sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

O que o dia 25 é para mim

24/12/10



Há tempos que não sou mais fã dessa data tão festiva e que comove pessoas do mundo todo para as compras e a mesa farta. Eu digo sempre que por mim excluiria essa data do meu calendário, assim como a passagem do ano novo. Não vejo mais graça, apenas a sombra de que um dia na minha infância era uma data em que toda a minha família se reunia e junto com os meus primos e amigos disputávamos quem iria dormir mais tarde. Já um adulto o brilho se foi e tudo o que vejo são pessoas correndo de um lado para o outro comprando, se liquidando ou gastando. O problema de tudo isso é que eu também acabo entrando na dança e fazendo a mesmíssima coisa já que tenho que aproveitar os presentes dos pais e familiares e o mês que sempre tem um dinheiro extra. E de um tempo para cá Natal se está mais introspectivo do que extrovertido pois pelo menos dentro de mim, em algum lugar do meu coração, procuro encontrar o lugar da manjedoura, do que é simples, um lugar onde está o salvador, a esperança do mundo. E mesmo não evitando a comemoração coletiva ainda gosto da data, amo ver as pessoas se abraçando desejando felicidade uns aos outros. Muito da história tem se levantado sobre o passado da data; os simbolismos da árvore da natal e a adoração pagã que existia nessa data. Com isso concordo. A história não pode apagar o descomprometi mento do ser humano. Já outros dizem que a bíblia fala para se lembrar apenas da morte.Mas eu não posso deixar de comemorar a vida daquele que veio para trazer a vida. Nascimento é festa. É momento de se alegar com os que estão a volta à espera do tão sonhado filho. Se isso é para nós, devemos também transferir para o filho de Cristo. Meu sonho é que um dia a chegada do salvador se torne real para o mundo e mesmo diante dessa data tão cercada por mistério macabros se torne em uma data de lembrança e culto ao verdadeiro príncipe da paz. Não posso deixar de ver o brilho das ruas da cidade que se enfeitam, da generosidade de muitas pessoas procuram pelo menos uma vez no ano fazer caridade para quem precisa, das lindas canções que exaltam o desejado das nações, dos abraços calorosos de amigos que não vejo durante o ano, do sorriso dos que estão na rua lançando fogos e se juntando aos parentes para contar as infinitas histórias que acumularam durante o ano.

Eu não gosto (apesar de achar que esse sentimento é mutável), mas não posso deixar de me alegrar, orar, louvar e agradecer ao meu amado Jesus. De dizer: Feliz Natal, Jesus nasceu!

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

11/12/10 Meu silêncio

Há mais de uma semana não escrevo. Senti muita falta de escrever, mas quando ia me preparar para colocar os meus dedos na tecla do computador não conseguia, ou por falta de tempo ou simplesmente pura falta de inspiração. Os últimos dias aqui em Angola foram difíceis. A despedida não é fácil. É difícil você conviver com uma cultura, se imergir, fazer parte dela e depois abandoná-la e simplesmente se ver como um cidadão do nada até porque agora eu tenho que me readaptar a minha própria cultura. Foi penoso dar adeus às crianças, apesar de não termos feito isso com todo o grupo para que não sofrêssemos e nem elas. Os poucos que fiz foi a base de muitas lágrimas. O Geraldo quando soube que eu ia embora me abraçou fortemente e disse: “Fica conosco”. O que dizer diante do pedido de um menino. E os últimos dias foram também de muito stress já que fiquei nervoso por não conseguir fazer tudo o que tinha para fazer. Na quarta-feira, antes de partir para a Luanda, o Canenda se reuniu conosco e falou do quanto tinha sido importante a nossa estadia naquele lugar. Segundo ele, pessoas de lugares distante de onde estávamos souberam das obras sociais desenvolvidas como também do trabalho evangelístico que foi realizado na quarta-feira. Enquanto ele falava surgia na minha mente quantas pessoas que entenderam a causa desse trabalho e me apoiaram na oração e financeiramente e saber que eu não estou sozinho, mas que existem muitas pessoas por trás desse trabalho que me seguravam, me apoiavam e me mantém de pé através da oração no momento em que pensava que não iria conseguir.



No aeroporto

Quem disse que Angola quer me deixar? Depois de nove horas de estrada na ida de Lobito para Luanda e tendo que conviver com constantes paradas do ônibus para que as mulheres pudessem descer e urinar no meio da rua com apenas uma pano cobrindo as partes íntimas (isso é algo normal em Angola). Na rodoviária um pastor foi nos buscar e nos levou para casa de outro pastor, mas quem pensa que foi um trajeto fácil, não foi. O trânsito da capital é pior que São Paulo e um trajeto que levaríamos vinte minutos, levamos uma hora e meia. Chegamos às 7 da noite conversamos um pouco um pouco com o reverendo e sua esposa e logo fomos dormi já que às 4 da manhã teríamos que estar de pé já que 5:30 tínhamos que estar no guichê da TAAG para despacharmos as nossa malas e confirmarmos o vôo. Quando chegamos a aeroporto enfrentamos um enorme fila e fizemos tudo o que era necessário para ficar na espera para entrar no avião. Antes de subirmos tive que passar pela polícia e entregar o que eu tinha de Kwanza porque é proibido levar logo que fizemos isso começaram os boatos que o nosso vôo seria transferido para as 12:00 não deu 30 minutos para que o boato fosse que a aeronave só partiria às 23:30 com possibilidade só para o outro dia. Nisso começamos a ficar preocupados pois estávamos sem dinheiro para sequer almoçar. Comecei a ficar nervoso já que as funcionárias não davam uma explicação concreta e quando viam que estava nervoso, debochavam. Eu fiquei nervoso, fui a guichê e comecei a discutir com a supervisora da empresa para que ele fizesse algo por nós, já que isso é uma obrigação da empresa. Por fim, fiquei nervoso, com o corpo tremendo por dentro. Logo depois vieram e falaram para nós para não ficarmos nervosos que o certo era ir com calma para conseguir o apoio da empresa. E foi isso que fizemos, foi essa a lição que tive nessa dia: não me estressar nos momentos críticos. Eu me esqueci de provérbios que diz que a “palavra branda aplaca o furor”. Por fim às 3 da tarde depois de horas correndo de um lado para o outrouma funcionária disse que estaria nos transferindo para um hotel para passarmos a noite e nos alimentarmos. Foi um grande milagre isso já muitas pessoas que trabalham aqui há anos disseram que nunca viram a empresa realizar tal fato.

Estavamos já com os nossos corações preparados para ir a um lugar simples e que ficaríamos todos amontoados em um só quarto. Quando chegamos e para nossa surpresa, ficamos cada um em um quarto separado: ar condicionado, banheira, televisão de plama. Para quem não via isso há muito tempo era tesouro.

sábado, 4 de dezembro de 2010

04/12/10 A festa

Ontem foi o dia que estávamos há um mês e meio esperando. Foi um tempo de muito trabalho, suor e dedicação de um sonho que Deus colocou em nossos corações. Nós pensávamos que seria uma coisa simples, sem festa, apenas uma peça de roupas e sem calçado, mas como diz em provérbios “ O homem faz seus projetos, mas a resposta vem do Senhor”. A resposta de Deus é sempre melhor do que a nossa e Ele sempre faz aquilo que não pensávamos ou imaginávamos. Durante essa caminhada, Deus levantou pessoas, com um coração sensível a Sua voz para nos ajudarmos. Amigos, familiares e pessoas que nem conhecíamos se levantaram para investir nesse projeto. E Deus superabundou. As doações superaram todas as nossas expectativas e com isso foi possível acrescentar alegria no coração de cada criança, com isso pudemos comprar as roupas, calçados, brinquedos, material escolar, material esportivo, doces e provavelmente compraremos um armário ou o uniforme para o ano que vem. Nos cansamos muito, corremos de um lado para outro, se esquecemos até mesmo dos nossos afazeres (roupas sujas, quarto bagunçado, dia sem folga), mas o que eu sentia em tudo isso era que o Espírito Santo estava nos guiando. Antes de vir para cá, em um dia que estávamos bem desanimado, o avô da Jessica chegou a sua casa e nos deu uma palavra dizendo que em nossas mãos existia uma chave que Deus estava nos entregando e com ela aquilo que estava fechado se abriria. E durante esse período eu pude ver a realização dessa palavra profética, em cada lugar que íamos era uma porta que se abria e víamos e sentíamos o agir de Deus em nossas mãos; algo sobrenatural. De fato nos estressamos muito, às vezes perdíamos a paciência, mas no meu coração, do André e da Jessica, sempre esteve muito claro o nosso alvo.

Ontem acordamos bem cedo e logo subimos. Eu tinha avisado às crianças que o horário de chegada seria às 10 da manhã, avisei 15 vezes, mas a ansiedade as tirou de suas casa e às 7:30 da manhã estavam todos lá. Tivemos que mandar todos de volta para casa para que não se estragasse a surpresa. E logo começamos o trabalho: mana Leta na ornamentação da sala, André com os balões e eu Jessica e mano July enchendo as bexigas. Eu perdi as contas de quantas vezes subi e desci fazendo o trajeto casa-escola. Quando deu 10 em ponto estavam todas de volta ansiosas para saber o que iria acontecer. Mesmo com todas elas penduradas ao portão para saber o que tinha para acontecer, guardávamos segredo. Acabou que atrasamos um pouco para entrar com elas pois a arrumação demorou mais do que esperávamos. Quando chegou às 12:00 colocamos todas elas na outra sala enquanto a Jessica ficava cantando com elas e fazendo brincadeiras. Todos nós se assustamos pois não abriram a boca para nada. É claro que com a presença da Jessica elas já se silenciam, mas ontem foi passou dos limites, parecia que não existia ninguém.

