas também é ser feliz, não se privar das coisas que você gosta. Se você já é assim, acrescente o fato de alegrar o coração de Deus. Alegria dobrada.
Hoje mais uma vez sai ao centro. Fomos às compras já que hoje é aniversário de um dos jovens daqui e decidimos fazer um jantar especial. Aqui você tem duas opções: ou o mercado de rua que são ambulantes berrando e vendendo todos os tipos de variedade ou o supermercado que em nada se difere das grandes redes de mercado do Brasil. E claro que a diferença do preço é absurda fazendo eu e André optarmos pelo mercado popular. Mas eu e ele não podemos comprar sozinhos tivemos que levar o Nanci conosco porque os angolanos vendo que somos brancos nos vendem com um altos juros (alguns chegando a 300% a mais). Eles acham que o branco tem dinheiro (no nosso caso isso é mentira). Saímos de lá abarrotados de batatas, tomates, carvão e alho. E na volta para casa muitas crianças dizendo o meu nome, sorrindo para mim e se alegrando pela presença de um visitante em sua terra.
Agora estou aqui escrevendo. Tem um monte de gente a minha volta olhando para o que estou escrevendo. Enquanto eu e milhares de outros brasileiros estamos se preocupando em baixar a última versão do Msn ou comprar o último modelo de celular anunciado na televisão ou até mesmo ser o centro da atenção por aquilo que veste ou aquilo que esta. Não sendo humano, estando humano. Os angolanos são felizes sem ter isso justamente por viverem na simplicidade da vida, vivendo e sendo humanos.
sábado, 16 de outubro de 2010
Uma benguela desconhecida
O raio do fuso horário continua a me atingir. Essa noite fiquei mais acordado do que dormindo. Eu não sei o que foi, de qualquer forma coloco a culpa no fuso horário. Se algo não der certo é só colocar a culpa na diferença de horário. O Marcos por exemplo é um. Apesar de morar aqui há quatro meses qualquer cansaço ou dor de cabeça ele põe a culpa no fuso horário.
Hoje fizemos uma longa caminhada diversas motos e vans para nós levar a outra parte da cidade conhecida como Benguela. Sobe morro, desce morro, pega moto, desce da moto, pega um carro (táxi), entra em uma van em um lugar aonde pessoas passam e gritam freneticamente e caminha por um bom pedaço para chegar a uma outra base da JOCUM.
Antes de falar sobre o que aconteceu lá faço uma pausa para falar sobre a situação das mulheres angolanas. São mulheres lindas e que não se intimidam em trabalhar e trazer o seu alimento para casa como vi na grande praça. Aliás, boa parte dos ambulantes da cidade são elas que dominam. Muitas deles trabalham e são obrigadas a levar o alimento para casa para alimentar tanto o filho como o marido. Aqui ainda existe um pouco de machismo de homens que esperam que elas tirem os seus sapatos e os sirvam a janta e de quebra ainda cuidem dos filhos. E se não fazem muito bem, apanham. Isso é normal aqui assim como ter muitos filhos. Segundo a cultura angolana uma mulher nasce com diversos fetos no seu ventre. E ela simplesmente tem que por todos “para fora”, ou seja, não existe a palavra anticoncepcional, planejamento familiar, nem se fala. E muitas delas seguem essa “regra” porque o número de mortes é grande.Esta tem sido a realidade de muitas mulheres que tem lutado para conseguirem estudar e até mesmo conseguirem um lugar na sociedade.
Voltando, chegamos a base. Um lugar com muitas árvores que no passado era habitado por antigos combatentes da guerra e que nos final dela foi doada para JOCUM desenvolver projetos humanitários. Ela é dirigida por dois brasileiros que perderam completamente o sotaque brasileiro. Um deles foi muito aberto a nos contar os trabalhos desenvolvidos com a comunidade local. Grande parte deles é voltado para educação com a missão de levar crianças e adultos a lerem. Foi triste ver que um lugar tão bonito como aquele e com uma estrutura espetacular estava necessitando de voluntários. Esse líder não hesitou em nos convidar mais de três vezes para integrarmos ao grupo de voluntários. Demos boas risadas com eles principalmente eu por ele ser carioca( agora que eu descobrir que encontrar um outro carioca gera muitos assuntos eu não quero outra coisa).
Na volta, após nos despedimos de todos fomos ao supermercado que não se difere nada dos supermercados brasileiros e retornamos para via dolorosa dos muitos automóveis que tínhamos que pegar. Quando estávamos na moto um dos muitos moradores que acenavam para nós um deles falou para a Viviane “chinesa” (ela disse depois que muitos moradores a confundem com um chinesa) logo ela se virou para trás e disse: “Não! Sou Brasileira!” Ele rapidamente retrucou: “Lula da Silva”. Eu me perguntei sarcasticamente: “ Será que o Angolanos estão apoiando a candidatura de Dilma?
