Nesse momento o meu relógio bate 12:00 em ponto. Acabamos de chegar da igreja onde eu tive uma experiência marcante e que fará parte de um dos capítulos da minha história. Como falei ontem hoje, iríamos ministrar em uma igreja da região. Cada um iria para uma igreja. André foi para a sede, Viviane ministrou a palavra em uma congregação acompanhado do marcos e da Jessica e eu fui para outra congregação, não tão longe da igreja que foi o nosso ponto de encontro. Como sempre a nossa saída foi em meio a uma correria. Eu com a camisa para fora, as calças com a boca para cima para não pegar a poeira que sai do chão e ajeitando a gravata que o Marcos tinha me ajudado a pôr.
Logo que cheguei um jovem que pertencia à igreja onde a Viviane iria pregar me levou de moto para o lugar que era o meu destino. Cheguei a uma igreja muito simples onde a congregação era dividida em homens, mulheres, jovens e crianças. Cada um tinha a sua fileira específica. Quando cheguei já estava acontecendo um estudo com os homens em umbundo um dos dialetos falado aqui em Angola. Terminado o estudo, o culto começou. Agora eu descobri que isso é comum em todas as igrejas: antes de começar o culto o grupo de jovens e mulheres saíram e entraram novamente na igreja em fileira dançando e cantando na língua nativa. Porém antes de se iniciar o evangelista que estava dando o estudo conversou comigo que aquele era um mês comemorativo das mães e que o tema era “tempo de trabalhar”. Depois que o culto tinha começado eu perguntei se em angola era o mês das mães como em maio é no Brasil. Ele me disse que era parte do calendário da igreja e que não era uma comemoração nacional. No decorrer do culto vim descobrir que as mulheres são chamadas de mães, os homens de pais, ou seja, era o mês das mulheres. Como eu não sabia, tinha preparado uma mensagem completamente diferente do que estava proposto para a igreja. Ele disse que eu poderia ficar a vontade, mas vi pelo seu rosto que a igreja precisava trabalhar esse tema. Percebi que era hora de Deus trabalhar em minha vida pois não sabia o que falar e não sabia o que fazer e para completar a situação a pregação teria tradução simultânea em umbundo.
O momento do louvor foi a coisa mais linda. A pequena congregação, de pessoas simples que talvez nunca tenha freqüentado os grandes seminários de louvor e adoração ou tenha feita um seminário começaram a cantar em sua língua: olhos fechados, mãos levantadas e uma sinceridade que se sobre saía nas vozes que se uniam e formavam um lindo coral de vozes harmonizadas que começava a apresentar um louvor que surgia de corações grato. Eu não entendia nada, mas a unção que estava naquele lugar se traduzia para mim como uma adoração a Deus. Parecia que naquele momento Jesus voltaria, parecia que os céus se abriram e caia chuva sobre todos os que estavam ali. Depois de um momento de oração com toda a igreja concordando foi o momento das mães oferecerem a sua canção a Deus. Todas se levantaram na ala onde estavam e uma começou a puxar uma música e logo acompanhada por todas que estavam com ela. Por vezes as vozes pareciam um furacão com uma grande força, por outra suave como se cantassem para um bebê: era lindo.
Chegou o momento da pregação e eu comecei agradecendo a Deus pela oportunidade de estar ali. Contei o quanto foi difícil pisar no país, quantas lutas enfrentei e por vezes eu pensava que isso nunca aconteceria, mas eu estava ali e ver toda igreja foi promessa de Jesus cumprida em minha vida. Na hora em que falava aquilo que eu tinha preparado fugiu completamente fazendo com que a pregação tomasse um direcionamento diferente. E eu pensei que fosse fácil pregar com uma pessoa traduzindo, mas para mim foi difícil porque eu falava, e ao invés de continuar, ficava prestando atenção no que ele falava, rs. Eu comecei falando do plano que Deus tinha para humanidade, que na criação do mundo e do homem ele trabalhou e toda sua obra foi feita em perfeição, mas por conta do pecado fomos corrompidos e que Jesus veio para nos trazer a salvação e nos tirar da condenação que estava imputada sobre nós. Em todo o seu plano houve trabalho, um trabalho que tinha uma missão que deveria ser efetuada e nós, como sua igreja devemos fazer o mesmo trabalhando para que esse reino cresça e alcance os perdidos.
No fim o tradutor que estava ao meu lado me pediu para fazer um apelo para quem gostaria de aceitar a Jesus no seu coração. Na hora uma voz timidamente começou a cantar uma outra música em português que falava do amor de Cristo e toda a igreja em pé seguiu cantando. Duas pessoas, para glória do Senhor, levantaram as suas mãos desci e abracei um deles e orei pelos dois.
Terminei a pregação e o homem que tinha me levado já estava na porta para voltar para a igreja onde a Viviane estava pregando. Me despedi da igreja e falei que voltaria para estar com eles.
Agora é 22:45 e eu já estou me preparando para dormir, mas antes gostaria de relatar a conversa que tive com Jojo, Zé, Nelson, Nanci e Jorge, adolescentes que moram aqui conosco. Perguntamos se eles eram batizados e todos disseram que não eram. Eles nem sequer sabiam o que significa batismo que ficou a encargo da Jessica de explicá-los. A maioria deles contou nos dedos quantas vezes foram a igreja.
Termino dizendo o tema que está sendo trabalhado na igreja que fui hoje: “É tempo de trabalhar”
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