Às 14:00, o almoço chegou. O cardápio foi frango frito, batata frita, arroz e molho de tomate. O Marcos ficou com a responsabilidade de mandar as crianças para a sala onde iria acontecer o almoço e eu e mana Leta organizávamos. Foi interessante ver o surpreender deles quando entravam na sala: os olhos ficavam admirados com tanta coisa que viam, colocávamos sentados à mesa. Depois de todos sentados, eu fiquei colocando os alimentos no prato junto com a Mila e Marcos e outra equipe ficou servindo. O que mais fiquei admirado foi a educação com que eles comiam sem derramar nada e com os maiores ajudando os menores a comerem. Depois de almoçarem foi o momento de servir a coca-cola. Fizemos a mesma coisa com o almoço: servimos a elas. Por fim chegou o momento dos presentes. Contamos a todos que aquilo foi um presente de Deus para eles e que Ele havia tocado na vida de muitos tios e tias para comprar as prendas e dizemos que antes delas receberem era momento de agradecermos a Deus. Chamamos um menino para dirigir essa hora. Foi emocionante ele agradecendo a Deus e todos os tios que ajudaram enquanto as outras repetiam. Na hora da entrega era possível ver a alegria nos olhos deles. Cada um recebia o seu presente, um pacote com doces e um pedaço de bolo. Os brinquedos serão entregues no natal.

Eu no fim de tudo pude agradecer a Deus por um dia que ficará marcado na minha vida para sempre. Mais uma vez obrigado a você que colaborou e entendeu essa missão. Em breve estaremos postando no site da base a planilha com todos os gastos como também as notas fiscais. Que Deus te abençoe e obrigado por fazerem as crianças angolanas sorrirem.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

A grande Festa

Chegou a hora da arrumação

Bolo, balão e muito doce

Enquanto nós servíamos...

eles esperavam...

Até que chegou a hora

Chegou o momento de receber o presente

Todo mundo feliz

Domingos Elias não parava de sorrir

Fatô era só alegria

Meu presente

As cozinheiras


Oba!!! Coca-Cola!

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

02/12/10- Cansado

Hoje estou sem forças até para escrever. Estou muito cansado, como dizem aqui, estou bué de cansado. Conseguimos já o açúcar refinado (aleluia!) e o bolo já está pronto. Pela manhã ficamos com as crianças, só brincamos com elas aproveitamos para fazer muita bagunça juntos. À tarde fomos ao alfaiate para fazer nossas roupas (que será típica de Angola) para a nossa formatura da ETED que acontecerá no domingo (não sabemos de nada. Tudo será surpresa).

Eu já vou. Amanhã conto detalhes do dia que será de muita alegria.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

01/12/10 A procura da maizena

Hoje foi dia de correr atrás da maisena. Isso mesmo, estamos desde segunda tentando achar esse produto que é facilmente encontrando em qualquer prateleira de alguma venda no Brasil. Pela manhã tivemos que alugar um carro para comprar as coisas que faltavam. Na verdade o motivo real da nossa saída foi a maizena, mas aproveitamos a viagem para comprar o que estava em nossa lista. Tudo referente a festa de sexta já está em nossas mãos, com excessão da maisena, claro (quando eu chegar no Brasil, com toda a certeza, darei mais valor a maisena que está esquecida no armário da minha casa). Como disse o valor excedeu o que esperávamos e com agora estamos revertendo a verba em instrumento que possam dar qualidade a educação deles. Já estamos com material esportivo, material escolar para professor e hoje compramos folhas A4, cartolina, canetas e mais um monte de coisas. Engraçado que no Brasil gosto de pesquisar preços para encontrar o melhor preço. Aqui é diferente se você acha uma loja tem que aproveitar e comprar logo, pois amanhã pode não ter como encontrará muita dificuldade para encontrar uma outra. Depois de várias tentativas frustradas, eis que vejo uma venda em frente a papelaria. Enquanto André e Jessica estavam fechando a compra eu atravessei a rua e fui ver se lá existia o tesouro que tanto procurávamos e ao perguntar um português ele me olhou com cara de suspense e depois de tanta tensão e com o meu coração palpitando ele sorriu e disse: tem! Eu ganhei o dia!!! Encontrei a maisena! Depois disso ainda passamos na casa da Mana Leta (uma nova obreira que está morando aqui) para ela pegar as toalhas de mesa para a festa, ela fará toda a ornamentação para nós de graça. E na volta quando achávamos que poderíamos passar o dia comemorando pelo encontro do tesouro perdido descobrimos que temos agora outra missão: encontrar açúcar refinado. Aqui não existe! Só açúcar cristal.

À tarde foi tempo de encerramos o trabalho com as crianças da comunidade.Foi o última quarta e o tema foi a morte e ressurreição como também o momento de fazermos o apelo para quem gostaria de abrir o seu coração para Jesus morar. Levamos meia hora para fazermos tudo e para nossa surpresa muitas crianças e mães levantaram as suas mãos.

Amanhã começaremos com a correria de sexta. Teremos almoço com batata-frita, bolo e depois entregaremos os doces e os presentes. O bolo já está sendo preparado desde hoje, e como os doces e presentes já estão embrulhados, só teremos o trabalho de cortar as batatas que são muitas.

Até amanhã e com a vitória de encontrar o açúcar refinado.

terça-feira, 30 de novembro de 2010

30/11/10 O que fazer?

- Fatô, o que você comeu hoje no café da manhã?

- Pão com chá

...

- Salomão, o que você comeu hoje no café da manhã?

- Funji com peixe

...

- Ezequiel, o que você comeu hoje no café da manhã?

- eu chupei açúcar

-Açúcar? Mas por que você comeu açúcar?

- Porque não tinha nada para comer hoje em casa.



Essa foi a resposta de um menino de seis anos de idade que faz parte do projeto. Depois de uma longa pausa sem ir ao projeto hoje aproveitamos o dia que estava um pouco livre para passar um tempo com eles. Depois de quase duas semanas de muita agitação para a festa de sexta-feira finalmente pudemos rever a todos. Na verdade ainda temos algumas coisas que faltam, mas hoje Jessica e André não acordaram muito bem. Estavam com dor de barriga. O André estava bem pior, mas agora já está melhor, passou a noite toda com febre.

Pela manhã foi momento de estar com as crianças. Deu para matar as saudades. Eles pularam em cima de mim e da Jessica com toda a força. Pela manhã só cantamos algumas músicas com eles o resto do tempo deixamos para eles brincarem ou então ficarem em cima de nós.

À tarde o Marcos nos sugeriu que estivéssemos um bate papo com eles, um momento de distração. Que dividíssemos em três grupos e cada um de nós ficaria responsável por um grupo, mas como o André não estava bem, acabou ficando em dois grupos. No fim, a Jessica também se sentiu mal e teve que descer e eu permaneci com eles sozinhos. Como levamos chicletes e pirulitos ficou fácil de controlar a turma. Falei um pouco do período que ficamos com eles e a missão que Deus nos deu de vir a esse país. Desde manhã já estamos preparando o coração deles para a nossa despedida, na verdade, preparando os nossos corações. A Jessica disse que quase chorou quando disse que na semana que vem voltaríamos para o Brasil e todos em uma só voz disseram: “não vai”. Toda despedida tem o seu preço.

No retorno para casa perguntei novamente ao Ezequiel o que ele comeria em casa e ele me respondeu que já estava de barriga cheia. Indaguei novamente e ele me respondeu com os olhos mirando o chão: “não tem comida na minha casa” e eu nessa hora não sabia o que responder, sem ação alguma, sem nenhum plano em mente, simplesmente um ser sem atuação alguma em frente a uma criança que não tem alimento na sua mesa. Aquilo para mim foi de cortar o coração. Depois de chegar em casa fiquei me culpando e me perguntando: “Será que sou um ser de coração frio que não consigo fazer nada por um menino?”. Questão que faremos em nossas vidas e muitas vezes faremos com as mãos atadas, com a mente esteria e com o coração seco. No fim da linha onde a vida me pergunta: “o que você vai fazer?”. E mesmo diante disso me perguntei que mesmo ajudando a um existem outros que estão na mesma situação. Como diz madre Tereza de Calcutá: “uma gota no oceano faz a diferença”. É claro que todos queremos ser um pingo de um imenso mar, mas por vezes é difícil entender que eu posso fazer diferença no mundo.

Sempre quando escrevo o fim fica por minha conta. Nesse caso eu quero deixar para você responde, o que fazer diante de tudo isso?

Em casos como esse, o que você faz?

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

29/11/10 Encerramento da campanha

Hoje foi o último dia para recebermos as doações. Com o dinheiro que entrou já foi possível comprar boa parte do que precisávamos. Como o valor excedeu o que esperávamos, investimos em materiais esportivos e educacionais para garantir uma melhor qualidade no ensino do ano que vem.

Quero agradecer a todos que ouviram o clamor dessas crianças que necessitam de muitas coisas. Foi possível ver o carinho e a dedicação de diversas pessoas de diferentes lugares apoiando essa causa tão nobre. Chegamos a lugares que nunca imaginaríamos chegar: Mato Grosso, RJ, SP, Paraná e Minas Gerais. No exterior, Bolívia e Estados Unidos.

Pessoas fizeram muitas campanhas pessoais na internet e outros tipos. A Juliana, irmã da Jessica, por exemplo, fez aniversário na sexta e como presente pediu para todos os convidados a quantia de vinte reais para reverte ao projeto, outros fizeram campanhas com suas famílias para arrecadar fundos e igrejas divulgaram o nosso vídeo.

Obrigado a todas as pessoas que colaboraram. Só temos a dizer: "Deus te abençoe". É Ele que dará a sua recompensa no tempo certo. Você que ouviu a voz dele e obedeceu, cumpriu com a sua palavra que diz "o que fizerdes a um desses pequeninos fará também a mim". Você não fez para mim, André, Jessica ou nenhum missionário daqui, você fez isso para o Senhor.



O DIA

O dia hoje foi corrido, como sempre. Compramos o que faltava e à tarde tiramos para embalar os presentes e fazer o saquinho com os doces. Pensávamos que isso levaria dois dias, mas em uma tarde terminamos tudo, graças a Deus.

Essa semana ainda colocarei fotos do que está acontecendo por aqui.

Até mais!

domingo, 28 de novembro de 2010

28/11/10- EU AMO O RIO DE JANEIRO

Para tudo....