Para finalizar eu queria que você que está me acompanhado junto comigo pensasse: “O que posso fazer por angola?” Acabei de ler um livro chamado “ a terceira xícara de chá” que conta a história de um alpinista que após uma subida frustrante para o k12 foi parar em uma aldeia de afegãos. Como retribuição a tanto amor dado a ele este perguntou o que poderia fazer para ajudá-los. O líder respondeu: “Monte uma escola”. Após algumas tentativas falhas de conseguir verbas para conseguir tal feito esse americano conseguiu uma ajuda de 20 mil dólares o que foi suficiente para construir um escola. O que era para ser uma virou mais de 35 em todo o Afeganistão, hoje considerado um dos lugares mais perigosos do mundo, principalmente para americanos. Tenho certeza que quando ele falecer muitos choraram e se lembraram de um homem que mudou o mundo.
Você, eu, o que temos feito para mudar o mundo?
Hoje fizemos uma longa caminhada diversas motos e vans para nós levar a outra parte da cidade conhecida como Benguela. Sobe morro, desce morro, pega moto, desce da moto, pega um carro (táxi), entra em uma van em um lugar aonde pessoas passam e gritam freneticamente e caminha por um bom pedaço para chegar a uma outra base da JOCUM.
Antes de falar sobre o que aconteceu lá faço uma pausa para falar sobre a situação das mulheres angolanas. São mulheres lindas e que não se intimidam em trabalhar e trazer o seu alimento para casa como vi na grande praça. Aliás, boa parte dos ambulantes da cidade são elas que dominam. Muitas deles trabalham e são obrigadas a levar o alimento para casa para alimentar tanto o filho como o marido. Aqui ainda existe um pouco de machismo de homens que esperam que elas tirem os seus sapatos e os sirvam a janta e de quebra ainda cuidem dos filhos. E se não fazem muito bem, apanham. Isso é normal aqui assim como ter muitos filhos. Segundo a cultura angolana uma mulher nasce com diversos fetos no seu ventre. E ela simplesmente tem que por todos “para fora”, ou seja, não existe a palavra anticoncepcional, planejamento familiar, nem se fala. E muitas delas seguem essa “regra” porque o número de mortes é grande.Esta tem sido a realidade de muitas mulheres que tem lutado para conseguirem estudar e até mesmo conseguirem um lugar na sociedade.
Voltando, chegamos a base. Um lugar com muitas árvores que no passado era habitado por antigos combatentes da guerra e que nos final dela foi doada para JOCUM desenvolver projetos humanitários. Ela é dirigida por dois brasileiros que perderam completamente o sotaque brasileiro. Um deles foi muito aberto a nos contar os trabalhos desenvolvidos com a comunidade local. Grande parte deles é voltado para educação com a missão de levar crianças e adultos a lerem. Foi triste ver que um lugar tão bonito como aquele e com uma estrutura espetacular estava necessitando de voluntários. Esse líder não hesitou em nos convidar mais de três vezes para integrarmos ao grupo de voluntários. Demos boas risadas com eles principalmente eu por ele ser carioca( agora que eu descobrir que encontrar um outro carioca gera muitos assuntos eu não quero outra coisa).
Na volta, após nos despedimos de todos fomos ao supermercado que não se difere nada dos supermercados brasileiros e retornamos para via dolorosa dos muitos automóveis que tínhamos que pegar. Quando estávamos na moto um dos muitos moradores que acenavam para nós um deles falou para a Viviane “chinesa” (ela disse depois que muitos moradores a confundem com um chinesa) logo ela se virou para trás e disse: “Não! Sou Brasileira!” Ele rapidamente retrucou: “Lula da Silva”. Eu me perguntei sarcasticamente: “ Será que o Angolanos estão apoiando a candidatura de Dilma?
Para finalizar eu queria que você que está me acompanhado junto comigo pensasse: “O que posso fazer por angola?” Acabei de ler um livro chamado “ a terceira xícara de chá” que conta a história de um alpinista que após uma subida frustrante para o k12 foi parar em uma aldeia de afegãos. Como retribuição a tanto amor dado a ele este perguntou o que poderia fazer para ajudá-los. O líder respondeu: “Monte uma escola”. Após algumas tentativas falhas de conseguir verbas para conseguir tal feito esse americano conseguiu uma ajuda de 20 mil dólares o que foi suficiente para construir um escola. O que era para ser uma virou mais de 35 em todo o Afeganistão, hoje considerado um dos lugares mais perigosos do mundo, principalmente para americanos. Tenho certeza que quando ele falecer muitos choraram e se lembraram de um homem que mudou o mundo.
