Há mais de uma semana não escrevo. Senti muita falta de escrever, mas quando ia me preparar para colocar os meus dedos na tecla do computador não conseguia, ou por falta de tempo ou simplesmente pura falta de inspiração. Os últimos dias aqui em Angola foram difíceis. A despedida não é fácil. É difícil você conviver com uma cultura, se imergir, fazer parte dela e depois abandoná-la e simplesmente se ver como um cidadão do nada até porque agora eu tenho que me readaptar a minha própria cultura. Foi penoso dar adeus às crianças, apesar de não termos feito isso com todo o grupo para que não sofrêssemos e nem elas. Os poucos que fiz foi a base de muitas lágrimas. O Geraldo quando soube que eu ia embora me abraçou fortemente e disse: “Fica conosco”. O que dizer diante do pedido de um menino. E os últimos dias foram também de muito stress já que fiquei nervoso por não conseguir fazer tudo o que tinha para fazer. Na quarta-feira, antes de partir para a Luanda, o Canenda se reuniu conosco e falou do quanto tinha sido importante a nossa estadia naquele lugar. Segundo ele, pessoas de lugares distante de onde estávamos souberam das obras sociais desenvolvidas como também do trabalho evangelístico que foi realizado na quarta-feira. Enquanto ele falava surgia na minha mente quantas pessoas que entenderam a causa desse trabalho e me apoiaram na oração e financeiramente e saber que eu não estou sozinho, mas que existem muitas pessoas por trás desse trabalho que me seguravam, me apoiavam e me mantém de pé através da oração no momento em que pensava que não iria conseguir.
No aeroporto
Quem disse que Angola quer me deixar? Depois de nove horas de estrada na ida de Lobito para Luanda e tendo que conviver com constantes paradas do ônibus para que as mulheres pudessem descer e urinar no meio da rua com apenas uma pano cobrindo as partes íntimas (isso é algo normal em Angola). Na rodoviária um pastor foi nos buscar e nos levou para casa de outro pastor, mas quem pensa que foi um trajeto fácil, não foi. O trânsito da capital é pior que São Paulo e um trajeto que levaríamos vinte minutos, levamos uma hora e meia. Chegamos às 7 da noite conversamos um pouco um pouco com o reverendo e sua esposa e logo fomos dormi já que às 4 da manhã teríamos que estar de pé já que 5:30 tínhamos que estar no guichê da TAAG para despacharmos as nossa malas e confirmarmos o vôo. Quando chegamos a aeroporto enfrentamos um enorme fila e fizemos tudo o que era necessário para ficar na espera para entrar no avião. Antes de subirmos tive que passar pela polícia e entregar o que eu tinha de Kwanza porque é proibido levar logo que fizemos isso começaram os boatos que o nosso vôo seria transferido para as 12:00 não deu 30 minutos para que o boato fosse que a aeronave só partiria às 23:30 com possibilidade só para o outro dia. Nisso começamos a ficar preocupados pois estávamos sem dinheiro para sequer almoçar. Comecei a ficar nervoso já que as funcionárias não davam uma explicação concreta e quando viam que estava nervoso, debochavam. Eu fiquei nervoso, fui a guichê e comecei a discutir com a supervisora da empresa para que ele fizesse algo por nós, já que isso é uma obrigação da empresa. Por fim, fiquei nervoso, com o corpo tremendo por dentro. Logo depois vieram e falaram para nós para não ficarmos nervosos que o certo era ir com calma para conseguir o apoio da empresa. E foi isso que fizemos, foi essa a lição que tive nessa dia: não me estressar nos momentos críticos. Eu me esqueci de provérbios que diz que a “palavra branda aplaca o furor”. Por fim às 3 da tarde depois de horas correndo de um lado para o outrouma funcionária disse que estaria nos transferindo para um hotel para passarmos a noite e nos alimentarmos. Foi um grande milagre isso já muitas pessoas que trabalham aqui há anos disseram que nunca viram a empresa realizar tal fato.
Estavamos já com os nossos corações preparados para ir a um lugar simples e que ficaríamos todos amontoados em um só quarto. Quando chegamos e para nossa surpresa, ficamos cada um em um quarto separado: ar condicionado, banheira, televisão de plama. Para quem não via isso há muito tempo era tesouro.
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