O que é isso que está acontecendo e tem sido notícia em todos os jornais do mundo? Estou aqui em Angola e já estou por dentro, em detalhes, do que está acontecendo com o Rio de Janeiro. O que estão fazendo com o meu Rio?

Trabalhei como professor no Complexo do Alemão por quase dois anos. Lá conheci muitas pessoas especiais, gente de bem e que lutam para conseguir um lugar ao sol no tão competitivo mercado de trabalho e que queria ser visto pela sociedade como cidadãos. E me preocupo eu longe e não saber como estão, se a segurança está presentes em seus lares ou se as crianças estão sendo protegidas.

Essa semana meu irmão teve um livramento muito grande. Um rapaz que passou por ele na porta em uma agência do Detran, dois segundos depois, caiu morto no chão e mais duas pessoas ficaram feridas por uma bala perdida. Parece que uma guerra se instalou no meu país. Só ouço falar em polícia, exército, armas e tiros.

Teremos paz por um momento, mas o que acontecerá com as crianças e adolescentes que estão à margem da sociedade e suscetíveis a uma vida ao crime? Se nada fizerem outros se levantaram em favor do crime. Eu creio, falo e levanto a bandeira de que a educação é a maior arma para a transformação do homem. Uma sociedade não se faz de armas, mas de escolas, livros e educação.



A semana

Eu não tenho forças para escrever no blog. Os nossos dias têm sido corridos e essa semana o ritmo aumentará. Às vezes chego, tomo banho e vou dormir de tão cansado que estou. A última semana nem tive tempo para estar com as crianças. De vez em quando uma ou outra aparece por aqui, mas não é a mesma coisa do que estar com todos ao meu redor.

Hoje fomos a uma igreja batista, voltamos e eu fui direto para cama e dormi até o almoço e depois disso fui direto para a máquina lavar as minhas roupas, no fim da tarde reunião para saber o que fazer durante a semana, agora, à noite, estou aqui escrevendo.

Como disse amanhã é dia de sair para comprar o que falta para a festa. E aqui você tem que estar a todo o momento atento. Na sexta quando íamos em direção a van para nos levar a outra província quase fomos assaltados. Na hora que chegamos vieram dois em minha direção e da Jessica e tentaram abrir as nossas bolsas. Como coloquei a bolsa na minha frente eu pude ver a ação do gatuno que tentou abrir a minha mala e aproveitei para dar um tapão nele e a Jessica também logo percebeu a ação do ladrão e conseguiu evitar o roubo. Mesmo dentro do carro, pela janela, um tentou puxar o celular da mão da Jessica, mas, graças a Deus, teve a ação frustrada.

E as compras? Fizemos tudo nas lojas dos chineses. Por falar nisso a minha teoria cada vez se confirma: eles estão tentando dominar o planeta terra! No Brasil o número é grande, aqui em Angola vieram de mala e cuia. Todos foram simpáticos e nos deram bons descontos na hora da compra.

Amanhã sairemos bem cedo pois ainda falta algumas coisas para complementar a festa. O problema que não veremos as crianças e eu estou morrendo de saudade delas.

sábado, 27 de novembro de 2010

27/11/10- Dia para descansar

O dia hoje era para trabalhar. Por conta de toda a correria estou sem lavar roupas e o quarto está uma bagunças, mas o Marcos fez um convite irrecusável: ir a praia. E hoje não fomos a praia que estávamos acostumados a ir e sim em uma praia paradisíaca chamada ilha azul.

Amanhã conto como foi.

26/11/10- Dia de compras

Como tem sido intensos os nossos dias. Hoje foi um dia de muito stress, correria e satisfação por tudo sair além do que planejamos. Como a campanha fecha na segunda, com o dinheiro que já temos em mãos estamos comprando o material para a festa das crianças. Deus nos abençoou de tal maneira que de inicio só compraríamos as roupas sem os calçados. Hoje compramos as roupas, calçados, brinquedo e ainda iremos fazer uma festa para encerrar o ano letivo.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

25/11/10- Na atividade

O dia hoje foi repleto de atividades. Ficamos o dia todo fora para comprar os presente para a festa de fim de ano. Já vimos tudo e amanhã novamente sairemos cedo para que o fim de semana seja trabalhando para embrulhar e organizar tudo para a sexta que vem.

Já vou... que amanhã acordo cedo.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

24/11/10

Eu nunca tinha visto tanta chuva cair do céu de Benguela. Hoje o dia amanheceu com aquele gostinho de ficar mais tempo na cama e acordar bem tarde, mas aqui não posso descansar e logo às 6:30 da manhã o Marcos estava a bater na porta e nos perguntando se havíamos se esquecido do horário da oração. Eu logo levantei e estava preparado para a oração. Mesmo na intercessão o tempo estava nublado e com a ameaça de que o dia seria de chuva e frio o que poderia comprometer o trabalho com as crianças da comunidade à tarde. Logo a Viviane nos disse que não era para se preocupar que o tempo aqui não é como no Brasil. E era verdade. Duas horas depois as nuvens se recolheram e sol chegou, como se nada houvesse acontecido, trazendo calor. Durante a manhã separamos para preparar os últimos detalhes de como seria no evangelismo. Preparamos tudo e eu acabei virando cobaia da Jessica que testou em mim como ficaria a maquiagem para que eu usasse no momento em que contaria história.

Tenho sentido um enorme frio na barriga como também estado triste. Essa temporada já está acabando e dentro de poucos dias retorno para o meu país. Dia 10 de dezembro estarei indo para São Paulo e depois seguirei para a minha cidade. Eu queria pegar um vôo que fosse direto para o Rio de Janeiro, mas por conta do fim do ano todas as vagas já estão preenchidas. O Marcos e a Viviane já estão se reunindo conosco para resolvermos os últimos detalhes: a festa do projeto “faça sorrir”e a nossa formatura da ETED (pra quem não sabe estou no prático da Escola de treinamento e discipulado) que acontecerá no próximo dia 5 de novembro. Agora tudo se resumirá em correria já que amanhã acordaremos cedo para ir fazer as compras da festa e as roupas das crianças.

O trabalho com as crianças foi ótimo. Hoje falamos sobre a vida de Jesus e na semana que vem estaremos fechando com a sua morte e ressurreição. Ontem também tivemos a visita de um pastor já que aqui não existe igreja para que possamos encaminhar as pessoas e ele se comprometeu de conversar com os obreiros da sua igreja e começar um trabalho aqui.

Agora vou para a cama. Estou muito cansado. Até amanhã.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

23/11/10

                                                       Salvação.
Desde que estava em Huambo comecei a pensar sobre esse tema. Eu nunca tinha parado para festejar a minha salvação, saber que Deus é comigo e com Ele irei morar eternamente, saber que tenho o consolo do Espírito Santo como também uma missão diante dele. Eu jamais tinha refletido nisso e agora eu começo a me emancipar das situações que me rodeavam e que podiam me “influenciar” a essa decisão, mas do que nunca agora eu sei que seguir a Cristo é uma decisão completamente pessoal e singular. Eu fiz a minha.

Eu sempre achava que era salvo por nascer em um lar cristão e por me manter politicamente correto diante da sociedade, mas isso nunca foi e nem será nada porque “diante de Deus não há sabedoria, nem pensamento, nem conselho” (Pv. 22:30). Não é pela minha justiça, pela inteligência ou dinheiro que conquistarei.Israel não tomou a terra prometida por sua justiça, mas pela justiça de Deus (Dt 9:6). Viver nessa condição não garante um nome escrito no livro da vida. Existe no Brasil um termo que se chama “uso capiau” é quando uma pessoa passa a morar em um lugar que não tem dono. Após anos pagando os impostos, em determinados casos, a lei garante a propriedade sendo da pessoa que morou por lá. Eu vejo que muitas pessoas querem alcançar a Deus por “uso capão”: indo a igreja, participando das reuniões, fazendo parte de um ministério brilhante. Ah, quantas vezes eu me enganei. Outra coisa que muitas vezes nos iludimos é que achamos que a salvação tem que vir de um testemunho de envolvimento com drogas, prostituição ou algum tema que faça você ter um “tristemunho” que arrancará suspiro de todos no domingo à noite.

Salvação é arrependimento, independente da história do que você fez. Se isso me fez rejeitar o meu passado e correr para Cristo é tempo de festejar, me alegrar e saber que Ele é o meu juiz e que por mim não posso fazer nada.

Salvação não é troca. É liberdade. Segundo a teoria básica de Freud as pessoas não abrem mão das coisas, não jogam nada fora, mas, sim, efetuam substituições, trocam uma coisa por outra. Freud está certo, mas como toda regra existe uma exceção: Cristo . Ser salvo é deixar para trás o velho homem e não substituir por outros vícios ou enganos nem mesmo usar a religiosidade como uma mascará onde ninguém poderá ver quem se encontra atrás. É nada mais que ser livre e gozar das correntes desatadas. É essa a salvação que quero me alegrar a que está bem a minha frente e que posso desfrutar, acordar a cada manhã e agradecer com todo o meu coração que Ele me tirou da escuridão e que Ele está comigo sempre.

Salvação é escolha. Não é a situação que escolhe Jesus; sou eu. Até mesmo diante da morte só um que estava ao lado da cruz que reconheceu quem Jesus era, o outro preferiu usar de sarcasmo para o Messias que estava ao seu lado. Um ganhou a promessa do paraíso, outro não. Não foi o fato de estarem condenados que o reconheceram. Não foi a emoção. Foi através da razão e da verdade de quem cada um era e merecia. Um sabia que merecia a morte outro achava que merecia a “salvação”.

 
Salvação é saber que não estou sozinho: Ele está comigo e estará comigo onde eu estiver.

E na cruz que quero enxergar que foi lá que a minha salvação estava. Quero reconhecer o sacrifício de Jesus na Cruz. Me humilhar que Jesus morreu por mim. Me alegrar que ele ressuscitou por minha causa.

Dê valor a isso. Não jogue fora esse tesouro e pelo menos hoje diga: “obrigado por morrer por mim, obrigado pela salvação”.