Você, eu, o que temos feito para mudar o mundo?
sexta-feira, 15 de outubro de 2010
Veias à mostra
Eu pensei que fosse palhaçada ou desculpas para algumas pessoas curtirem um pouco mais da preguiça. Mas não é. O corpo sente a diferença do fuso horário. Nesse momento em que eu escrevo sinto muito cansaço no meu corpo e uma leve dor de cabeça ao mesmo tempo não consigo dormir nem descansar já que são 15:32 da tarde. O medo de passar a noite sem piscar os olhos é grande. Até que essa última noite pude descansar bastante já que tivemos um operação “caça-rato” onde se fechou todas as possíveis saídas de onde o bicho poderia entrar como foi colocado um “jantar” para os nosso amigos (nada que um bom veneno para mudar tudo isso). Às 7 da manhã já estava de pé e comendo meu mata-bicho (ainda não me acostumei com o título que deram para o café da manhã). Até que estou me acostumando já a papa, o leite em pó tem ajudado bastante. Quero que vocês entendam que isso não é frescuramas é algo que todo o estrangeiro precisa passar. Semana que vem já estou me alimentando como um angolano, espero. Logo após a refeição o André foi ao centro da cidade para comprar um modem para internet e eu e Jessica seguimos para o trabalho com as crianças. Quando chegamos a Viviane estava em uma atividade com as crianças. Então evitamos de nos aproximar para que não as dispersassem. Aproveitamos o momento para conversar com um dos adolescentes que moram conosco. E apesar de viver na flor da adolescência ele parecia um livro de história ambulante. A sua paixão por essa matéria fez com que ele nos contasse detalhadamente tudo o que Angola viveu no seu tempo de guerra.As marcas ainda estão muito claras na vida de cada um deles. Mesmo que não saibam o que aconteceu no passado ele se torna presente em suas atitudes, na garra e na esperança de dias melhores. Cada pergunta que fazíamos parecia algo que o incentivava a falar com os olhos brilhantes que amava o país em que morava. Quando perguntei que profissão queria seguir ele me contou que o seu objetivo era ser engenheiro, mas seu sonho era ser presidente da nação. E quando perguntado sobre o porquê dessa escolha a resposta que veio foi simplismente essa: “Porque quero ajudar o meu povo”. Isso me fez pensar que o que nós faz crescermos na vida não é o dinheiro mas persistir nos sonhos que Deus nos dá. Quanto de nós já desistimos por que se cansou ou porque simplismente alguém lhe disse que não era possível? A primeira lição que aprendi é que não importa aonde estou ou que situação, o que me faz vencendo é insistir. Para finalizar a conversa aprendemos a buscar água no poço (parece simples, mas nem tanto). O fato de buscarmos água no poço e que tanto a luz quanto a água são financiadas pelos próprios moradores. Então teremos que se alimentar e tomar banho com a água do poço até amanhã pois é o dia que o caminhão pipa vem para a comunidade trazer água (e é um preço muito caro).
Visto que as atividades tinham encerrado, aproveitamos o momento da recreação para falar com as crianças. Quando nos viram fizeram uma festa, nos abração e voltaram a tocar em nós como se fóssemos a lady gaga e o Justin Bieber de Angola. Estavam tão animadas que eu não conseguia ficar em pé. Eram abraços para todos os lados. Eu não me sentia que estava me tocando. Como ontem foram os pés que me tocaram, hoje foi as mãos. Eles me pediam para que eu abrisse e olhavam atentamente como se fossem um cigano lendo o futuro nas palmas das mãos. Quando eu perguntei o motivo pelo qual queria ver a minha mão eles me responderam : “sangue”. E mostraram as suas mãos que eram amarelas. Quem tem a cor clara, geralmente tem as palmas vermelhas e as veias amostra. Outra coisa que parecia ser inédito para eles. Um deles virou para mim e disse: Você é bonito porque é mulato. Eu sou feio porque sou negro como um carvão”. No mesmo momento lembrei a ele a música que eles amam cantar: “Obâ, Jesus me ama. Não importa a aparência o que importa é o coração”. Nesse momento falei para ele que eu era bonito por causa do meu coração e não pela minha cor. Os seus olhos pareciam soltar do rosto desse menino tão pequeno e que já tinha a vida marcada pelo preconceito. As palavras fazem diferença na vida de outra pessoa.
No momento em que estávamos cantando e dançando (eles me ensinam as músicas que eu não sei cantar, inclusive os passos). E quando terminavam voltavam a me abraçar. Enquanto me apertavam eu pensava: Não só elas precisam de amor. Eu também. Eu não só estou aqui por causa delas, mas elas estão aqui por minha causa também. Porque todos nós somos carentes e só nos completaremos quando entendermos o princípio bíblico que diz: “Ame ao Senhor de todo o coração e o próximo como a ti mesmo”.