E para você que nunca viveu isso, reconheça e viva o que há de melhor.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

22/11/10 - "Fardos e fotos"

Seminário q a Cris foi professora

Trabalho na Base

Huambo

Casa do presidente da UNITA qdo a guerra estourou

É só parar o carro que surge vendedor de tudo qto é lugar

Paz aos Homens, rs!

Passagem à caminho de Benguela

21/11/10- Parte II

Huambo, cenário da guerra política, considerada no tempo da colonização a capital de intelectualidade e hoje uma cidade sendo reconstruída que tenta se reerguer dos efeitos colaterais que a guerra trouxe: casas destruídas, canhões abandonados no meio da rua e pessoas reerguendo as suas vidas. Boa parte da guerra se passou por aqui. A casa de um dos líderes da UNITA estava aqui e sua morte de ocorreu aqui quando a MPLA invadiu a sua residência e antes que o prendesse ele se matou. Após esse fato o país começaria um tempo de liberdade que se encontra até hoje. Estamos hospedados em uma base da JOCUM que é liderada por dois brasileiros, Ismael e Sibele, que foram pioneiros nesse país, que sofreram a perseguição da guerra e hoje colhem, alegremente, os frutos que semearam.

Ontem foi um dia em que passamos boa parte do nosso tempo na base. Saímos pela manhã para fazer compras para a festa que terá hoje à noite. Foi interessante notar a diferença com Lobito, Huambo apesar de toda a destruição da guerra ainda mantém um cenário urbano. A tarde acontece aqui um trabalho com as crianças da comunidade e nós três ficamos responsáveis pela direção como também pela história. Vivemos um tempo muito bom com as crianças daqui que são completamente diferentes das nossas crianças. Inclusive eu estava pensando que todo lugar que vamos Deus sempre nos direciona para os pequeninos.

Hoje foi dia de igreja. Fomos a Igreja Baptista Nova Jerusalém. O culto foi uma benção com muitos corais que cantavam um mais lindo que o outro. A noite será de festa já que teremos uma noite de gala onde seremos os únicos diferentes já que não trouxemos as roupas que o festejo pede.

20/11/10- Amanhã

Agora começa a pesar a responsabilidade de manter um blog e atualizá-lo diariamente. Essas últimas semanas tem sido de muita correria. Hoje mesmo estamos aqui em Huambo e agora que tive tempo para abrir o meu computador. De qualquer forma a responsabilidade que tenho com os leitores me faz vencer a minha própria vontade e contar, através da escrita, os detalhes do que acontece aqui.

Para começar foi difícil sair de Lobito para vir para cá. Ainda estamos sem os nossos passaportes que estão sob o poder do ministério da imigração, mas isso não foi impedimento para que ficássemos e atingisse o nosso objetivo, viemos só com o recibo que eles nos entregaram. Passaporte só quando retornarmos na segunda.

Engraçado que no Brasil eu fiquei animado pois uma missionária da minha igreja trabalhou nessa província. E agora é minha vez de retornar para cá e ver que Deus através da igreja que faço parte ainda tem um propósito com essa nação. Quando chegou o momento de aprontarmos a mala a minha vontade foi de ficar. Já estou tão acostumado a ficar na casa, aos adolescentes, ao trabalho que tenho desenvolvido na base e vendo tudo isso pude ver o quanto já estou habituado ao ambiente que há poucas semanas atrás era um desafio para mim, assim como vejo também o quanto sou caseiro e acabo perdendo oportunidades para me arriscar, conhecer outros lugares, aumentar o meus horizontes. Tenho 26 anos, sou o mais velho da equipe e era um dos mais velhos dos alunos da ETED, não sei se perdi tempo, para mim foi um tempo de Deus, o tempo certo, mas quanta coisa eu perdi com medo de ir, dar o primeiro passo? Quem nunca perdeu que atire a primeira pedra! Mais do que nunca vejo que é HOJE! Tem certas coisas que só hoje podem ser feitas. Um cego curado, uma mulher com fluxo de sangue que tocou nas vestes, a oportunidade de se unir a uma multidão e gritar Hosana. Tudo isso foi uma oportunidade que não podia ser perdida e em outro dia provavelmente não aconteceria. É hoje o tempo de se levantar, é hoje o tempo de aposentar o medo, é hoje que você tem que se levantar e fazer algo, como diz um hino muito cantando na igreja quando era criança “Amanhã pode ser muito tarde”.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Hoje meu pai fala

Hoje eu deixei  cargo do meu pai para escrever no blog. Hoje foi tudo tranquilo. Amanhã estarei viajando para Huambo.

EU ACREDITO EM ANJOS

Como voce sabe, eu detesto anjos dentro da igreja: anjo de fogo, anjo com bandeja, anjo com chave, anjo trazendo vitória e outras baboseiras mais.
São brancos como a neve, cabelos loiros cacheados(veja a imagem de cupido) e ultimamente tem tomado o lugar de Cristo dentro das igrejas.
Esta semana Deus me mostrou, realmente, como eles são:"são cor de ébano, seus rostos são empoeirados, seus sorrisos são os próprios "sorriso de Deus", seus semblantes transmitem paz e o verdadeiro amor, são pequenos e voce pode tocá-los, que em retribuição querem abraços e beijos;dizem que quem tocá-los estará sentindo o próprio Deus em pessoa.
Eu me rendo! realmente eles existem!
Querido filho, ontem olhando o seu retrato, Deus falou comigo!
-Anjos da guarda também existem!



QUESTÃO DE FÉ


Um dia todos as formigas estavam reunidas, de repente o elefante pisou no formigueiro, esmagando algumas formigas. Revoltadas elas atacaram o elefante por todos os lados, inclusive, subindo em cima do brutamonte.Sem pestanejar, o paquiderme, deu somente uma sacudidela fazendo todas caírem ao chão, porém uma ficou presa ao pescoço do elefante, fazendo um esforço incrível para se manter agarrada.
Ao verem isto todas as formigas em uníssono gritaram:

- "Enforca! enforca! enforca!


Com esta piada infame, quero agradecer a todos os amigos, irmãos, irmãs, colaboradores que tem incentivado o trabalho do Thiago e com certeza suas orações e clamores tem sustentado o ministério do meu filho, a luta tem sido grande, mas estamos conseguindo.
Havemos de enforcar o elefante!










16/11/10 Frente a frente com o soba

Terça-feira. Dia de levantar às 7:00 para ter um momento à sós com Deus para muitos devocional para quem é jocumeiro meditação. Meditação é um momento que você separa para poder meditar na palavra de Deus e poder ouvir o que nosso pai tem para você. Pode ser feito em qualquer lugar do mundo, basta querer, basta ouvir. E o que aprendi pela manhã é que “coração contente alegra o rosto, mas coração aflito deprime”. Um olhar vivo, um sorriso aberto e uma expressão viva é resultado de um coração que está contente, até em lutas ou mesmo no momento de paz é preciso expressar a alegria de Cristo no meu corpo. Segundo os psicólogos o corpo fala. E se meu corpo fala, ele precisa exprimir gratidão e felicidade.

O dia foi bem corrido para os nossos líderes Marcos e Viviane. Saíram cedo hoje pois a Vivis está fazendo uma série de exames no seu ouvido e precisava ir ao médico, além disso, precisava pegar o nosso passaporte carimbado com a nova data do visto e após estavam resolvendo um assunto de extrema importância para toda a base (quando confirmado essa notícia quero logo poder contar). Logo após o mata-bicho fomos ficar com as crianças. Como as aulas acabaram ela estão indo para passar um tempo mais de brincadeira como também almoçarem. O tempo que passamos com ela foi bem curto, porém foi suficiente para pular em cima de nós. Como hoje não teve almoço por ainda não termos recebido as doações de alimentos elas ficaram até às 10:30. Como recebemos muitas caixas de sucos (aqui não se fala suco e sim sumo. A palavra suco em umbundo significa Deus) distribuímos mas com o contrato de que ficassem quietas. Era até engraçado pois se ouvia um silêncio que incomodava.

Voltamos e organizamos como será o dia de amanhã. Como será uma história com três momentos decidimos contar toda a história de Jesus ficando dividida em nascimento, vida e ministério e por último morte e ressurreição. E estabelecemos também como seria, quantos fantoches usaríamos e como será divida toda a história.

O sol estava de rachar e tínhamos que fazer visita. Então esperamos o clima melhorar para sair. A Jessica ficou pois tinha que preparar o estudo que fazemos às terças à noite. Quando eu e André estávamos indo encontramos com o Marcos e Vivis dizendo que não conseguiram resolver quase nada que tinham planejado, nem os nossos passaportes foram resolvidos. Eles ainda estão sob poder do consulado que não os liberou por conta de uma carta. Tudo aqui é muito burocrático e preciso orar já que esse é um assunto muito sério.

Como hoje é o último dia da programação que teremos amanhã caminhamos na última rua que nos faltava. O que era só duas pessoas acabou se tornando em uma grande multidão já que muitas crianças se uniram a nós. Quando já estávamos terminando em uma das casas que fomos encontramos um senhor que parecia um dos integrantes o “Jackson Five” só que envelhecido uns 50 anos. A sua casa se diferenciava de todas logo pela TV de plasma que estava na entrada da sua casa. Convidamos ele e as crianças que estava lá para a programação de amanhã. Quando já estávamos de saída as crianças nos falaram que o senhor que conversamos era o soba (feiticeiro) da região. Mais tarde conversando com o Marcos, ele nos falou que a maioria dos sobas tem muito dinheiro. Eu perguntei onde eles conseguem tanto dinheiro o que ele me respondeu que era por conta dos feitiços que ele faz para as pessoas que custa e muito caro.

Orem para amanhã seja um dia bem alegre para nós, para que as nossas vidas possam estar guardadas em Cristo e que muitas crianças e famílias sejam alcançadas.

15/11/10 Escrevendo com Sucrillos

Nesse momento em que escrevo acabo de comer Sucrillos com leite. Nem na minha casa eu como cereal, mas aqui em Angola como e da melhor marca. Recebemos doações de um supermercado e vieram muitas caixas tantos para as crianças como para nós.