Quantas pessoas me passaram pela cabeça: Gabriel, Beatriz, meus pais, Mariana, Jonathas, Raphael, D. Maria de Lourdes, Ricardo e tantos outros que poderiam ter a mesma oportunidade que eu estou tendo. Eu não sei o que fazer, mas tenho pedido para Deus o que fazer por eles. No que posso me sacrificar por tantas vidas marcadas? Eu não sei o que nós, brasileiro poderemos fazer para ajudar os nossos irmãos que estão próximos de nós?
Essa resposta só quem poderá me responder é Deus. E eu sei que existe uma resposta para isso: basta descobrir.
Visto que as atividades tinham encerrado, aproveitamos o momento da recreação para falar com as crianças. Quando nos viram fizeram uma festa, nos abração e voltaram a tocar em nós como se fóssemos a lady gaga e o Justin Bieber de Angola. Estavam tão animadas que eu não conseguia ficar em pé. Eram abraços para todos os lados. Eu não me sentia que estava me tocando. Como ontem foram os pés que me tocaram, hoje foi as mãos. Eles me pediam para que eu abrisse e olhavam atentamente como se fossem um cigano lendo o futuro nas palmas das mãos. Quando eu perguntei o motivo pelo qual queria ver a minha mão eles me responderam : “sangue”. E mostraram as suas mãos que eram amarelas. Quem tem a cor clara, geralmente tem as palmas vermelhas e as veias amostra. Outra coisa que parecia ser inédito para eles. Um deles virou para mim e disse: Você é bonito porque é mulato. Eu sou feio porque sou negro como um carvão”. No mesmo momento lembrei a ele a música que eles amam cantar: “Obâ, Jesus me ama. Não importa a aparência o que importa é o coração”. Nesse momento falei para ele que eu era bonito por causa do meu coração e não pela minha cor. Os seus olhos pareciam soltar do rosto desse menino tão pequeno e que já tinha a vida marcada pelo preconceito. As palavras fazem diferença na vida de outra pessoa.
No momento em que estávamos cantando e dançando (eles me ensinam as músicas que eu não sei cantar, inclusive os passos). E quando terminavam voltavam a me abraçar. Enquanto me apertavam eu pensava: Não só elas precisam de amor. Eu também. Eu não só estou aqui por causa delas, mas elas estão aqui por minha causa também. Porque todos nós somos carentes e só nos completaremos quando entendermos o princípio bíblico que diz: “Ame ao Senhor de todo o coração e o próximo como a ti mesmo”.
Quantas pessoas me passaram pela cabeça: Gabriel, Beatriz, meus pais, Mariana, Jonathas, Raphael, D. Maria de Lourdes, Ricardo e tantos outros que poderiam ter a mesma oportunidade que eu estou tendo. Eu não sei o que fazer, mas tenho pedido para Deus o que fazer por eles. No que posso me sacrificar por tantas vidas marcadas? Eu não sei o que nós, brasileiro poderemos fazer para ajudar os nossos irmãos que estão próximos de nós?
Essa resposta só quem poderá me responder é Deus. E eu sei que existe uma resposta para isso: basta descobrir.
Nos acostumando
Apesar da noite turbulenta por causa do nosso amigo rato. Eu desisti de caçá-lo e voltei a dormir. O medo de ele passar por cima de mim era grande, mas eu decidi dar vazão ao meu cansaço. Às vezes escutava um barulho acordava e ligava a lanterna para ver se achava-o. E sempre que fazia isso era obrigado a ouvir o resmungo do André já que toda a vez que eu ligava sempre acendia no rosto dele. Às 5 da manhã eu consegui achá-lo por em cima do teto caminhando como se nada tivesse acontecido. Acordamos às 8:30 e a mesa já estava pronta para o café da manhã ou mata-bicho como é conhecida a refeição matinal daqui. Não existe pão ou café é simplesmente o “funji” uma papa branca feita de feijão e milho (o gosto é muito parecido com o mingau). Eu enchi o meu de leite em pó só assim ficava mais gostoso. Até que achei bom. Eu fiz uma cara feia, mas com tempo acho que vou me acostumar a “matabichá”. Logo após o Marcos nos levou ao trabalho feito com as crianças na base. Ao todo 80 crianças são assistidas pelos missionários que aqui vivem. Quando chegamos todas eles estavam na “bicha” (fila) para beber água. Marcos nos disse que muitas delas não tem nem água para beber em casa e a única oportunidade que tem para matarem a sede. E quando ela nos viram os olhos pareciam brilhar. Estavam a nossa espera há dias e não viam o tempo de nos conhecer. Não foi necessário apresentação já que elas nos conheciam pelo nome. Como não tem professora para ambas as turmas a Viviane tinha que se revezar para dar conta das duas classes. Eu e Jessica ficamos em uma turma. Para entreter-las a Viviane escolhia uma delas para cantar uma música. Então o elegido escolhia uma canção, começava a cantar enquanto todas as outras se levantavam e começavam a dançar fevorosamente e dançar com um animação que eu nunca vi em nenhuma criança brasileira. E assim revesavam sem se cansar, sem parar de sorrir e cantar. Antes de irmos embora todas elas nos acompanharam e nos abraçavam freneticamente em um momento em senti algo nos meus pés e algumas delas estavam tocando neles. Depois de nos despedirmos eu perguntei porque ela tocavam nos meus pés, a Viviane me respondeu: “porque você e branco e porque eles se sentem amados já que não tem esse amor dentro de suas casas”. Para mim essa experiência foi suficiente para o dia.
Hoje eu pude entender um pouco que todos nós temos uma missão diante de Deus. Todos nós fazemos diferença nesse reino. Todos nós somos partes importante nesse corpo e nos complementamos. Nem todos que me lêem viram a Angola porque esse não seja o seu chamado, mas de uma coisa eu tenho certeza para todas as pessoas existem vidas que precisam pelo menos de um abraços, braços que transmitam calor e que transforme vidas principalmente se em nós estiver a luz que se chama Jesus.
Hoje eu pude entender um pouco que todos nós temos uma missão diante de Deus. Todos nós fazemos diferença nesse reino. Todos nós somos partes importante nesse corpo e nos complementamos. Nem todos que me lêem viram a Angola porque esse não seja o seu chamado, mas de uma coisa eu tenho certeza para todas as pessoas existem vidas que precisam pelo menos de um abraços, braços que transmitam calor e que transforme vidas principalmente se em nós estiver a luz que se chama Jesus.
Angola, Enfim aqui.
Cheguei aqui.
Depois de dois dias de muita correria, stress, malas para fazer, enfim cheguei em Angola. Acordamos na segunda-feira às 5:20 da manhã, pegamos as malas e com mais ou menos 10 malas que pesavam aproximadamente 240 kg. Chegamos as 11:30 em São Paulo, fizemos o check in e fomos para sala de embarque. Aquilo para nós parecia um sonho. Nós sempre dizíamos que só acreditaríamos que estávamos indo para Angola quando estivéssemos dentro do avião. E agora isso era realidade. Três brasileiros e missionários a espera do vôo que nos levaria a tão sonhada terra. Para mim angola já começou dentro do avião. A política da empresa aérea angola é bem diferente das brasileiras. Para começar que após despacharmos as nossas malas ficamos com 2 violões, 4 sacos com fantoches, 3 mochilas e dois travesseiros. Não podíamos despachar isso embaixo senão pagaríamos 200 dólares a mais, valor que não tínhamos. Na verdade não tínhamos dinheiro mais para nada. Até o valor que tínhamos que levar foi um milagre quando a atendente da agencia me ligou dizendo que tinha sobrado um valor das nossas passagens. Esse valor dividido foi o suficiente para trazermos para cá. Ao entrarmos no avião, estávamos bem temerosos com medo de não entrarmos pelo volume que levávamos. Entramos. Ninguém falou nada.
No avião foi outra história. A maioria das comissárias de bordo tinha idade para ser minha avó. Algumas chegavam a ser ignorantes no tratamento dos passageiros. Enfrentaríamos oito horas de vôo. Vimos filme, conversamos, ficamos em pé no avião, comemos, tudo para fazer a hora passar. Eu decidi fazer um teste e tomar um dramim, um remédio para enjôo que dá sono. Eu tomei e nada aconteceu. Depois de 40 minutos eu não conseguia sequer abri os meus olhos eu parecia um paciente dopado. Até para sair do avião mesmo em pé, André e a Jessica tiveram que gritar comigo, já que todo mundo tinha descido do avião e eu ainda estava em pé olhando para o nada.
Ao descermos do avião, antes de pisar de fato no chão de Angola. Eu segurei na mão da Jessica e falei: “Senhor, que os nossos pés estejam a benção de Josué quando o Senhor fala para ele que aonde pisar a planta dos pés o senhor estaria nos dando como posse.”. Eu acredito que Deus me trouxe para cá para fazer a diferença nesse lugar e eu queria que o meu primeiro passe fosse declarando através da palavra que a minha vinda aqui será para fazer a diferença.