Por falar nelas as aulas estariam programadas para se encerrar na sexta, mas com o feriado prolongado decidimos passar para essa semana, especificamente na quarta. Aproveitaremos e faremos uma programação especial com todas as crianças e adolescentes do bairro. Hoje foi um dia em que trabalhamos só com isso. Tanto pela manhã quanto a tarde o nosso objetivo foi bater de porta em porta para convidar a todos para o culto que teremos na quarta. Durante três quartas-feiras contaremos uma história sendo o início nessa quarta, o meio no dia 24/11 e a final da história contaremos no dia 1/12 sendo a última chance que estaremos com todos já que no próximo fim de semana estaremos embarcando para o Brasil. O Marcos quer fazer algo bem rápido e evangelístico e que tenha continuidade. Pela nossa expectativa esperamos receber 200 pessoas. Para mim foi bem interessante pois estou aprendendo algumas expressões em umbundo, dialeto falado em muitas casas daqui. E quando eles vêem um brasileiro falando eles abrem um sorriso. Uma das casas que eu fui o senhor falou para mim: “Você ficará em Angola!” depois contando o fato para o Canenda e a Vivis o Canenda me lembrou que essa foi a terceira pessoa da comunidade a me falar isso.

À tarde tivemos a companhia do Nanci e de mais dois meninos que constumam vir aqui. Um dos meninos, já quase um adolescente foi segurando na minha mão todo o trajeto. Aqui em Angola é normal um homem segurar a mão de outro homem ou até mesmo terem atitudes que para nós brasileiros é um absurdo, por exemplo: aqui é a coisa mais natural homem usar calças ou camisa rosa e chinelos havaianas com detalhes bem femininos. Na casa os meninos mais velhos sempre tomam banho com os mais novos para ajudá-los a se banhar como deitarem dois em uma mesma cama de solteiro. Isso tudo sem preconceitos.

Sabe, tem dias que tem sido difíceis para mim. Entendo que esse é também um tempo de crescimento para mim. Morrer para mim mesmo, abrir mão de mim para o próximo, viver a todo custo a sua palavra. Quando Deus quer ampliar a nossa mente além dos nossos limites isso sempre nos causa um pouco de incomodo, pois estamos saindo de um lugar chamado “acomodação”. Crescer custa caro, mas nem se compara o que ganharemos com aquilo que Deus tem para cada um de nós. Como apóstolo Paulo fala que tudo isso se traduzirá em um “peso de glória”. Se às vezes nos sentimos pesados por pagar o preço da transformação temos que entender que o fardo de Cristo é leve, mas esse fardo quando o abrimos para ver o que é encontramos a Sua glória.



Salli tiua! (passe bem)

14/11/10 Em Umbundo

Nesse momento o meu relógio bate 12:00 em ponto. Acabamos de chegar da igreja onde eu tive uma experiência marcante e que fará parte de um dos capítulos da minha história. Como falei ontem hoje, iríamos ministrar em uma igreja da região. Cada um iria para uma igreja. André foi para a sede, Viviane ministrou a palavra em uma congregação acompanhado do marcos e da Jessica e eu fui para outra congregação, não tão longe da igreja que foi o nosso ponto de encontro. Como sempre a nossa saída foi em meio a uma correria. Eu com a camisa para fora, as calças com a boca para cima para não pegar a poeira que sai do chão e ajeitando a gravata que o Marcos tinha me ajudado a pôr.

Logo que cheguei um jovem que pertencia à igreja onde a Viviane iria pregar me levou de moto para o lugar que era o meu destino. Cheguei a uma igreja muito simples onde a congregação era dividida em homens, mulheres, jovens e crianças. Cada um tinha a sua fileira específica. Quando cheguei já estava acontecendo um estudo com os homens em umbundo um dos dialetos falado aqui em Angola. Terminado o estudo, o culto começou. Agora eu descobri que isso é comum em todas as igrejas: antes de começar o culto o grupo de jovens e mulheres saíram e entraram novamente na igreja em fileira dançando e cantando na língua nativa. Porém antes de se iniciar o evangelista que estava dando o estudo conversou comigo que aquele era um mês comemorativo das mães e que o tema era “tempo de trabalhar”. Depois que o culto tinha começado eu perguntei se em angola era o mês das mães como em maio é no Brasil. Ele me disse que era parte do calendário da igreja e que não era uma comemoração nacional. No decorrer do culto vim descobrir que as mulheres são chamadas de mães, os homens de pais, ou seja, era o mês das mulheres. Como eu não sabia, tinha preparado uma mensagem completamente diferente do que estava proposto para a igreja. Ele disse que eu poderia ficar a vontade, mas vi pelo seu rosto que a igreja precisava trabalhar esse tema. Percebi que era hora de Deus trabalhar em minha vida pois não sabia o que falar e não sabia o que fazer e para completar a situação a pregação teria tradução simultânea em umbundo.

O momento do louvor foi a coisa mais linda. A pequena congregação, de pessoas simples que talvez nunca tenha freqüentado os grandes seminários de louvor e adoração ou tenha feita um seminário começaram a cantar em sua língua: olhos fechados, mãos levantadas e uma sinceridade que se sobre saía nas vozes que se uniam e formavam um lindo coral de vozes harmonizadas que começava a apresentar um louvor que surgia de corações grato. Eu não entendia nada, mas a unção que estava naquele lugar se traduzia para mim como uma adoração a Deus. Parecia que naquele momento Jesus voltaria, parecia que os céus se abriram e caia chuva sobre todos os que estavam ali. Depois de um momento de oração com toda a igreja concordando foi o momento das mães oferecerem a sua canção a Deus. Todas se levantaram na ala onde estavam e uma começou a puxar uma música e logo acompanhada por todas que estavam com ela. Por vezes as vozes pareciam um furacão com uma grande força, por outra suave como se cantassem para um bebê: era lindo.

Chegou o momento da pregação e eu comecei agradecendo a Deus pela oportunidade de estar ali. Contei o quanto foi difícil pisar no país, quantas lutas enfrentei e por vezes eu pensava que isso nunca aconteceria, mas eu estava ali e ver toda igreja foi promessa de Jesus cumprida em minha vida. Na hora em que falava aquilo que eu tinha preparado fugiu completamente fazendo com que a pregação tomasse um direcionamento diferente. E eu pensei que fosse fácil pregar com uma pessoa traduzindo, mas para mim foi difícil porque eu falava, e ao invés de continuar, ficava prestando atenção no que ele falava, rs. Eu comecei falando do plano que Deus tinha para humanidade, que na criação do mundo e do homem ele trabalhou e toda sua obra foi feita em perfeição, mas por conta do pecado fomos corrompidos e que Jesus veio para nos trazer a salvação e nos tirar da condenação que estava imputada sobre nós. Em todo o seu plano houve trabalho, um trabalho que tinha uma missão que deveria ser efetuada e nós, como sua igreja devemos fazer o mesmo trabalhando para que esse reino cresça e alcance os perdidos.

No fim o tradutor que estava ao meu lado me pediu para fazer um apelo para quem gostaria de aceitar a Jesus no seu coração. Na hora uma voz timidamente começou a cantar uma outra música em português que falava do amor de Cristo e toda a igreja em pé seguiu cantando. Duas pessoas, para glória do Senhor, levantaram as suas mãos desci e abracei um deles e orei pelos dois.

Terminei a pregação e o homem que tinha me levado já estava na porta para voltar para a igreja onde a Viviane estava pregando. Me despedi da igreja e falei que voltaria para estar com eles.

Agora é 22:45 e eu já estou me preparando para dormir, mas antes gostaria de relatar a conversa que tive com Jojo, Zé, Nelson, Nanci e Jorge, adolescentes que moram aqui conosco. Perguntamos se eles eram batizados e todos disseram que não eram. Eles nem sequer sabiam o que significa batismo que ficou a encargo da Jessica de explicá-los. A maioria deles contou nos dedos quantas vezes foram a igreja.

Termino dizendo o tema que está sendo trabalhado na igreja que fui hoje: “É tempo de trabalhar”

sábado, 13 de novembro de 2010

13/11/10 Programa de índio com farofeiros

Foi um dia de completo descanso sem ter que arrumar quartos ou esperá-los para secar cimento. Enquanto estava no computador dei a idéia ao André de irmos à praia já que hoje não teríamos nenhum compromisso. Concordamos em ir e convidamos a galera da casa. Arrumamos as nossas coisas e fomos em direção para praia eu, André, Jessica, Dionisa, Mano Juli, Nanci e Jorge. É claro que fizemos a parada obrigatória no supermercado para fazer as compras para a farofa. E o nosso passeio ainda foi intitulado pela Jessica como programa de índio já que fomos de moto e van.

Daqui a pouco tenho que preparar a palavra para amanhã. Iremos para uma igreja da região que já estava marcada desde que chegamos aqui, mas viemos saber ontem que vamos ter que nos dividir em três: a Viviane pregará na sede, eu e André nas outras duas congregações da igreja.

12/11/10 O feriado interminável

O feriado não terminou! Aqui a comemoração pela independência de Angola é tão grande que é necessário dois dias para relembrar esse feito tão memorável. Aqui foi um dia de trabalho como também de passeio. Terminamos hoje os quartos que faltavam. Eu e André já nos mudamos para o nosso quarto definitivo que é muito mais amplo que o último facilitando a organização das nossas coisas.

À tarde foi dia de irmos para o fardo. Dessa vez fomos a outro lugar onde ambulantes vendem todos os tipos de roupas, verduras, laticínios, panos, carvão, refrigerantes e outras coisas em um só lugar. A nossa diversão nos dias de folga se resume em ir ao fardo ou na praia.