Após passar por todo o processo burocrático da alfândega chegamos ao aeroporto de Luanda. Eu pensava que era um grande complexo com diversos aviões e pessoas andando de um lado para o outro, porém para minha surpresa era um aeroporto bem pequeno. Ao chegarmos nos deparamos com muitas placas de empresas, mas nenhumas delas continha o nosso nome. Assim, entendemos que os missionários que estariam lá para nos buscar não haviam comparecido. Isso devia ser por volta das 4:30 de Angola (sabendo-se que a diferença de fuso horário é de 4 horas). Nós três colocamos as nossas malas em um canto e ficamos esperando. A espera já estava nos deixando nervoso. Um país desconhecido, onde éramos desconhecidos por todos. Para relaxar a Jessica decidiu fazer um show particular com os fantoches que levamos. Muitos Angolanos viam e começavam a ri. Só às 7:30 da manhã o missionário chegou. Colocamos todas as malas no carro. O trânsito era uma coisa de louco. Uma pista que era para dois carros, andavam três, quatro. Vimos um carro encontrar em uma moto, onde o piloto quase caiu. Para mim ali começaria uma confusão e para minha surpresa ele se levantou e começou a ri com o motorista de carro como se aquilo fosse uma piada muito engraçada.
Com fome e cansados fomos direto para um ponto aonde saiam todos os ônibus para as outras cidades. A poeira tomava conta daquele lugar, vendendores ambulantes gritando oferecendo as suas muambas. Compramos as passagens, despachamos todas as nossas malas, nos despedimos dos missionários que vieram nos trazer e logo subimos para o ônibus. A mim me pareceu que todo o país entrou naquele ônibus. Eram pessoas com roupas diferentes, mães que carregavam os seus filhos em um pedaço de pano nas costas. Essa cena fez com que eu acordasse e visse que eu estava em um outro país, do outro lado do oceano, numa cultura completamente diferente. Uma criança que estava na nossa frente tinha a sua cabeça coberta por feridas. No calor insuportável sentamos e logo vi a cara da Jessica. Acho que ela queria chorar, talvez estivesse perguntando para si mesma o que estava fazendo ali. Os seus olhos fugiam para a realidade que estava bem na nossa frente. O calor era insuportável, o banco não reclinava. Mas nesses momentos em que estávamos vivendo esse choque no momento veio a minha mente: “ O meu Jesus caminharia por aqui”. Aquilo se traduziu em alegria para mim. Fazer e cumprir uma missão que Deus colocou na minha vida. Nesse momento minha visão mudou. Eu comecei a ver cor no que estava preto-e-branco. Eu vi uma mãe que estava na minha frente com roupas típicas da sua terra, lenços na cabeça e amamentava seu filho e com a outra mão fazia comida para o seu outro menino. Fazia sem problemas e sem reclamar. Um menino ao meu lado que viu a mãe nesse estado pegou o menino no colo e começou a embalar para que ele dormisse como se fosse o seu irmão mais novo e como mais velho tinha que dar a proteção para ele, na verdade ele era um estranho, mas ele levou aquilo como um ato de amor.
Esse que foi o país que eu comecei a observar.
A paisagem que corria através da janela do ônibus era de tribos, angolanas lavando suas roupas no rio e por vezes uma região semi-árida com uma árvore sem folhas que modificava um pouco aquele quadro. Muitos lugares onde os nossos olhos foram testemunhas.
Depois de três horas consecutivas de estrada o ônibus fez uma parada. Não foi em um posto de gasolina com restaurantes e banheiro, mas foi no meio de uma estrada poeirenta aonde mulheres corriam em direção ao ônibus oferecendo mandioca, biscoitos e gasosas (refrigerante). Jessica precisava ir ao banheiro e como André já estava dormindo eu me ofereci para ir com ela. Chegamos a um grupo de homens e perguntei: “Aonde é o quarto de banho (banheiro)”. Ele virou para mim e me apontou com o dedo aonde era e voltou a jogar cartas. Caminhamos por um lugar apertado que parecia um beco. Chegamos a um cubículo aonde sequer tinha teto. Empurrei a porta que insistia ficar fechada. E quando esta se abriu nos deparamos com um buraco. Apenas um buraco. Eu não sei como a Jessica conseguiu, mas ela conseguiu urinar (não me pergunte como!).