Cheguei tão casando já que tivemos que andar sobre um lugar cercado de montanhas para não pagarmos o taxi, jantei e fui direto para a cama. Não tive nem tempo para postar no blog.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

11/11/10- O dia da independencia

Mais um feriado para nos alegrar e descansar um pouco diante de tanta correria que temos vivido. O dia de hoje é muito importante para os Angolanos. Nada funciona: comercio, lojas, escolas ou empresas. É dia de se celebrar a independência de Angola que esse ano comemora 35 anos de independênciade Portugal. Existe uma diferença muito grande do nosso 7 de setembro para o feriado angolano. A libertação de Portugal passa como um feriado e uma matéria obrigatória nas aulas de história para o Brasil. Para Angola é um fato muito recente onde muitos vivenciaram e até morreram pela tão sonhada conquista de poder andar com as próprias pernas e se visto pelo mundo como uma nação livre. Por causa disso a festa em que é feita para o dia é grande. E mesmo depois de se desvincular dos portugueses o país passou por outra guerra civil, para saber quem iria comandar os angolanos, que duraram 27 anos. E hoje vivem a realidade daquilo que um dia foi um sonho. As marcas desse combate ainda estão muito claras para muitos cidadãos angolanos e as conseqüências cruéis ainda hoje são colhidas. Por outro lado o patriotismo e a fraternidade se tornaram laços estreitos que une cada pessoa.

Aqui na base foi um dia de descanso. Não existe coisa melhor do que acordar tarde! O único problema é que o calor está demais e quando isso acontece a população de moscas aumenta absurdamente. Creio que a população desses insetos é seis vezes maior que a população do país. Foi um dia de mudanças também, Marcos e Vivis se mudaram para o quarto que pertencia ao Canenda e a Mila, no quarto em que eles estavam hospedados ficará para um outro casal de missionários que se unirá a equipe e que no momento estão morando na base de Benguela. Enquanto eles não chegam eu e André ficaremos com todos os meninos da casa, que também deixaram os seus dormitórios, no quarto deles. Com os dois quartos vazios o Marcos tirou o dia para nivelá-los com cimento.

À tarde tive um tempo precioso de conversa com o Jorge. Desde o início dessa semana temos visto ele triste e quase não tem falado. No seu olhar existia um pedido de socorro. Aproveitando que ele estava lavando a sua roupa me acheguei e comecei a conversar para saber o motivo pelo qual se sentia assim. Com a voz bem tremula ele me disse que sentia triste por não ter uma família, por ver que todos que estão a sua volta mesmo não tendo pais têm tios e tias que podem comemorar o fim de ano juntos e passar a férias de janeiro. Ele não tem ninguém já que seus pais morreram quando era pequeno. Eu não sabia o que dizer diante de toda essa situação. A única que eu podia falar naquele momento era para que ele não parasse mas prosseguisse. E doloroso ouvir histórias como essa. O que está em nossas mãos temos feito para poder ajudar não só ele como os adolescentes que moram aqui. Como disse essa semana, três deles estão impedidos de continuar os seus estudos por não terem documentação.

Segundo o Caneda para se tirar os documentos necessários precisa-se pagar $ 50 (cinqüenta dólares) valor que estamos tentando levantar para antes de irmos de volta para o Brasil vermos eles como cidadãos oficiais de Angola.

Eu sei que talvez é muita ousadia pois estamos com o projeto para o fim de ano das crianças, queremos fazer a documentação dos jovens e abraçar mais outros projetos que temos elaborado, mas queremos sair daqui com dever cumprido de que fizemos algo nesse lugar.

Para relembrar: as fotos das crianças já estão no meu Orkut e no Facebook. Eu não consegui mandar o anexo para os contatos do meu email, mas creio que estarei fazendo isso até amanhã. Poucas pessoas se candidataram a ajudar. Queremos que todas sejam adotadas. O valor que foi estipulado é muito pequeno diante do preço de roupas e lanchonetes em que gastamos o nosso décimo terceiro. Se você pode, ajude e faça também diferença para outras vidas.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

09/11/10 Um abraço e um obrigado

Os dias de se encerrar o trabalho com as crianças já está se encerrando o que faz o meu coração se apertar de tanta saudade. É engraçado ver como estou apaixonado por elas. Nesse fim de semana aconteceu algo inédito que foi torcer para que a segunda viesse para estar na companhia delas. Na sexta será o nosso último dia de aula. Para completar essa semana teremos um feriado em comemoração aos 35 anos de independência de Portugal. Por um lado será bom pois será um tempo de descanso por outro será ruim que não estarei na junto com os pequenos. Como eu disse o ano letivo aqui em Angola termina muito cedo. Muitas escolas daqui já estão com as suas portas fechadas, voltando a funcionar somente no ano que vem. Depois de sexta só os encontraremos na festa de acontecerá no mês que vem. Por falar nisso, a campanha para o fim de ano já está no meu Orkut e no Facebook. Eu tentei postar no blog, mas não consegui, pois o documento está em PDF. Mas você que me tem no Orkut poderá já ver o rostinho de cada uma delas.

Hoje avançamos mais duas letras do alfabeto, faltando apenas mais 4 para chegar a letra Z. De manhã só foi eu e André. A Jessica ficou com a responsabilidade do almoço já que a Dionisa não estava bem e o Marcos e a Vivis foram ao centro da cidade para dar entrada em nosso visto. Foi bem tranqüilo o período da manhã. Todos os dias eles nos abraçam, tocam e querem brincar conosco, uma coisa que me marcou muito no dia de hoje foi um menino chamado Salomão. Ele é muito atencioso nos estudo e um garoto muito obediente. E toda vez que ele nos ver sempre vem com os braços estendidos para receber um abraço. E eu sempre gosto de abraçá-lo porque ele sempre me abraça com força e fica horas como se estivesse sugando todo o amor necessário para ele. Hoje ele agiu da mesma forma, mas na hora em que me largou, olhou para mim e disse: “obrigado”, virou e foi embora brincar com os seus outros amigos.

Depois do almoço, momento de lavar roupa. Ainda bem que temos lavado a nossas roupas na máquina do Marcos usando outro gerador que nos foi emprestado. E no fim em que terminamos, a água terminou. Então sabia que no fim da tarde teria que buscar água no poço.

Já estávamos a um tempo planejando fazer visitas domiciliares as famílias das crianças. Hoje foi o nosso primeiro dia e nossa missão era visitar algumas casas para podermos entregar e instalar os mosquiteiros que foram doados para as crianças. Foi somente eu e o Caneda, pois o André e a Jessica tiveram que ficar no projeto. Boa parte das casas daqui é feita de barro, todas muito simples. E toda casa que entrávamos eu me surpreendia com a limpeza e a organização. Eu fiquei até envergonhado já que o meu quarto está uma bagunça. Quando saímos da terceira casa o Canenda me disse o motivo de toda a arrumação era por causa de nossa visita. Um dia antes ele tinha avisado que iria no outro dia.

À tarde foi um momento de decepção. Estava planejando de passar o natal aqui. Iria fazer um esforço para pagar outra renovação de visto e a diferença tarifária da passagem aérea. Falei com a minha mãe e ela ligou do Brasil para o empresa aérea, colocou o telefone no viva-voz e eu conversando com a atendente pelo computador. E para minha surpresa os vôos para o fim do ano já estavam lotados e se eu quisesse tentar outra data ou uma desistência teria que pagar o valor de $450,00 (quatrocentos e cinqüenta dólares). Um absurdo de caro! É metade do valor de uma passagem promocional de ida e volta para Angola. Então tiver que aceitar a idéia de voltar para o Brasil no dia 10 de dezembro.



Até amanhã.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

08/11/10 Sem parar, sem cessar, sem vacilar

Como tenho corrido nesses últimos dias! Pensando que o dia seria de descanso por conta do último fim de semana mega-super-ultra corrido tive um dia super cheio. Mas antes de descrever como foi o corre-corre deixa eu abrir um parênteses para contar sobre como foi o AdoraCamp.

Como tenho falado nos últimos dias, fomos convidados a participar, trabalhar e ministrar no acampamento que aconteceria na base de Benguela. Para mim seria algo bem simples com apenas alguns participantes, mas descobri que nenhuma atividade cristã em Angola o público será pequeno, poderão chegar atrasados, porém não faltarão. Por falar em atraso, creio que os Angolanos nos superam em relação a atraso. Aqui eles podem chegar a 12 horas! Por exemplo: É raro ver uma programação se iniciar no horário estabelecido por conta do atrasar. E quando são questionados sobre a demora eles dizem: “Isso é Angola”. E com essa desculpa se justifica qualquer tipo de atraso. Então o que era para se iniciar às 19 foi começar às 21:30. A preletora foi uma pastora carioca que já está aqui há 4 anos. No primeiro dia foi bem precioso para conhecermos os participantes que vieram de diversas igrejas da região de Benguela e Lobito. Foram em média 100 jovens que estavam presentes nos três dias. E todos os dias o estudo que terminaria às 22:00 terminava às 23:30. Tínhamos que correr para o lugar onde estávamos dormindo, pois o gerador se desligava às 0:00. Às 6:00 todos tinham que estar de pé para o momento dos exercícios físicos. E que corrida longa era feita. Eu fiquei só assistindo, não tinha pique, mas os angolanos... Meu Deus! Que ânimo era aquele?!

No sábado à tarde foi um tempo para os grupos pequenos. Eu fiquei responsável com o tema submissão e obediência. Foram duas horas de estudo com muito bate-papo onde pude conhecer a realidade e as dificuldades que muitos jovens daqui passam.

À noite foi um momento de música. Três horas de adoração. Enquanto eu pensava que eram músicas lentas o momento foi de muita animação com as músicas animadas daqui. Era dança, muita dança. E eu tive que entrar no ritmo. Eu não dançava assim há muito tempo, mesmo sendo um pouco duro para dançar. Resultado disse: no outro dia acordei todo dolorido. Aqui a dança e a música são inseparáveis. Para nós brasileiros também é inseparável, mas o dança sempre tem um apelo sexual muito forte. Aqui nas igrejas os angolanos mexem todo o corpo, rebolam, mas tudo de forma natural porque o corpo é extensão da canção que cantam.

Domingo. Ah, o domingo! Eu que pensava que seria um dia mais tranqüilo por ser o último dia, engano meu. O dia se iniciou com uma caminhada de oração que começou às 6 da manhã, logo após, culto depois do culto um reunião com o meu grupo pequeno, almoço, preparativos para o culto e da formatura e no fim a formatura do curso de Louvor e adoração que foi ministrado nos últimos dois meses em uma igreja local e o culto de encerramento do acampamento finalizando às 18:00 horas. Cansados, nos despedimos das muitas amizades que fizemos e retornamos para o nosso lar. Chegamos aqui e eu ainda tive que terminar o trabalho com as fotos já que o nosso prazo está estourado.

Hoje, 6:30, intercessão.

Uma das nossa petições tem sido pela documentação dos adolescentes que estão aqui. três deles não estão na escola por não terem registro. Boa parte não tem família e nasceram no período de guerra não há nenhum documento para fazer as coisas necessárias de um cidadão. Jorge é um jovem de 18 anos que perdeu o seu pai na guerra e aos 7 anos foi viver na rua por conta do falecimento de sua mãe. Sofreu muito na rua e escapou muitas das vezes da morte sendo encontrado pelo líder do projeto que o adotou e o trouxe para morar aqui. Hoje quer uma oportunidade para estudar e conseguir um emprego, mas está impedido, pois não tem nenhuma documentação, ou seja, legalmente ele não existe. Segundo os custos, tudo isso custará 90 dólares e é preciso levantar mantenedores para que Jorge, Dionisa e João tenham oportunidade de estudarem e crescerem na vida.

domingo, 7 de novembro de 2010

07/11/10 Peixe Grande

O acampamento acabou! Graças a Deus que foi uma benção. Trabalhamos bastante e estamos muito cansados. Amanhã prometo que contarei tudo.

Ah, quero agradecer pois o número de visitas no blog tem crescido. Fico feliz por isso.

Hoje vou deixar o post por conta de mais duas cartas do meu pai. Que elas possam servir para você também:


PEIXE GRANDE E SUAS HISTÓRIAS MARAVILHOSAS


Ed Bloom ao sair da sua cidade com seu amigo Karl, o gigante diz o seguinte:


-“Você acha que esta cidade me muito pequena para um homem de ambições tão grandes como as minhas?


Eu adoro cada canto deste lugar, mas eu sinto que seus limites se fecham em direção a mim.


A vida de um homem só pode crescer até certo ponto num lugar como este”






“Alegria de minha vida”, no Reino de Deus um missionário tem que ser ambicioso em ganhar almas, todo lugar tende a ser pequeno, Ed Bloom tornou-se um contador de histórias, pois viveu muitas aventuras.


Parabéns! Pois sei que muitas histórias de suas aventuras serão contadas por você, estamos ansiosos por ouvi-las!






Beijos, do homem mais rico do mundo

sábado, 6 de novembro de 2010

06/11/10

Não tenho como cumprir o que falei ontem. Está impossível de parar para escrever as experiências que tenho vivido aqui. Só para vocês terem uma idéia fomos dormir às 0:00, acordamos as 6 da manhã e agora que consegui um tempo para escrever. Daqui a pouco volto para o batente. O engraçado que os angolanos não se casam!!!!!! Meu Deus, quero a receita desse Biotonico Fontoura!

Até mais

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

05/11/10 Sendo rápido

Hoje vou ser rápido pois a bateria do meu computador já está acabando como também já é quase 0:00. O dia hoje foi bem corrido fazendo o trabalho das fotos e agora estamos em Benguela no AdoraCamp. Está sendo uma benção. Espero poder ter tempo amanhã para postar os detalhes do acampamento.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

04/11/10 Pura transpiração

Na minha época de faculdade, eu tinha uma professora de literatura Brasileira que dizia que para um escritor escrever um livro ele precisa de 1% de inspiração e 99% transpiração. Agora eu vejo o quanto isso é real porque eu sou mais transpiração do que inspiração. O calor não está me inspirando, mas me fazendo suar muito. Desde ontem o clima está muito quente aqui. É normal o sol forte, contudo ele sempre vem acompanhado de um vento refrescante, fato que desde a manhã de ontem não está acontecendo. O bom que ainda temos água o que nos permite tomar mais de um banho por dia, porém não sei até quando isso durará já que pela manhã o nível do poço estava bem abaixo do normal. Nem as crianças que são resistíveis ao calor forte estão agüentando fazendo com que se refugiem nas escassas sombras que existem fora da escola.

Hoje pela manhã foi bem tranqüilo com elas. Juntamos as oitenta em uma sala e ensaiamos outra música com eles. Foi muito difícil no início já que eles estavam com dificuldades para conseguirem cantar no ritmo do cd. Eu e Jessica sempre ensinamos a eles primeiro a música, depois a cantar sem o cd e só no final deixar o cd tocar. Porém temos percebido que isso não tem dado certo já que o andamento da música do cd é bem mais rápida do andamento que ensinamos. Então aos poucos vamos aprendendo a melhor didática para ensinar as músicas que é algo que eles amam. No momento que estava para terminar o período da manhã soubemos que uma das cozinheiras que trabalham voluntariamente no projeto não compareceu e por tal fato ter acontecido tivemos que mandá-las mais cedo para casa para que elas pudessem se alimentar em seus lares. Fiquei muito preocupado com todas elas porque muitas só se alimentam no projeto. Por conta disso o turno da tarde foi cancelado.

À tarde aproveitamos o horário que estava livre para prepararmos o estudo que faremos no AdoraCamp que começará amanhã. Cada um de nós irá facilitar um estudo de tema específico feito em grupos pequenos. Eu fiquei com o tema submissão e obediência. Amanhã só estaremos com os pequenos pela manhã, depois almoçaremos e logo seguiremos para a base de Benguela para ajudar nos preparativos da abertura que iniciará à noite. Dois dos adolescentes daqui da casa também nos acompanharão no acampamento. Deus os abençoou com o valor do acampamento.

Semana que vem será nossa última semana no projeto. O ano letivo se encerrará no dia 12 só retornando as atividades educacionais só no ano que vem. Depois disso só veremos as crianças na festa de fim de ano que a base realizará. O meu coração está bem apertado. As fotos já estão prontas e amanhã estarei postando aqui no blog.

Se você estiver interessado em adotar uma criança para o fim do ano é simples:

• Escolha um criança no nosso álbum de fotos

• A adoção será no valor de $10 (dez dólares) ou R$ 18 (dezoito reais) e poderá ser depositado no Banco do Brasil*

• Após, nos envie um e-mail confirmando o seu depósito e o nome da criança que você será padrinho.

Adote uma criança e traga alegria a um coração. Você que tanto se questiona em como ajudar o mundo tem em suas mãos agora uma oportunidade. Seja uma semente de esperança.



Até mais!



*Conta para depósito


Banco do Brasil


Ag: 0764-1


C/P: 30994-X


Viviane Ladwing

03/11/10 Em poucas palavras

Que dia cansativo que eu tive hoje! O André não acordou bem. Estava gripado. O sol estava queimando já cedo como se já fosse meio-dia. Às 6:30 estávamos como se tivesse um peso nas costas para ir para o momento de oração. Terminada a oração, “mata-bichei” e segui para o projeto com as crianças junto com a Jessica. Me senti como se tivesse no deserto do Saara no caminho para lá. No turno da manhã avançamos mais duas letras no alfabeto. Faltam pouco para concluirmos o abecedário. Mesmo assim tive que ministrar a aula com dificuldade tamanho era o meu cansaço. Ao retornar para casa o André estava melhor, depois que a enfermeira Jessica deu alguns remédios para gripe. Quando ele melhorou foi a minha vez de ficar com uma forte dor de cabeça que me fez ficar deitado até o horário de subir novamente para o horário da tarde. No término do turno eu já estava bem melhor. Acredito que isso aconteceu por conta do clima que estava muito quente e sem vento.

Conseguimos terminar as fotos e até sexta estarei postando no email e no site.

Amanhã estarei postando novidades.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

02/11/10 Um dia de fardo

Eu acho que o único dia do ano que morto faz alguma coisa é no dia de finados justamente por se ter um feriado só para eles. E como eu estou vivo e muito bem vivo decidi aproveitar o dia de hoje para me alegrar o maior dom que Deus me deu que é a vida. Desde ontem está chovendo em gotas bem fininhas e ventando como uma leve brisa, mas hoje o quarto estava um forno o que me levou a levantar mais cedo frustrando o meu plano de acordar bem mais tarde do que o que tinha planejado. Eu olhei para o lado e deu pena do André: o rosto dele estava brilhante de tanto suor.

Como o dia era de folga e não tínhamos atividades com as crianças aproveitamos para descansar já que no fim de semana não paramos e no próximo fim de semana será bem intenso com as atividades do AdoraCamp. Aproveitei para ler bastante e ficar deitado. Depois o Marcos bateu na porta e me chamou para ajudar a lavar o carro. Eu não gosto de lavar carro, mas aproveitei a oportunidade para passar um tempo com o Marcos. Foi rápido lavar o carro, mas foi importante estar com ele para conversar, jogar papo fora. O que era uma atividade entediante se tornou animada.

Nos conhecemos desde quando fui para Ponta Grossa para fazer ETED mas quase não conversávamos. Os momentos em que eu tinha para sentar e bater um papo tanto com ele quanto com a Viviane eram raros por conta de toda a correria da escola. Agora estamos juntos aqui em Angola estando sob a liderança deles. E tenho me admirado com a forma que esse casal jovem leva com tanta seriedade esse trabalho como também na direção da nossa equipe.

E como o relacionamento influi nas nossas decisões, como é importante para qualquer trabalho, essencial para o crescimento humano e construtivo no relacionamento com Deus. Evangelismo e missões andam juntos com a palavra relacionamento. O maior legado que Jesus construiu e deixou para as pessoas foi através do seu relacionamento. A prostituta, os marginalizados, doutores da lei e autoridades puderam enxergar quem era o Messias como ver quem eram e o que precisavam para alcançar uma vida plena. Uns aceitaram, outros rejeitaram, porém todos conheceram seu plano através do relacionamento com o Filho de Deus.

E como tenho me alegrado com os relacionamentos que temos construído aqui. Marcos e Viviane tem sido um grande apoio para mim como cresço quando me relaciono com os angolanos daqui. Creio que deixarei muito de mim aqui e levarei muitos pessoas no meu coração nessa ligação que temos feito uns com os outros.