Após 8 horas de viagem e algumas tentativas frustradas de dormir nos deparamos com o Marcos (obreiro e líder da nossa equipe em Angola) entrando em nosso ônibus onde seus grandes olhos verdes mostravam alegria de nos receber em seu novo país/lar nos convidando a descer. Mais uma vez retiramos todo o peso do ônibus e ficamos esperando uma hora a mais para chegar um carro que nos levaria para a base. Após a chegada de um brasileiro que falava como um angolano, começamos outra viagem. A nossa frente estava morros e mais morros com diversas casas de barro e crianças que gritavam “Brasileiro, brasileiro” e acenavam as suas mãos para nós, algumas ousavam a correr atrás do nosso carro como se fossemos alguma celebridade.’ O carro tinha que agüentar os subidas íngremes que tinha que passar para chegar na base. Fomos recepcionados pela Viviane, esposa do Marcos com um grande sorriso e de braços abertos. Fomos apresentados a nova casa. Muitos angolanos, principalmente crianças e que foram adotadas por um casal de angolanos. De cara, um choque para quem estava acostumado a viver no conforto, com boa comida. Essa será a nossa nova casa durante 60 dias. O meu quarto junto com André era só poeira e com dois colchões. Tomamos banho, jantamos e às 8 da noite fomos nos deitar já que estávamos a mais ou menos 22 horas viajando sem parar.
Por volta das 1 da manhã acordo com o André e em pé tentando pegar um convidado que estava escondido em nosso quarto: um rato.
Depois de dois dias de muita correria, stress, malas para fazer, enfim cheguei em Angola. Acordamos na segunda-feira às 5:20 da manhã, pegamos as malas e com mais ou menos 10 malas que pesavam aproximadamente 240 kg. Chegamos as 11:30 em São Paulo, fizemos o check in e fomos para sala de embarque. Aquilo para nós parecia um sonho. Nós sempre dizíamos que só acreditaríamos que estávamos indo para Angola quando estivéssemos dentro do avião. E agora isso era realidade. Três brasileiros e missionários a espera do vôo que nos levaria a tão sonhada terra. Para mim angola já começou dentro do avião. A política da empresa aérea angola é bem diferente das brasileiras. Para começar que após despacharmos as nossas malas ficamos com 2 violões, 4 sacos com fantoches, 3 mochilas e dois travesseiros. Não podíamos despachar isso embaixo senão pagaríamos 200 dólares a mais, valor que não tínhamos. Na verdade não tínhamos dinheiro mais para nada. Até o valor que tínhamos que levar foi um milagre quando a atendente da agencia me ligou dizendo que tinha sobrado um valor das nossas passagens. Esse valor dividido foi o suficiente para trazermos para cá. Ao entrarmos no avião, estávamos bem temerosos com medo de não entrarmos pelo volume que levávamos. Entramos. Ninguém falou nada.
No avião foi outra história. A maioria das comissárias de bordo tinha idade para ser minha avó. Algumas chegavam a ser ignorantes no tratamento dos passageiros. Enfrentaríamos oito horas de vôo. Vimos filme, conversamos, ficamos em pé no avião, comemos, tudo para fazer a hora passar. Eu decidi fazer um teste e tomar um dramim, um remédio para enjôo que dá sono. Eu tomei e nada aconteceu. Depois de 40 minutos eu não conseguia sequer abri os meus olhos eu parecia um paciente dopado. Até para sair do avião mesmo em pé, André e a Jessica tiveram que gritar comigo, já que todo mundo tinha descido do avião e eu ainda estava em pé olhando para o nada.
Ao descermos do avião, antes de pisar de fato no chão de Angola. Eu segurei na mão da Jessica e falei: “Senhor, que os nossos pés estejam a benção de Josué quando o Senhor fala para ele que aonde pisar a planta dos pés o senhor estaria nos dando como posse.”. Eu acredito que Deus me trouxe para cá para fazer a diferença nesse lugar e eu queria que o meu primeiro passe fosse declarando através da palavra que a minha vinda aqui será para fazer a diferença.
Após passar por todo o processo burocrático da alfândega chegamos ao aeroporto de Luanda. Eu pensava que era um grande complexo com diversos aviões e pessoas andando de um lado para o outro, porém para minha surpresa era um aeroporto bem pequeno. Ao chegarmos nos deparamos com muitas placas de empresas, mas nenhumas delas continha o nosso nome. Assim, entendemos que os missionários que estariam lá para nos buscar não haviam comparecido. Isso devia ser por volta das 4:30 de Angola (sabendo-se que a diferença de fuso horário é de 4 horas). Nós três colocamos as nossas malas em um canto e ficamos esperando. A espera já estava nos deixando nervoso. Um país desconhecido, onde éramos desconhecidos por todos. Para relaxar a Jessica decidiu fazer um show particular com os fantoches que levamos. Muitos Angolanos viam e começavam a ri. Só às 7:30 da manhã o missionário chegou. Colocamos todas as malas no carro. O trânsito era uma coisa de louco. Uma pista que era para dois carros, andavam três, quatro. Vimos um carro encontrar em uma moto, onde o piloto quase caiu. Para mim ali começaria uma confusão e para minha surpresa ele se levantou e começou a ri com o motorista de carro como se aquilo fosse uma piada muito engraçada.
Com fome e cansados fomos direto para um ponto aonde saiam todos os ônibus para as outras cidades. A poeira tomava conta daquele lugar, vendendores ambulantes gritando oferecendo as suas muambas. Compramos as passagens, despachamos todas as nossas malas, nos despedimos dos missionários que vieram nos trazer e logo subimos para o ônibus. A mim me pareceu que todo o país entrou naquele ônibus. Eram pessoas com roupas diferentes, mães que carregavam os seus filhos em um pedaço de pano nas costas. Essa cena fez com que eu acordasse e visse que eu estava em um outro país, do outro lado do oceano, numa cultura completamente diferente. Uma criança que estava na nossa frente tinha a sua cabeça coberta por feridas. No calor insuportável sentamos e logo vi a cara da Jessica. Acho que ela queria chorar, talvez estivesse perguntando para si mesma o que estava fazendo ali. Os seus olhos fugiam para a realidade que estava bem na nossa frente. O calor era insuportável, o banco não reclinava. Mas nesses momentos em que estávamos vivendo esse choque no momento veio a minha mente: “ O meu Jesus caminharia por aqui”. Aquilo se traduziu em alegria para mim. Fazer e cumprir uma missão que Deus colocou na minha vida. Nesse momento minha visão mudou. Eu comecei a ver cor no que estava preto-e-branco. Eu vi uma mãe que estava na minha frente com roupas típicas da sua terra, lenços na cabeça e amamentava seu filho e com a outra mão fazia comida para o seu outro menino. Fazia sem problemas e sem reclamar. Um menino ao meu lado que viu a mãe nesse estado pegou o menino no colo e começou a embalar para que ele dormisse como se fosse o seu irmão mais novo e como mais velho tinha que dar a proteção para ele, na verdade ele era um estranho, mas ele levou aquilo como um ato de amor.
Esse que foi o país que eu comecei a observar.
A paisagem que corria através da janela do ônibus era de tribos, angolanas lavando suas roupas no rio e por vezes uma região semi-árida com uma árvore sem folhas que modificava um pouco aquele quadro. Muitos lugares onde os nossos olhos foram testemunhas.
Depois de três horas consecutivas de estrada o ônibus fez uma parada. Não foi em um posto de gasolina com restaurantes e banheiro, mas foi no meio de uma estrada poeirenta aonde mulheres corriam em direção ao ônibus oferecendo mandioca, biscoitos e gasosas (refrigerante). Jessica precisava ir ao banheiro e como André já estava dormindo eu me ofereci para ir com ela. Chegamos a um grupo de homens e perguntei: “Aonde é o quarto de banho (banheiro)”. Ele virou para mim e me apontou com o dedo aonde era e voltou a jogar cartas. Caminhamos por um lugar apertado que parecia um beco. Chegamos a um cubículo aonde sequer tinha teto. Empurrei a porta que insistia ficar fechada. E quando esta se abriu nos deparamos com um buraco. Apenas um buraco. Eu não sei como a Jessica conseguiu, mas ela conseguiu urinar (não me pergunte como!).
Após 8 horas de viagem e algumas tentativas frustradas de dormir nos deparamos com o Marcos (obreiro e líder da nossa equipe em Angola) entrando em nosso ônibus onde seus grandes olhos verdes mostravam alegria de nos receber em seu novo país/lar nos convidando a descer. Mais uma vez retiramos todo o peso do ônibus e ficamos esperando uma hora a mais para chegar um carro que nos levaria para a base. Após a chegada de um brasileiro que falava como um angolano, começamos outra viagem. A nossa frente estava morros e mais morros com diversas casas de barro e crianças que gritavam “Brasileiro, brasileiro” e acenavam as suas mãos para nós, algumas ousavam a correr atrás do nosso carro como se fossemos alguma celebridade.’ O carro tinha que agüentar os subidas íngremes que tinha que passar para chegar na base. Fomos recepcionados pela Viviane, esposa do Marcos com um grande sorriso e de braços abertos. Fomos apresentados a nova casa. Muitos angolanos, principalmente crianças e que foram adotadas por um casal de angolanos. De cara, um choque para quem estava acostumado a viver no conforto, com boa comida. Essa será a nossa nova casa durante 60 dias. O meu quarto junto com André era só poeira e com dois colchões. Tomamos banho, jantamos e às 8 da noite fomos nos deitar já que estávamos a mais ou menos 22 horas viajando sem parar.
Por volta das 1 da manhã acordo com o André e em pé tentando pegar um convidado que estava escondido em nosso quarto: um rato.
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