À tarde fomos à praça conhecê-la. E quando falo praça, por favor, apague o conceito de um lugar com um coreto, chafariz, brinquedos para crianças e barraquinhas organizadas. Aqui é tudo um aglomerado só. Se encontra de tudo e se vende de tudo. Onde gostaríamos muito de comprar e só hoje tivemos oportunidade foi ir aos fardos. Fardos são grandes lotes de roupas que geralmente vem da Europa e são vendidos aqui por um bom preço. Existe muita coisa boa, no entanto é necessário procurar e pedir desconto (como eu falei angolano acha que branco é rico cobrando bem acima do preço). São montanhas de roupas jogadas e amassadas que você encontra. Logo que eu vi me deu uma vontade de me jogar igual nos programas infantis da minha época quando se sorteava uma carta. E foi o que fiz. Cai dentro para encontrar alguma coisa boa para mim. Por fim comprei uma calça da Adidas de tactel e um casaco da Puma por apenas 4 dólares. Tudo bem que não estava com etiqueta, mas estava novíssima. André comprou 3 camisas da Pólo por 6 dólares e uma sandália Crocs com etiqueta e tudo por 3 dólares. Aproveitei também para comprar roupas típicas para levar de presente. Por isso que todos os Angolanos se vestem muito bem e só com roupa de marca. É difícil ver em Angola alguém mal vestido bem diferente do Brasil que só se veste bem quem tem muito dinheiro. Engraçado é ver as pessoas que atendem parece que já te conhecem há anos e só te chama de amigo. Exemplo:



Atendente: Amigo é 200 kuanzas

Comprador: Ah, amiga é muito caro. Me dá um desconto

Atendente: Está bem amigo, faço por 150 kuanzas



Hoje também estamos de mudança. O casal de Angolanos está se mudando para outra casa que foi construída na base para a família deles e eu e André provavelmente estaremos indo para outro quarto.

Até amanhã,

Na fé.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

01/11/10

ÓBITOS



Para maioria das pessoas a segunda-feira é encarada como o dia mundial da preguiça. O corpo pediu um pouco mais de cama, mas às 6:30 já tínhamos que estar de pé para o nosso momento de oração com os líderes da base. As segundas e quartas reservamos esse tempo para orarmos pelas necessidades da base como as pessoais. Um dos pedidos que foi feito pelo Canenda (líder da base onde estamos) foi para o dia de amanhã. Aqui em Angola, assim como no Brasil, é feriado de finados. As pessoas separam esse dia para visitar túmulos e cemitérios. E aqui em Angola incrivelmente muitas pessoas que vão aos cemitérios morrem inexplicavelmente e ficam por lá mesmo.

O número de óbitos (como é chamado quando alguém morre) é muito grande e muitas das mortes acontecem de forma inesperada e sem explicação. É comum toda a semana ouvirmos que algum morador próximo morreu. Em uma casa das redondezas, em menos de um ano, cinco pessoas vieram a falecer. E quando alguém morre é cultural todos os familiares arrecadarem dinheiro de todos os tios e padrinhos para no funeral oferecerem bebidas e comida para todos os presentes e sempre compram em grande quantidade como a melhor marca de bebida e comida.

Uma das crianças que estuda aqui no projeto é conhecida por todos os seus familiares e amigos como “azarado”. Quando a gente chegou não entendíamos o porquê do seu nome. Mais tarde, perguntado para Viviane soubemos que todos os seus irmãos haviam morrido e ele foi o único que sobreviveu às mortes que ocorreram em sua casa. Agora temos um grande desafio para mudar esse quadro e ensinarmos a todas as crianças que o seu nome é Domingos Elias.



O TRABALHO COM AS CRIANÇAS

Segunda é um dia em que as crianças costumam ficar muito agitadas porque no fim de semana fazem o que querem e na segunda têm que se readaptarem aos horários do projeto. É um dia em que ficam muito agitadas... é um dia que a Jessica também costuma mandar muitas de volta para casa (rs). E neste dia incrivelmente foi tudo diferente. Como amanhã é feriado decidimos fazer atividades descontraídas. Usamos um dos fantoches e trabalhamos o tema perdão. E no momento em que eu e Jess estávamos falando sobre o tema senti fortemente o Espírito Santo ministrando a cada coraçãozinho que estava presente naquela sala. Foi uma experiência diferente dos demais dias de trabalho. Depois cada um foi para sua sala e pintou. Terminado o turno da manhã permanecemos para poder brincar um pouco com elas. Ah, como já tenho sentido o peso no meu coração quando for embora. É engraçado como as nossas vidas mudaram por causa desses pequenos. O André que na última semana quase não compareceu ao projeto para resolver as questões do site e das fotos, na manhã de hoje parecia outra criança brincando com eles. Às vezes eu fico torcendo para chegar o dia para reencontrá-los. É bom amá-los. É agradável se sentir amado por eles.



BRASIL

Hoje logo após o término da oração fui correndo ao computador para saber notícias do meu país. Em letras garrafais o site dizia “Dilma, nova presidente do Brasil”. Não digo nada... prefiro orar. Fica os votos para que o nosso pais cresça e amadureça no verdadeiro conhecimento. Que esse novo ciclo seja tempo que os filhos da luz se manifestem e fiquem de guarda para qualquer ameaça que se levantar contra os princípios de Deus.

Que o Senhor dê sabedoria a presidente do Brasil, que o Senhor desperte os meus irmãos brasileiros...





Bom feriado na presença do autor da vida!


domingo, 31 de outubro de 2010

31/10/10 Responsabilidade 0

Como comentei ontem no blog, hoje estaríamos ministrando no culto das crianças. E para começar o dia tive que acordar cedo para passar a minha roupa. Um detalhe: a roupa não é passada no ferro elétrico e sim em um ferro com um compartimento para se colocar brasa quente ou então esquentando no fogão. Na noite anterior a minha tentativa foi frustrada, pois na hora em que passava o ferro abriu e derramou carvão na minha camisa. Então tive que pegar outra para passar logo pela manhã. No momento em que seguiria para “via cruci” do ferro o André me disse que tínhamos apenas quinze minutos para se arrumar, pois o carro que iria nos buscar em pouco tempo já estaria no ponto que foi determinado. Só uma explicação, só viemos saber que a programação estava confirmada poucos dias atrás e o horário que iriam nos buscar seria às 8 e só hoje descobrimos que nos buscariam às 7. O culto na igreja congregacional se iniciaria às 7:30, mas depois de tanta correria, abotoando a camisa amassada no caminho e sem tomar café, chegamos no horário, mas o culto só se iniciou às 8:15. E para completar tive que ir de roupa social, coisa que eu não gosto. O culto se iniciou com um grande coral cantando para a igreja de 1.500 membros aproximadamente, mas a congregação era diferente da última igreja que fomos. A dinâmica do culto já era mais formal com momentos para se sentar e outros para cantar comportadamente. Participamos da introdução do culto, que no dia de hoje era especial por se comemorar o dia da reforma protestante, e seguimos para culto infantil onde faríamos uma apresentação com fantoches. Iríamos usar todos os personagens (Melissa, Maneco, Leka e Fred), mas por fim eu fiquei como o animador da criançada e a Jessica interpretando a Melissa. Ao chegar ainda ficamos uns 30 minutos para os líderes organizarem a sala onde as crianças ficariam como também nos auxiliariam para conseguirmos organizar o cenário para o fantoche. Por fim fomos para uma sala que cabiam vinte crianças que por fim tinham cento e cinqüenta. Não tinha mais espaço para colocar mais crianças. Gritei tanto que a veia do meu pescoço estava quase estourando. Na conclusão final foi um trabalho muito produtivo e as crianças fixaram bem o tema que foi obediência. O que mais me chamou a atenção foi que o culto infantil de lá é um culto. Tem ofertório e tudo!

No término do culto eu e André fomos para a base de Benguela para ajudarmos no ensaio do louvor do AdoraCamp que se realizará no próximo fim de semana. Jessica resolveu tirar a tarde para descansar. Antes, fizemos uma parada no supermercado para um lanche-almoço. Depois de tantas possibilidades acabamos comprando sanduiches, batata-frita, frango assado e suco, ou seja, tudo saudável (rs). E como aqui em Angola não existe praça de alimentação sentamos no chão e comemos tranquilamente enquanto as pessoas passavam e olhavam para nós como se fôssemos um monumento artístico.

Fomos para a base bem mais cedo do que o combinado. E o calor estava forte. E como fomos direto da igreja colocamos nas nossas mochilas roupas leves. Quando chegamos à base fomos logo tomar uma chuveirada. O banheiro simplesmente era a céu aberto com apenas duas paredes entre o chuveiro. Deitamos nos chão para descansar um pouco (apesar do medo, já que essa base tem um número grande de escorpiões e dizem que de vez em quando aparece cobra venenosa).

Às 14:30, Julia, responsável pelo louvor e líder do acampamento que acontecerá no sábado ficou conversando conosco. Contou das suas experiência no Brasil e como sua visão sobre adoração foi mudada depois de descobrir que adoração não era um ritmo e sim um estilo de vida. Tecnicamente o ensaio começaria às 15:00, mas por fim as pessoas que tinham que vir chegaram às 16:00. Um problema no som adiou por mais trinta minutos nos levando a iniciar às 16:30. Nós tínhamos que sair às 17:00 já que estávamos sozinhos e no domingo o número de transportes diminui bastante.

No ensaio pude ver a necessidade que os angolanos têm para se profissionalizar em um instrumento. Não existem escolas de música aqui nem ministro de música qualificado nas igrejas. Então muitos tocam com o pouco que sabem. A Julia ainda colocou duas músicas novas para cantar no acampamento que começará na sexta. Ajudamos com o pouco que sabíamos e logo tivemos que ir embora. Veremos o resultado do que dará na sexta que se iniciará o acampamento. Eu, André e Jessica estaremos indo para lá só retornando no domingo e ainda estaremos ministrando temas específicos sobre o tema “Nunca pare de adorar”.

A cada domingo que passa me espanto com a necessidade desse país. O que para nós é algo normal para eles se torna uma necessidade muito grande. Sem contar grande parte do que é feito nas igrejas é elaborado em cima da hora, quando não atrasados.

Temos que mudar essa situação...